A morte de Paulo Gustavo
Toda a morte é lamentável, mas é evidente que tem mortes mais lamentáveis que outras. O que quero dizer é que o lamento depende da qualidade do morto. Se for uma figura de destaque social, política ou artística a comoção, alimentada pelos noticiários, é maior. Porém se o morto, mesmo que boa pessoa, for um João Ninguém, nem os amigos falam ou exaltam as qualidades do extinto. Lembro da morte do Tancredo Neves, quando o avião funerário, com meia duzia de puxa sacos, velando o corpo, andava de lá para cá como uma barata tonta. O Avião presidencial, com uma faixa preta, decolava de um aeroporto para pousar em outro. Rio de Janeiro, São Paulo, Belo Horizonte, Brasília etc. Durante uma semana o corpo do ilustre morto foi exposto em salões nobres, palácios de governos etc e durante 24 horas por dia, as TVs noticiavam o itinerário do féretro. A comoção era nacional e muitas pessoas desmaiavam nos aeroportos. A morte do Paulo Gustavo não fugiu a regra. Estão morrendo no Brasil mais de 1400 pessoas por dia por causa do corona e muitos acham isso normal. Mas como foi o Paulo que morreu do corona, as pessoas querem achar um culpado de qualquer jeito.