Virando peças de museu!
A todo tempo me perguntando:
-Aonde iremos parar, meu Deus?
Será que ainda tem jeito, esse mundo?
Ainda temos jeito, nós?
Me sinto um garoto gaiato, perdido, perdido... Remando, remando...
Rumando pro nada, abordo de uma grande “nau”, chamada terra.
Absorto, e cada vez mais desiludido, com as “pegadinhas” e amarras,
sobrepostas como obstáculos de ondas furiosas, postas por nós e para nós mesmos,
ao longo dos descaminhos, nesse enorme e bravio oceano, que atende pelo nome de “vida real”!
-Aonde iremos parar? Volto a repetir e perguntar a quem possa...
Bem sabendo, ou desconfiando saber, do quanto e tanto de mal que nos cerca e espera.
Mas prefiro, ao invés de repousar, aturdido em berço esplendido, agir e reagir
de posse de uma ferramenta, que longe de machucar e ser ferina, e causar espanto...
Antes de melindrar e assustar, ...é dádiva e suavidade, pra todas as almas e corações;
...contemplação, magia, poder, graça e transformação interior
(pelo poder divino dos poemas)!
Me incomoda... Melhor, me sinto por vezes, sem forças e sem esperanças
no que podem e devem os homens fazer para reverter isso, enquanto há tempo!
Cadê as crianças puras do ontem? Cadê suas brincadeiras sadias e inocentes?
E cadê as, do hoje?
De quando saiam vestidos de alegria, portando debaixo dos braços, bolas murchas para rolar em areões,
nas ruas, chutando sobre gramas rasteiras, cheias de pega-pegas, espinhos de mato e picões!
...os cacos de telha quebrados, as chapas e pedras planas para atirarem nos papéis de cigarro,
Com dobraduras bem feitas, colocados ao centro de um círculo, a alguns passos dali
onde quem retirasse o maior número desses papéis era eleito, o vencedor!
Ainda poderia citar uma série sem fim de brincadeiras, como:
-Patas cegas, ferrolho, bandeira, ...esconde/ esconde, bonecas, bilboquês, bolinhas de gude e muito mais.
Coisas, que se hoje não estão totalmente obsoletas e em desuso, estão tão escasseadas, apenas verificadas
em cidadezinhas do interior e muito simples, mas já em processo acelerado de decrertar-se seu fim, por completo!
Sacanagens, descalabros, regressão espiritual e o que mais dizer de nossa realidade, como por ex...
.
-O estímulo adulto pelo culto insano às modernidades;
-O endeusamento aos algoritmos e curtidas, tão requeridas nas redes sociais;
-E o pior, a frieza e o desdém com que tratamos os nossos pequeninos,
nessa sanha adulta, malévola e maléfica que instiga e propõe sua precoce erotização,
favorecendo tornarem-se ainda piores que nós, num futuro bem próximo!
Sem mais e sem palavras para descrever esse fatídico momento, onde tudo de bom parece estar
virando apenas saudosismos e peças de museu!
Mas eu e muitos de nós, que sei que existem e que são muitos ainda,
não vamos (nunca), abrir mão de nossos versos e nem de nossos sonhos de paz!