ORDEM PARA OS POBRES E PROGRESSO PARA OS RICOS

Prólogo

Na data de hoje, 12/11/2021, o sol, no Nordeste inteiro, surgiu radiante. O clima estava convidativo a uma longa caminhada na Juscelino Kubitschek, no bairro do Cruzeiro, próximo de minha casa. Jorginho, meu periquito de estimação, gorjeava e saltitava em sua ampla gaiola rigorosamente limpa e bem abastecida com água fresca, painço e alpiste. Não fui caminhar. Resolvi pôr as mãos no laptop e escrever este texto.

Provavelmente meus diletos leitores haverão de perguntar: “Por que ordem para os pobres e progresso para os ricos? Todos não são iguais perante as leis?”. Ledo engano! Ora, os romanos já diziam “Panem et Circenses”. Esta frase é uma das expressões mais famosas do mundo antigo, quando se fala de como o poder público do Império Romano, com “comida e diversão”, conseguia manobrar politicamente o populacho.

NADA MUDOU NOS DIAS DE HOJE

A política do pão e circo (panem et circenses, no original em Latim) como ficou conhecida, era o modo com o qual os líderes romanos lidavam com a população em geral, para mantê-la fiel à ordem estabelecida e conquistar o seu apoio. Esta frase tem origem na Sátira X do humorista e poeta romano Juvenal (vivo por volta do ano 100 d.C.) e no seu contexto original, criticava a falta de informação do povo romano, que não tinha qualquer interesse em assuntos políticos, e só se preocupava com o alimento e o divertimento.

A política do pão e circo atualmente é uma metáfora para denunciar ou alertar atitudes de governantes que pretendem distrair a população com a distribuição de algum benefício assistencial do tipo: “Auxílio emergencial”, “Vale gás”, “Bolsa Família”, “Auxílio reclusão” e outros.

Ah! Vale lembrar que o “Bolsa Família”, talvez, mude de nome. Será o “Auxílio Brasil”. Isso mesmo... A base do propósito será igual assim como já aconteceu com tantas outras mudanças. INPS se transformou em INSS, CGC em CNPJ etc.

Mas o “Auxílio Brasil” vai piorar índices de pobreza no país, dizem especialistas. A adoção do “Auxílio Brasil” tem se tornado cada vez mais inviável. Na última semana, a Câmara dos Deputados se reuniu para avaliar a eficácia do programa, atestando que ele deve aumentar os índices de pobreza extrema no país.

MINHA PERCEPÇÃO

Pode-se perceber que em várias situações nos cenários nacional e internacional, esse tipo de política se apresenta das mais diversas formas: eventos esportivos, programas televisivos, notícias sensacionalistas, e tantos outros tipos de “atrações” para a população desinformada, mas com os olhares vítreos e atentos. E enquanto a plebe se distrai, os governantes se movimentam e se articulam, eventualmente armando um "barraco", sob os holofotes da mídia, para que prevaleçam os interesses pessoais em detrimento do interesse público.

Depois de completar meus setenta e dois anos e às vésperas de fazer um novo aniversário encontro-me mais cauteloso do que há cinco décadas. O “Auxílio Brasil” atenderá (anestesiará), inicialmente, o mesmo público do “Bolsa Família” (Quase 15 milhões de famílias).

Com o “Auxílio Brasil” o governo promete chegar a 17 milhões de assistidos até o final deste fatídico ano pandêmico de 2021. Não há dúvida que essa suposta benevolência será muito explorada no próximo ano de 2022 por ocasião da propaganda eleitoral.

E nesse diapasão os derivados do petróleo continuarão em franca e nebulosa ascensão geométrica! Infelizmente como dizia e ainda diz o jornalista Boris Casoy: "Isso é uma vergonha!".

CONCLUSÃO

Ao conversar com uma senhora diarista, que faz trabalhos de limpeza em nossa casa, ela me disse perguntando: “Doutor.... Nós pobres queremos emprego decente com salário justo. Não queremos esmolas, auxílios e outras ajudas difíceis de conseguirmos pela burocracia exagerada. No nosso tudo. No deles nada?” — (Nessa ocasião a doméstica rindo fez um gesto obsceno com o dedo médio num movimento de vaivém. — N. do Autor).

Nesse momento senti um calafrio ao me lembrar da minha esposa cobrando meus exames de próstata. Brincadeiras à parte, fico a pensar no nosso dístico existente no Pavilhão Nacional... “ORDEM E PROGRESSO”. No momento, em todo o planeta, mais fortemente no Brasil, temos muita desordem e pouco ou nenhum progresso. Ah! Tampouco há respeito pelas diferenças e desigualdades sociais.

Será que os políticos, banqueiros, ricos empresários e latifundiários um dia vão querer mudar a frase de Auguste Comte, expoente da ideologia e filosofia do positivismo: “L’amour despeje principe et l’ordre derrame de base; le Progrès derrame, mas” (“O amor por princípio, a base ordem, o progresso por fim” — em francês)? Não quero e me recuso a acreditar nessa desditosa e danosa mudança social.

O povão aceitaria o novo lema: “ORDEM PARA OS POBRES E PROGRESSO PARA OS RICOS?”. Duvido, mas a sociedade atônita, incrédula e desconfiada está completamente dividida em uma dicotomia clara: esquerda e direita. Em meio deste cenário, a bandeira ainda balança ao vento primaveril, com “Ordem e Progresso” no centro. Espero e desejo que assim permaneça, de fato e em meus sonhos coloridos e crença nos valores familiares.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.