A insustentável lerdeza do ser
Há um provérbio chinês que diz: Pessoas medíocres falam de pessoas, pessoas normais falam de fatos e pessoas sábias falam de ideias.
Isso foi antigamente. Atualmente, temos um número considerável de pessoas medíocres falando sobre e defendendo ideias medíocres.
Temos também uma imprensa medíocre que se ocupa quase que exclusivamente com pessoas. Promovem pessoas sem mérito e denigrem pessoas sem levar em consideração possíveis méritos. Quase sempre evita promover debate de ideias.
Pessoas vêm e vão, o que fica são suas ideias ou a falta delas.
Há um número excessivo de pessoas que mais parecem moscas ideológicas. Nascem do lixo de ideias inúteis, vivem dele e se esforçam para preservá-lo.
E o pior, defendem esse lixo com um ar de superioridade intelectual.
Nessa montanha de lixo de ideias, o homem realista, sincero e direto na defesa das boas providências, se torna um tipo desprezível, retrógrado e “fora do tempo”.
O lixo das ideias inúteis se acumula no Brasil há décadas, mas exerce uma força geradora, retroalimentando o meio que aumenta geometricamente.
Tendo nos tornado quase inúteis na contribuição material e espiritual para o progresso da Humanidade, instituímos o ufanismo do fracasso, que não engana ninguém além dos próprios fracassados.
Vejamos algumas evidências da valorização do fracasso:
- não conseguindo eliminar a pobreza no país, passamos a glamorizá-la. A pobreza se tornou atração turística;
- instituímos como medida de eficiência de um governo, o número de pessoas beneficiadas com esmolas oficiais;
- a eficiência do sistema educacional é medida pelo número de jovens que entram nas universidades e não pela sua efetividade no preparo para o mercado de trabalho;
- acredita-se que meia entrada nos cinemas e subvenção do Estado para shows de cantores da moda vão tornar os jovens intelectualmente mais capazes;
- países em que as populações vivem na miséria há décadas são citados como modelos a serem seguidos.
Um país que pretende construir uma civilização sobre uma montanha de lixo ideológico, no mínimo pode ser chamado de país de lerdos.