SOBRE OS LÍDERES DO PASSADO

Prólogo

Há quem diga que meus textos expressam lucidez e conhecimento. Há quem diga, também, que não gosta de ler meus escritos por quase sempre ser obrigado a recorrer ao dicionário. Existem outros leitores que, por considerarem meus textos demasiados longos, vão direto para a conclusão pela pressa ou pragmatismo pessoal.

Minhas supostas verdades certamente não é a certeza dos outros e tampouco visa dirimir dúvidas de alguém, é fato: No planeta Terra, mais ainda nos países onde não se incentiva a leitura e a cultura (O Brasil não é exceção), muitos bons trabalhos, escritos com esmero, não são lidos, apreciados e/ou compreendidos.

Os textos que escrevo são pouco lidos. Não culpo os leitores senão a mim mesmo por ser demasiado prolixo. Entretanto, sem empáfia, ouso asseverar: Se um só dos meus milhares de leitores ler este atual escrito ficarei imensamente satisfeito e poderei dizer para mim mesmo: Missão cumprida!

Como sempre faço, hoje não foi diferente. Resolvi pesquisar e ler para me distrair, me aculturar e mais aprender. Decidi comentar um trecho de um excelente livro que li e recomendo com louvor. Refiro-me ao livro “Mestres do Comando”, de Barry Strauss, na sua edição de 2014, da Texto Editores Ltda, cuja tradução é de Marcelo Barbão. (O sobrenome do tradutor é esquisito, mas é este mesmo: Barbão).

OS LÍDERES DO PASSADO

O livro de Barry Strauss, embora não foque especificamente na questão da liderança, traz vários ensinamentos que podem ser aplicados ao tema. Algumas das virtudes do líder são: aprender com as lições do passado, refletir sobre as experiências vividas por ele próprio e por outros, transformar esse conhecimento em sabedoria e, naquilo que for pertinente, criar sua visão de futuro a ser aplicada nas decisões. Acrescento a necessária resiliência!

As descrições abaixo apresentam um extrato de palavras textuais do autor do livro, compiladas de forma sintética, listando as dez (Neste texto listarei apenas cinco para aguçar a curiosidade do leitor) principais qualidades que, na visão de Barry Strauss, construíram a base de sucesso de três grandes comandantes do passado: Alexandre, o Grande, ou Alexandre Magno, rei da Macedônia; Aníbal, general cartaginês e Júlio César.

Os feitos ou conquistas desses supracitados líderes os diletos leitores poderão encontrar mediante pesquisa no Google, Wikipédia, Blogs e na internet de uma forma geral. No momento vou me limitar a transcrever as cinco principais (Há outras) qualidades desses líderes elencadas como fez o eminente escritor Barry Strauss em seu festejado livro “Mestres do Comando”.

Em minha conclusão, como não poderia ser diferente, farei uma breve análise sobre o assunto em comento. Vejamos:

QUALIDADES DOS LÍDERES DO PASSADO

1. Ambição: A autoconfiança deles não tinha limites. Eram homens com elevada ambição e tinham fome de honrarias e necessidade de conquistas.

2. Julgamento: Eram inteligentes e tinham intuição estratégica. Tiravam a experiência do passado para oferecer a resposta correta. Eram inabaláveis sob pressão e capazes de pensar de forma criativa, rápida e eficiente. Conheciam as pessoas.

3. Liderança: Eram decididos, vigorosos e seguros. Tinham equipes que podiam ser consultadas e, em muitos casos, as opiniões dessas equipes prevaleciam sobre suas opiniões. Os homens obedeciam-lhes não apenas pelo posto que ocupavam, mas porque tinham ganhado o respeito de seus homens. Apesar da habilidade oratória, seus gestos eram mais eloquentes. Eram mestres da recompensa e da punição.

4. Audácia: A honra estava no coração de seus caracteres. Coragem era o sangue em suas veias. Ousaram fazer o que não podia ser feito. Sempre tentavam aproveitar as oportunidades.

5. Agilidade: Velocidade era o lema, e mobilidade, sua marca registrada. Eram mestres da multitarefa. Eram workaholics hercúleos que gerenciavam o tempo com habilidade.

PREPARAÇÃO E OPORTUNIDADE

Segundo o autor Barry Strauss, os líderes Alexandre Magno, Aníbal e Júlio César, citados como exemplos, precisaram de sorte em momentos decisivos. No entanto, muito mais tarde, Napoleão Bonaparte foi um militar, líder político e imperador dos franceses queria sob o seu comando generais que não fossem apenas bons, mas que também tivessem sorte.

Ora, sorte é o entrosamento ou combinação de preparação e oportunidade. Não creio em sorte! Acredito em determinação e qualificação; disciplina e lealdade. Creio sobremaneira em denodo, com extremada reflexão. Na segunda guerra mundial, de 1939 a 1945 surgiram líderes civis e militares que marcaram sobremaneira a história das civilizações.

