COMENTÁRIO A REFLEXÕES DE TOM ZÉ

Amigo do Face e grande escritor Tom zé, sobre seu ultimo artigo com o título Reflexões, que também reflete pensamentos como em seus outros artigos gostaria de argumentar, para dizer alguma coisa principalmente sobre as afirmações

Em primeiro lugar, a qualidade de todos os seus escritos, na linguagem como Português, ou angolano, e eu que sou brasileiro, e sem contato que tive com o povo e linguagem destes povos destas nações, e leio como um Português do Brasil, com uma perfeição que se não soubesse de sua origem nunca teria duvida que é um brasileiro que está escrevendo, um brasileiro com muito cultura da escrita.

Quanto a sua postura é de um homem, como dizemos letrados, culto na arte da linguagem e da escrita, que demonstra claramente, ser um rebelde quando as organizações, e só alguém com bastante cultura e rebeldia tem esta quantidade de argumento para demonstrar seus pontos de vista de rebeldia.

Quanto a sua anti-religiosidade e as citações Fazendo fé nos pensamentos filosóficos de grandes pensadores como Nietzsche que dizia que a religião e deuses eram uma mentira, Karl Marx que eram o ópio do povo, Freud que era uma ilusão, Bloch que era uma utopia, e Sartre uma paixão inútil, todos eles tinham uma linha comum de pensamento que os torna únicos em tudo o que escreveram que não podemos ignorar, talvez possa afirmar que todos eles como você foram pessoas inteligentes, que acumularam grandes quantidades de cultura e dentro da rebeldia se tornaram filósofos críticos também das religiões.

Não é que fico “sobre o muro”, expressão que conheço em nossa linguagem de uma pessoa que não toma posição, procuro olhar os dois lados a dos descrentes e a dos crentes.

Na dos crentes muitas dessas pessoas são doutrinadas realmente; e como não tiveram oportunidade de serem instruídos, doutrinados na rebeldia destes clássicos citados, e sim pelas religiões, e como não tiveram tempo nem capacidade de aumentarem seus intelecto nos conhecimentos destes grandes gênios descrentes, e só conseguiram conviver com os doutrinadores religiosos se escravizaram na única doutrinação de conhecimento que tiveram acesso; não podemos esquecer que mesmos nos últimos 100 anos a maioria da população do mundo, mesmo da língua portuguesa e suas colônias, tinham numero de analfabetos entre 50 e 90% até, e a única inteligência de acesso que os mesmos tinham era um padre, um pastor, que “sabia das coisas”, por que sabia ler”, que conseguia tirar de um livro da sabedoria, que ele analfabeto, vivendo entre analfabetos, com uma única cultura verbal, local onde todos tinham pouco acesso a conhecimento.

Assim estes crentes, que não tinha vida social, encontravam nos templos e casas de orações duas coisas:- A primeira que acho importante, um lugar para socializar, ver pessoas, se reunir com outras pessoas, vizinhos e ainda ouvir pessoas que sabiam ler, e que endeusava um livro preto chamado bíblia, que havia sido escrito há dois mil anos, e reuniões estas lideradas por pessoas letradas, e em “terra de cego que tem um olho é rei”, assim aquela maioria analfabeta, tinha que ouvir aquela liderança que lá estava para doutrinar a massa, único acesso que eles tinham do mundo passado e do conhecimento escrito.

E não podemos ainda esquecer como nos livros de Tomas Cook, que descreve as obras da igreja católica no mundo, de que as religiões conseguiam reunir pessoas e conseguiam influenciar os governos e até em muitos lugares serem os governos e serem as administrações, em muitos lugares até pouco tempo, faziam as escrituras, os registro de nascimento e de óbitos no Brasil até 1916, era o único cartório de tais atividades e no Timor Leste até hoje, mesmo após a independência ainda é o único cartório de registro que eles tem para fazer registro civil das pessoas, são não só autoridades religiosas, mas também atividade de governo. E por conta destes poderes doutrinadores, conseguiam arrecadar recursos de ricos e de pobres e realizarem “grandes obras”, grandes templos, escolas, hospitais, grandes grupos e sociedades religiosas que de alguma forma beneficiava o povo dos lugares de influência.

