"IDENTIDADES" COLETIVAS

"IDENTIDADES" COLETIVAS

"Só nos parecemos de longe, na proporção,

portanto, em que não somos nós. A Vida é,

por isso, para os indecisos (...)". (pag. 34)

Revista PZZ - ano 7, nº 15, set.out./2012, PA

Publicada pela Editora RESISTÊNCIA, a "PZZ" faz jus àquele nome... praticamente todos os assuntos trazem essa essência, principalmente por se referirem à Amazônia. Sob o "logo-título" temos a expressão "Jornalismo Cultural da Amazônia". Não há referência ao significado de PZZ em toda a revista porém, tendo por diretor e Editor um certo Carlos PARÁ, não me é difícil concluir que temos aqui um fã de James Bond. Os artigos são, todos, muito interessantes, abordando as lutas e dificuldades para se (sobre)VIVER numa Amazônia onde a floresta era/foi "um inimigo a ser vencido. destruído até" !

"Só uma reforma cultural salvaria a Região decretou em 1945 o antropólogo Charles Wagley, que aqui passou míseros 2 meses. Me parece que nossa Amazônia sobreviveu bem sem ambos, Autor e teoria ! O que me chama a atenção na revista -- além de fotos e ilustrações impressionantes -- é um texto sobre METAFÍSICA, termo que jamais entendi. Como o publicação não traz restrições sobre "copyright" posso citar trechos do artigo de um certo Herbert Emanuel (paraense ?) que, por sua vez, embasa seus argumentos em livros dos filósofos Félix Gualtari e Gilles Deleuze, ambos franceses (Vive la France !) e meus "rabiscos" apenas reprisam o pensamento dos 3, nessa saudável "antropofagia" defendida por todos, é de se crer.

Cita H. Emanuel que a IDENTIDADE (de cada pessoa, povo, nação) "nasce" ou se forma em 3 momentos distintos da Humanidade, a partir do conceito de CULTURA: 1) "cultivar o espírito", a "Cultura-valor", que distingue quem a tem e quase sempre menospreza os que não a possuem; 2) "Cultura-alma coletiva", esta sinônimo de CIVILIZAÇÃO, cujo conceito perdura até nossos dias e reconhece que TODOS têm Cultura, algum tipo de cultura, herdada dos antepassados e, por fim, 3) a "Cultura de massa", "Cultura-mercadoria" que cria ídolos descartáveis, instantâneos e seus produtos visuais, como CDs, livros, filmes, até sabonete, cigarros, Coca-cola, etc.

O segundo tipo de Cultura produz identidades "regionais", locais, tribais, mas serve magnificamente aos propósitos (de) políticos, totalitários, prepotentes, de "identidade" egoísta, restritiva, anti-ecumênica, sentimentos calçados em pré-conceitos e ódio racial. Com discursos baseados "na alma coletiva" dos arianos Hitler sustentou o mar de 6 milhões de judeus mortos, tudo visto como "fato normal" pela "alma coletiva" daqueles atros tempos.

A dupla Deleuze & Gualtari defende um recuo nessa visão da "identidade cultural" que como "discurso massificante" UNE indivíduos mas os "joga contra" o novo, o diferente, o desconhecido... "o que NÃO É IGUAL" e, portanto, NÃO PRESTA ! "Tais conceitos fecham mais do que abrem possibilidades de se PENSAR A CULTURA, de "se pensar o impensável, inventar novas possibilidades de vida" (pag. 34), "num processo de singularização", de individualização do pensamento, a partir de experiências particulares e não "DE MASSAS", coletivas, de grupo. Toda "identidade nacional" ou regional, local -- de bairro, como o "Bixiga", a Moóca, Liberdade... na "Paulicéia desvairada", meros "guetos" culturais, no fim das contas (conclusão minha, particular, extra-texto) -- "possui um propósito não muito nobre: domesticar as forças, as multiplicidades, conter os devires, negar as possibilidades de sermos, ÀS VEZES, inteiramente outros. Que somos todos DIFERENTES, é um axioma da nossa naturalidade". (...) Verdadeiramente, sem farsas nem artifícios, com lealdade e sinceridade... "só podem conviver os que nunca SE DEFINEM e são, um e outro, NINGUÉNS. Cada um de nós é dois e, quando duas pessoas se encontram, se aproximam, se ligam, é raro que as quatro possam estar de acordo". (pag. 34)

Esses bairrismos todos (e tolos) que permeiam o Brasil inteiro podem servir aos corações mais obscuros, fechados à amizade, sem o senso de que somos "ciganos na Terra", pois nosso Destino é seguir além... são discursos políticos que envenenam povos Mundo a fora, embora "pareçam DE UNIÃO" da alma coletiva. PENSEM NISSO !

"NATO" AZEVEDO (em 4/julho 2021, 5hs)

OBS: todos os GRIFOS no texto são de minha autoria. Abaixo, soneto de 2013 que já abordava o assunto.

ETERNO CIGANO

Onde está minha terra ?!, me pergunto.

Nem o Deus do Universo sabe ao certo !

Triste e só perambulo, o azar junto...

tenho em mim que ninguém me quer por perto.

Vivi em mil lugares tempo incerto !

Que ao fim de tudo, então, após defunto,

se lance minhas cinzas num deserto

para não ser de hipócritas o assunto.

As respostas se vão, ao som do vento...

a PAZ entre as nações, NÃO à fronteira

cantaram John e Dylan num lamento.

Sem Estado, país, eira nem beira,

do mundo cidadão vivo, ao relento,

tendo por minha terra a Terra inteira.

"NATO" AZEVEDO

Enviado por NATO AZEVEDO em 18/03/2013

Código do texto: T4195409