Ideias absurdas

Com certeza, todos nós podemos encontrar pessoas que tenham ideias absurdas e que parecem viver em uma realidade paralela, regida por leis diversas das que regem o nosso mundo. E uma ideia muito absurda que eu conheci foi uma que dizia que campanhas que ensinavam a usar preservativos na verdade tinham contribuído para disseminar a Aids pois estimulariam comportamentos promíscuos e que a melhor maneira de evitar o contágio por doenças sexualmente transmissíveis era ensinar os valores morais cristãos.

Por que esta ideia é absurda? Por vários motivos. Em primeiro lugar, se ensinar os valores cristãos bastasse para reprimir os impulsos da libido, não veríamos padres e pastores – que são justamente os que pregam tais valores – cometendo atos como pedofilia, estupro e adultério. Achar que ensinar valores como a castidade basta para reprimir os impulsos naturais da libido também é absurdo. A verdade é que as pessoas gostam de fazer sexo e sentir vontade de fazê-lo é perfeitamente natural. Então, o melhor é ensinar as pessoas como praticá-lo de forma segura em vez de pregar a abstinência. Aliás, já foi provado que campanhas que pregavam a abstinência sexual para adolescentes numa tentativa de combater a gravidez na adolescência nos Estados Unidos se provaram improdutivas e não impediram muitos adolescentes de fazer sexo.

Também precisamos observar que a castidade em si não é um valor, pois vai contra a natureza dos seres vivos, impedindo-os de praticar atos que são úteis à saúde física e mental. Infelizmente, a religião e o moralismo terminaram por transformar o sexo em algo pecaminoso e sujo. Ter desejo sexual termina sendo um pecado. Essa ideia do sexo como pecado era forte principalmente na Idade Média, em que o corpo – inclusive o corpo da mulher – era considerado a fonte dos pecados.

Outra ideia errônea é achar que ensinar como usar a camisinha deixaria as pessoas mais promíscuas. Pessoas promíscuas sempre existiram e nunca deixarão de existir. Ser promíscuo é algo relativo ao caráter e à personalidade da pessoa, não tendo nada a ver com campanhas de esclarecimento, que ainda são a melhor arma no combate à transmissão de qualquer doença. E foi justamente por causa da desinformação e do preconceito que muitas pessoas, - por acharem que Aids era doença de gays ou de viciados em drogas injetáveis- não tomaram os devidos cuidados, contraíram a doença e a transmitiram a seus parceiros. E isto numa época em que Aids era uma sentença de morte. Por causa de toda essa desinformação, milhões de mulheres casadas que ignoravam que seus maridos tinham aventuras fora do casamento foram contaminadas com o vírus HIV e nasceram muitas crianças que lamentavelmente tiveram vida curta. Poucas dessas crianças chegavam à pré-adolescência.

A Igreja Católica prestou outro grande desserviço ao dizer que a camisinha não era útil para se impedir a transmissão do vírus HIV, alegando que os vírus seriam menores do que os poros da camisinha. Mas pesquisas científicas provaram que o uso de preservativos ainda é a melhor maneira de se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis.

Tudo que foi abordado mostra que a informação é a melhor maneira de impedir o contágio de todas as doenças e que não devemos dar atenção a quem prega ideias desprovidas de qualquer fundamento lógico e, no caso de doenças como Aids ou qualquer outra que se transmita pelo ato sexual, é necessário que se deixem tabus e qualquer preconceito de lado. O preconceito pode impedir as pessoas de enxergar a realidade.