Cito como exemplo Joseph Stalin, Franklin Delano Roosevelt e Winston Churchill. Claro que houve os heróis anônimos (civis e militares), os mentores que, nos bastidores aconselhavam os chefes para aproveitarem as poucas oportunidades para o êxito das decisões de quem podia e devia decidir (determinar).

Leiam as biografias desses líderes e atentem para a frase: “nos bastidores aconselhavam os chefes” e certamente irão concordar com a FUNÇÃO DO ASSESSOR (Grifei) que se trata de um subitem deste meu escrito.

A EVOLUÇÃO DO TEMPO E DA SOCIEDADE

O tempo e a sociedade estão sempre em evolução ou se atrasando (involução) a depender de ações dos líderes positivas ou desastrosas prejudicando a sociedade. “Mestres do Comando” se deram em um período antes de Cristo, e no mundo, de lá para cá, vem ocorrendo constantes transformações, em um ritmo cada vez mais acelerado. O ontem é o prenúncio do hoje que será a confirmação ou negação do futuro.

As qualidades desses grandes comandantes militares do passado distante e outros mais contemporâneos abrem um excelente espaço para refletirmos sobre as características pessoais que emolduram suas histórias, verificando a sua aplicabilidade para a construção dos atuais líderes políticos, empresários e militares em todo o planeta Terra.

Podemos destacar, entre as características marcantes, aspectos ligados diretamente à capacitação profissional, à habilidade de tratar com as pessoas, à incorporação de valores morais, à disposição de ser exemplo e à visão estratégica, dentre outras. Todas elas basilares para a formação de grandes líderes.

UM EXEMPLO PESSOAL

Orgulho-me, no bom sentido, de um feito que ora faço questão de compartilhar com os diletos leitores. No contexto deste trabalho eu escrevi: “houve os heróis anônimos (civis e militares), os mentores que, nos bastidores aconselhavam os chefes para aproveitarem as poucas oportunidades para o êxito das decisões de quem podia e devia decidir (determinar).”

Fui assessor jurídico de um chefe militar! Certa ocasião tive a oportunidade de dizer uma verdade, na qual ainda hoje eu acredito, a um chefe militar possuidor do curso que tem a missão de preparar oficiais superiores para o exercício de funções de Estado-Maior, comando, chefia, direção e de assessoramento. Concluindo o curso na Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) o oficial poderá (nem sempre isso acontece) ser promovido ao posto de General de Brigada.

A FUNÇÃO DO ASSESSOR

O assessor jurídico ou militar é o profissional responsável pela assessoria técnica na área jurídica e militar. A assessoria jurídica pode ser feita em qualquer área, como: Direito Civil, Penal, Trabalhista, Previdenciário, Tributário e Administrativo. Já o assessor militar exerce função mais abrangente sendo o mesmo que ajudante, auxiliar, assistente e conselheiro.

Eu era um simples Segundo Tenente, servindo à Pátria no Rio de Janeiro e disse àquela autoridade, depois de uma pergunta de supetão que me foi formulada: “Você acredita no que o Major xxxxxxxx (nome omitido em respeito à ética e à discrição — Nota do Autor) acabou de me contar na sua presença? Claro que o Major denunciante já houvera saído do recinto. Eis minha resposta ao Coronel QEMA:

“O senhor não deve acreditar em quaisquer informes, seja de quem for, sem antes ouvir a pessoa de quem se disse ou diz algo bom ou ruim. A gênese da benevolência ou aversão pode ser de alguém muito grato ou extremado ressentido. Toda forma de saber nasce de uma dúvida. Portanto, duvide! O senhor não deve se esquecer do que já dizia Aristóteles: “A dúvida é o princípio da sabedoria.”.” — (SIC).

CONCLUSÃO

Quando fui convidado para servir em Brasília, no ano de 1998, onde permaneci até fevereiro de 2002, aceitei o honroso convite e naquela aprazível capital reencontrei o General xxxxxx (Nome omitido em respeito à privacidade — Nota do Autor) fazendo uma caminhada no Eixo Rodoviário de Brasília (DF-002), mais conhecido pela alcunha informal de “Eixão”.

Ao me ver, o líder militar que ainda se encontrava à época no serviço ativo e muito me ajudou na espinhosa caminhada rumo ao progresso nas minhas promoções seguintes, esboçou um largo sorriso e me abraçou dizendo: “Sempre que tenho oportunidade compartilho o que um dia você me disse: “a dúvida é o princípio da sabedoria.””. — (SIC).

Sobre minha resposta ao líder militar, citando a frase tão conhecida de Aristóteles... Nada de mais fiz a não ser me utilizar da preparação e oportunidade. Fiz o melhor uso do denodo, com extremada reflexão. Exerci a melhor assessoria por uma razão elementar: Fui um conselheiro que sempre buscava equilibrar a razão e a emoção com lealdade e total imparcialidade.

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NOTAS REFERENCIADAS

– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;

– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.