O “ESPÍRITO” E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XXVI—
O “ESPÍRITO” E A TECNOLOGIA DA CRIAÇÃO —XXVI—
Os espíritos gramscistas pertencem ao mundo nonsense. É um mundo de contrassensos, com significados contrários à lógica. O mundo sem sentido da hegemonia cultural, como se toda a sociedade humana tivesse de aceitar, por obrigação, as manifestações de dominação ideológica soberana: a burguesia impondo a supremacia dela enquanto cultura de classe. Ignorando as sucessivas conquistas dos usos e costumes. A humanização das relações sociais das pessoas nos nichos das diferentes classes.
Esses personagens hegemônicos são protótipos da desumanização social. São os mesmo que, por detrás das cortinas em salas atapetadas, se escondem sombriamente daqueles que eles enganam e idiotizam na sala do sofá, com seus programas de humor e novelas de socialização cultural tenebrosa.
As ditaduras e os regimes totalitários, quer de direita quer de esquerda, desejam a dominação da sociedade da qual fazem parte. Não têm respeito à Constituição nem às instituições democráticas das quais participam. Abusam das atribuições parlamentares para criar leis que institucionalizam o assalto às verbas públicas (canalização de 5,7 bilhões para financiar campanhas partidárias).
Os exemplos atuais mais emblemáticos de supremacismo governamental são do ex-presidente americano, o Trumpqueiro e o seu mais fanático fã: o rei Luís XIV do século XXI no Brasil. Luís XIV afirmava: “o Estado sou eu”. O Bozo afirma: “sou eu quem mando”. Numa democracia quem manda é o povo ou, nominalmente, seus supostos representantes. O espírito do Bozo é monarquista??? Perguntar não ofende.
O rei Luís XIV (“o Estado sou eu”) era rei num Estado de espírito monárquico. O rei Luís XIV do Brasil (“sou eu quem mando”) se quer rei num estado de espírito dito suposto democrático. O primeiro mencionado habitava o palácio de Versalhes na França, onde a corte girava em torno dele, que se queria “Rei Sol”. Ele, o outro, tem sua corte planetária a girar em torno de si o Centrão de fiéis bajuladores e tocadores da Lira do delírio.
Bozo Luís XIV, queria demais e tentou estabelecer a dominação totalitária, convocando, através de diversas insinuações de falas dirigidas a seus apoiadores, que as FFAA deveriam apoiá-lo em suas pretensões de ditador de uma República do bananal tropical com sede no Palácio do Planalto. As FFAA insinuaram que ele deveria se dá ao respeito e esquecer que o país não havia regredido aos idos das águas de março de 1964.
Associar poder político, econômico, classes sociais abduzidas por ele, com colaboração das FFAA: Luís XIV, o Bozo brasileiro do século XXI não queria mais nada: só deitar na rede de tucum, armada entre dois apoiadores de extremidades, e ficar sorrindo para seus ministros como se a dizer:
— “Vocês estão vendo como se governa??? Nem preciso fazer mais nada, só me balançar. La-la-ri-la-la-ra”. Bozo olharia para Queiroga e diria: “senta meu querido que o leão é manso. Venha aqui acurar o meu descanso”. E Queiroga se aproximaria, caminhando lento, diria: “por que não, meu rei”???
Tudo sob o olhar aprovador do espirituoso ministro Guedes, da Economia do desemprego, da inflação, das PEC trambiqueiras dos traficantes de influências, do desmembramento do funcionalismo público associado ao ministério, da reforma administrativa sem nenhum impacto fiscal, com propostas que não passam por avaliação jurídica de técnicos e parlamentares. Guedes sorri ao lembrar que seus milhões de dólares estão a valorizar em paraísos fiscais, referências de lavagem de dinheiro do tráfico internacional de drogas.
O poder pelo poder que desejava o espírito do Bozo, o Luís XIV do Planalto, não seria uma maravilha??? E ele dormiria tranquilo, sonhando estar no tapete voador da proteção armada, sorrindo para os seus anjos milicianos e confiante que nenhum de seus ministros jamais ousaria sequer pensar em criticá-lo.
A essas alturas do basquete, a imprensa calada, os demais poderes acossados pelas armas, a reedição do Ato Institucional n° 5 seria apenas uma questão de tempo. Vai vendo Brasil. Vão sonhando ministros do Febo às avessas: contrário à luz, às músicas, a alta cultura, à poesia, à inteligência. E fanático detrator dos membros dos outros poderes. Avesso às urnas eleitorais que garantem uma apuração honesta dos votos. Por que o Bozo não governa sem trambiques???