APRENDI A DIZER NÃO
Prólogo
Aprendi a dizer “não” e hoje sou mais feliz. Estou livre das amarras das conveniências sociais e com total ausência de culpa. Ao dizer “não” a um filho ou outra pessoa mais íntima ajudamos a entender que por vezes os desejos ou as expetativas nem sempre são possíveis de se concretizar e, ao fazê-lo, estamos a ajudar a que se torne alguém mais criativo para alcançar as suas satisfações e a perceber que é possível ouvir, mais cedo ou mais tarde, um “não” de outras pessoas.
EU DIZIA SIM A TODOS E A TUDO
Eu dizia “sim” a todos e a tudo. Eu era um otário e não sabia! (Otário é substantivo masculino; aquele que é tolo, facilmente é enganado ou que se deixa enganar com facilidade. – Nota do Autor).
Por isso sempre fui um bom cidadão e uma excelente pessoa, mas depois que aprendi a dizer um educado “não”, ruim para muitos, mas plenamente satisfatório para mim, por absoluta impossibilidade de proferir mais um gentilíssimo e esperado “sim”, hoje sou considerado um egocêntrico, ruim ou péssima e mal-humorada pessoa.
Ora, é fato que as escolhas que fazemos naturalmente geram consequências boas e/ou más. Essas opções têm um custo financeiro, fazem emergir de nosso íntimo um estresse pela expetativa criada. Quanto tempo e energia emocional dispendemos pelo simples esperar por algo ou alguém que não chega? Foi pensando nessa necessidade de mudança que investi pesado e finalmente APRENDI A DIZER NÃO.
A RELUTÂNCIA EM DIZER NÃO
Há uma série de razões para evitar o “não”, incluindo: 1. Exigências sociais, isto é, o alto grau de sociabilidade precisa ser mantido: "você não pode dizer não às pessoas” ou “você não deve ser egoísta”; 2. Expectativas dos supostos considerados amigos e familiares ou; o receio de perder a estigma de bonzinho. Ora, ora, ora... Ser um bom moço é excelente, mas desde que haja lealdade, compreensão, honestidade, gratidão e reciprocidade!
DIZER NÃO É UMA DIFÍCIL EMPREITADA
Às vezes precisamos dizer "não" a pessoas queridas, sofridas, rudes, ingratas e incompreensivas, e para isso precisamos primeiro perguntar a nós mesmos. Pergunte-se: Desejo e quero ajudar a essa pessoa? Ela merece ou precisa ouvir um sonoro “não”? Como essa criatura irá reagir?
Mas atenção! A pergunta mais importante é: Vou me sentir culpado (a) se eu disser “não”? Se a resposta a qualquer uma dessas perguntas indicar que um “não” pode ser apropriado, então é importante saber como e qual o momento adequado para dizer o “não”. Detalhe: Esse "não" precisa ser dito sempre de forma cortês, educada.
EU DIGO “NÃO” DE FORMA EDUCADA
Eis como saio pela tangente ou à francesa: "Não tenho capacidade para fazer esse favor no momento, mas poderia fazer noutra ocasião?". "Se você houvesse entrado em contato comigo antes eu daria um jeito de lhe satisfazer (melhor orientar, emprestar, conseguir, ajudar etc).". Essa minha resposta é excelente para usar quando você sentir que pode dizer sim a parte de um pedido, ou pode oferecer um meio-termo.
Outras duas ótimas desculpas que podem ser utilizadas são: "Não acho que sou a melhor pessoa para ajudar com isso, desculpe-me estou sendo, como sempre fui, honesto e sincero.". "Lamento não poder ajudar com essa situação, mas acho que você mesmo fará um ótimo trabalho.".
Essa é uma boa maneira de oferecer um meio-termo quando você sente que alguém é muito dependente, talvez acomodado, e está pedindo seu apoio para coisas que ele (a) pode ser capaz de fazer por si mesmo (a). Isso ocorre mais frequentemente com familiares (filhos, irmãos, sobrinhos e netos).
ACONTECEU COMIGO
Se alguém se comportar de forma irracional ao receber um "não", então há justificativa para estabelecer limites mais firmes, e dizer "não" com mais frequência. Outrora isso ocorreu comigo. Um profissional de excelente qualificação me solicitou um empréstimo de R$ 5.000,00 (cinco mil reais) quando já houvera solicitado noutras ocasiões quantias menores e fora prontamente atendido.
Orientei dizendo: “Não posso ajudar com esse pedido, mas você já tentou falar com o pessoal da Crefisa sobre isso?” – (A Crefisa tem uma linha de empréstimo pessoal exclusiva para Aposentados, Pensionistas e Servidores Públicos, com DINHEIRO RÁPIDO. – Nota do Autor). O suposto amigo me respondeu: “Mas eles cobram juros altos pelos empréstimos”. (SIC).
Observação oportuna e pertinente: A esse profissional eu nunca emprestei qualquer valor com usura (a juros). Isso o deixou acomodado e mal-acostumado. Provavelmente usaria meu dinheiro para a prática de agiotagem. Quem sabe?
Às vezes, simplesmente não somos as melhores pessoas para a função, ou não temos o que está sendo solicitado e/ou procurado. Frequentemente, é possível usar uma variante disso em relacionamentos pessoais quando você sentir que as pessoas estão ultrapassando seus limites. Esse foi o caso. O profissional ultrapassou os deles e os meus limites. O resultado desse meu sincero “não” foi o desaparecimento do hoje ressentido profissional e suposto amigo de confiança.
Em geral, quanto mais próximo o relacionamento, mais provável é que queiramos estar ao lado de alguém, mas isso não significa que nunca digamos “não”. Provavelmente, é ainda mais essencial impor e ter razoáveis limites com as pessoas mais próximas (familiares, amigos, amigas e afins) a nós, para que possamos manter relacionamentos socioeconômicos saudáveis e duradouros.
CONCLUSÃO
Dizer "não", não é fácil. Isso pode nos fazer sentir estranhos, ansiosos ou culpados (e possivelmente as três coisas ao mesmo tempo). Com a prática fica mais fácil, e o resultado é uma vida cheia de satisfação e total ausência de culpa. Ora, você – notável leitor – tem o sagrado direito de:
1. Dizer não às coisas que vão te machucar, caso identifique essa possibilidade;
2. Ter relacionamentos socioafetivos saudáveis;
3. Dizer “não” a qualquer coisa que drene sua energia e interfira em sua vida pessoal;
4. Dizer não às histórias que “não” sejam verdadeiras para você;
5. Dizer a alguém que você precisará de tempo para considerar seu (dele/dela) pedido;
6. Dizer “não” a usar uma fachada para que os outros gostem de você ou simpatizem com seu modo de ser;
7. Falar educadamente “não” por motivos de foro íntimo e convicção pessoal de que não se sentirá culpado pelas escolhas (livre-arbítrio) de quem quer que seja.
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;
– Fragmentos do texto do Psicólogo Emilson Lúcio da Silva;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.