Argélia: o boicote das eleições e os militares sem aposta para silenciar o movimento social
O regime militar argelino apostou numa participação massiva nas eleições parlamentares que começaram ontem, sábado, visando silenciar o movimento social que fervilha por quase dois anos.
Os governantes de Mouradia ficaram chocados quando fecharam as urnas eleitorais com uma baixa participação, podendo ser caso sem precedente na história moderna da Argélia, levantando as hipóteses dos números serem manipulados.
A fraude é algo incontrolável, como o ocorrido nas eleições dos anos noventa do século passado, cuja Argélia é considerada como o precipício da década negra.
Os generais argelinos, cautelosos com o movimento popular, a ponto de adiar a aquisição da vacina anti-Coronavírus, devido às ameaças das forças do movimento social, deparando com uma realidade que não pode ser escondida da crises, e das escassas taxas de participação nas últimas eleições para eleger um presidente, almejando a votação para alterar a constituição,bem como as eleições parlamentares consideradas por alguns partidos injustas e ilegítimas pelas instituições políticas.
A Argélia é liderada por um presidente eleito 2019, com menos de 5 milhões de eleitores dos 24 milhões registrados nas listas eleitorais, uma vez que a constituição do país não tem sido votada em novembro de 2020 a não ser que por apenas 20,53% dos cidadãos registrados ( 24.466.618 registrados nas listas eleitorais, cujos 5.024.239 votaram e uma taxa de participação que não ultrapassou 23,84 por cento, segundo dados oficiais).
Resumindo, a Câmara dos Representantes, que participou ativamente da adoção da versão final da atual constituição, foi posteriormente dissolvida sob o argumento de que seus membros eram corruptos e dos quais a maioria tinha comprado seus assentos no Parlamento.
Lahcen EL MOUTAQI
Professor universitário- Marrocos