Como não aceitar a doutrinação como analfabeto, em “terra de cego” quando algum com todos estes poderes de administração, de realização, que constroem, escolas, hospitais, grandes templos, estes sempre os maiores e nos melhores lugares dos centros urbanos, e os únicos lugares para atender toda a comunidade, comunidades estas que escravizadas pelas doutrinas tem para socializar, se beneficiar do aprendizado da leitura e dos conhecimentos dos tempos passados e presentes do local e do planeta terra e quiçá do universo.

Quem como nós eventualmente tivemos além destas organizações religiosas oportunidades de ganhar conhecimentos podemos nos dar ao luxo de ser rebelde e expressar conhecimentos além da doutrinação religiosa, mas estes escravizados só tiveram estes conhecimentos.

Conheço muitos que mesmo não sabendo ler, escrever, se preparava a semana toda para vestir um terno e gravata e colocar embaixo do braço “o livro sagrado, á bíblia”, para se dirigir ao culto do templo religioso, onde encontraria outras pessoas, onde se socializavam, onde ficavam sabendo das coisas da comunidade e onde ficavam sabendo através do líder religioso das coisas do passada da religião, de outros lugares do mundo, onde os profetas andaram.

Como negar que estas pessoas não conseguiam se rebelar contra estas doutrinas que estava tendo acesso, se nenhuma outro oportunidade tinham para outros conhecimentos, se nem alfabetizado eram.

E aí você conclui: - Já não corro como corria, nem salto como saltava, mas vejo mais do que via, sinto mais do que sentia nesta vida amargurada;

Então esta vida amargura, vem um pouco da falta de socialização comunitária, mesmo daqueles analfabetos não só da escrita, mas dos conhecimentos, que abaixo da doutrinação recebem mensagem do “ALÉM”, para terem esperança de um mundo melhor e diante disto se tornam crentes na doutrinação, e passam a terem esperança no futuro e com isto tudo e com a vida comunitária passam a “serem menos amargurados”.

O conhecimento é um universo infinito, quanto mais se tem, mais se enxerga e mais horizontes abre para enxergar, e mais se vê que tem que aprender, não tem limite os conhecimentos do universo. Assim para aqueles analfabetos o pouco basta, e para quem o pouco basta, não tem tempo para rebeldia e busca do universo infinito de conhecimentos que tornam muitos rebeldes doutrinadores da descrença dos Deuses.

Sempre cito uma aula de um curso de formação profissional, onde o professor monstra um circulo pequeno onde o sábio dizia a um índio que o pequeno circulo era o raio de conhecimento que ele índio tinha, e fazia um circulo maior onde mostrava o conhecimento que ele sábio tinha, e aí vem o índio e fazia um circulo ainda muito maior e mostrava para o sábio que ainda dentro circulo maior nenhum dos dois tinham aqueles conhecimentos.

Na verdade, ninguém sabe tudo, sempre haverá um universo de conhecimentos a se buscar se quiser buscar, para contestar ou não a vivência da humanidade.

Aqueles que como nós tivemos a oportunidade de angariar conhecimentos além da doutrinação única dos templos, podemos debater sobre um universo maior de conhecimentos como dos filósofos citados, citações reacionárias de rebeldia até, mas que mostravam que tinham idos além da doutrinação dos templos.

14.12.2021

REFLEXÕES TOM ZÉ PUBLICADA EM ESCRITORES DO MUNDO DO FACE

Felizmente sou um homem sem fé, apenas acredito em mim e nas minhas capacidades de fazer com a minha vida aquilo que muito bem entender sem a necessidade de depositar a minha fé em terceiros. Posso ter esperança, mas fé nunca porque esta é a total ausência de razão cerebral, a supressão do conhecimento e a negação voluntária da realidade. A Fé não passa da crença e convicção absoluta ou na veracidade de certos factos teológicos, graças à qual se acredita em revelações feitas por divindades expressas em livros sagrados das quais não existem quaisquer evidências. As pessoas hoje em dias são educadas e treinadas para competirem, para chegarem primeiro ou destronarem seus competidores sem pudores ou complacência atacando a jugular, pois quanto mais rapidamente neutralizarem o seu adversário, mas depressa ele deixará de constituir uma ameaça. Vivemos num combate permanente e surdo uns com os outros guerreando em vez de pacificar e de mutuamente nos ajudarmos. Somente pessoas fúteis e vazias buscam no exterior ilusões que preencham as suas necessidades físicas, espirituais, sociais e sexuais. Ninguém está livre ou proibido de bolsar ou pregar tolices e inverdades, o imperdoável é dizê-las solene e convictamente como se fossem verdades universais absolutas e indesmentíveis. Já alguma vez na vida teve o interesse ou a necessidade de parar para pensar na possibilidade de que tudo o que lhe foi dito e ensinado desde criança como verdades serem parte de uma sistema de manipulação mental para o escravizarem e manterem ignorante? Os meios de comunicação que uso que são os meus textos, têm forçado muito mais pessoas a pensar e a descrer religiosamente do que se tivesse usado uma espada. Com a minha pena tenho assinado a sentença de morte das religiões e deuses que proliferam por este mundo. Educação, treino e doutrinação podem tudo, até fazer ursos dançar e humanos a comportarem-se como animais de circo a recitarem baboseiras às ordens dos seus domadores. Quando finalmente depois de muito procurarmos saber qual a nossa missão no mundo e encontramos o nosso centro teremos também encontrado as nossas raízes e asas para voar. A minha longevidade ensinou-me de que quem não é feliz com aquilo que tem, nunca o será com aquilo que lhe falta. A grande maioria das pessoas vive entre dois mundos e dois alter egos, um mundo e alter ego são reais, são aqueles que habitam dentro de nós e que apenas mostramos a um número muito reduzido de pessoas, o outro é alegórico onde mora o Eu que mostramos às sociedades onde estamos inseridos. Existem 5 degraus para se alcançar a sabedoria; calar, ouvir, lembrar, agir e estudar. Os homens por natureza nascem amigos, fraternos e solidários, mas infelizmente as crenças, religiões, deuses, politicas e clube de futebol separa-os e converte-os em assassinos e terroristas. Fazendo fé nos pensamentos filosóficos de grandes pensadores como Nietzsche que dizia que a religião e deuses eram uma mentira, Karl Marx que eram o ópio do povo, Freud que era uma ilusão, Bloch que era uma utopia, e Sartre uma paixão inútil, todos eles tinham uma linha comum de pensamento que os torna únicos em tudo o que escreveram que não podemos ignorar. A humanidade tende a acreditar em tudo aquilo que menos compreende. Todos nós ao longo da vida fazemos solitárias e dolorosas travessias de desertos e não o fazemos como destino preferencial paisagístico. Desertos não são lugares para morar, mas sim para fazermos o luto e aprendizagem dos erros caros que cometemos na vida. Eu vivi mil vidas e amei mil mulheres, andei por mundos distantes proporcionando aos meus olhos visões inesquecíveis. Vi o fim dos tempos porque muito aprendi, me eduquei e li. Aprendi com Gabriel Garcia Marquez de que um homem só tem o direito de olhar um outro de cima para baixo para o ajudar a levantar-se. Se a liberdade significa alguma coisa, será o direito de dizer aos outros e ao mundo aquilo que eles não gostam ou querem ouvir pois podem contradizer as suas convicções. A desobediência é o verdadeiro pilar da liberdade. Os obedientes não passarão de escravos que de joelhos pedem a sua absolvição aos seus inexistentes deuses. Na vida serei sempre lembrado por representar todos aqueles que não tiveram a coragem de cometer todos os pecados que eu cometi mesmo contra todas as leis divinas. Ardo numa solidão dolorosa que me consome, sinto cada chama fazer de mim labareda, queimo nesse fogo que consome o meu silêncio e onde nem as cinzas arrefecem. Um dia em qualquer parte, lugar ou hora te encontrarás indefetivelmente a ti mesmo a ser supervisionado pela morte, e esse momento da tua partida para a eternidade poderá ser a mais amarga das tuas horas ao teres consciência da mentiras sob as quais escolheste viver. E para terminar este texto aqui deixo o meu pensamento final. Já não corro como corria, nem salto como saltava, mas vejo mais do que via, sinto mais do que sentia nesta vida amargurada.

12-12-2921

António José Canhoto.

estreladamantiqueira
Enviado por estreladamantiqueira em 14/12/2021
Código do texto: T7406908
Classificação de conteúdo: seguro