TRIBUTO A DOM ALDO PAGOTTO
NAIR LÚCIA DE BRITTO
Antes de iniciar este “Tributo” ao emérito Arcebispo Dom Aldo di Cillo Pagoto, quero dizer que quando tomei a decisão de estudar Jornalismo na “Faculdade de Comunicação Social “Cásper Líbero”, não foi só porque eu gostava de escrever; mas porque queria externar minhas próprias ideias e. sobretudo, combater as injustiças.
O presente “Tributo” é um combate acirrado à terrível injustiça que Dom Aldo sofreu. Sua enorme abnegação como líder religioso e colaborador incansável na luta por um mundo melhor, cristão e mais justo, foi paga com a ingratidão. Isto é, um processo judicial que transcorreu lentamente. Minando, pouco a pouco, a saúde de Dom Aldo e tirando o sorriso do seu rosto.
Junto a este, faço um apelo ao Papa Francisco para que, por favor, divulgue aos quatro cantos do mundo a inocência dele para que cessem as ofensas que lhe fazem, ainda hoje, e que maldosamente tramitam pelas redes sociais. Deus é Justiça, pois então que ela se faça!
Aos 14 de abril de 2021, completa um ano que o emérito Arcebispo Dom Aldo di Cillo Pagotto nos deixou. Entretanto só o conheci após sua passagem, através do trabalho que ele deixou. Como religioso, reconheci nele um dos representantes mais ilustres da Igreja Católica; e, como ser humano, um batalhador incansável pelo bem-estar social.
Na sua infância, recebeu dos avós italianos noções de moral e lealdade cristãs. Teve no exemplo dos pais a prática da caridade e do amor ao próximo. Quando adulto tornou-se um homem forte, inteligente, lúcido, estudioso e amigo do conhecimento. Alguém à frente do seu tempo, em razão da visão ampla diante do mundo.
Gostava de Medicina, Arquitetura, Agricultura, Música, Teatro, Pintura. Na Literatura, apreciava Clarice Lispector e, na música, tinha como ídolo Chico Buarque de Holanda. Romântico, gostava de escrever poesias. E nos momentos de lazer, tocava sanfona, piano e teclado. Para uma psicóloga Dom Aldo tinha talento para ser um artista.
Mas entre todos seus dons, Dom Aldo vocação religiosa falou mais alto. Era uma força misteriosa, inexplicável que o chamava de forma eloquente. Queria ser um servo de Deus.
Dom Aldo foi ordenado presbítero em 1977. E tornou-se bispo em 1997, no Ceará. Permaneceu na diocese de Sobral até 2004, quando foi transferido para a Paraíba.
Seu objetivo era trabalhar pela UNIDADE, ou seja; a união de todos nós, filhos de Deus, e abolia quaisquer preconceitos. Era amigo de religiosos que pertenciam a outras crenças e era amado por eles.
“Dom Aldo, ainda costuma andar de madrugada pelas ruas de Fortaleza para socorrer vítimas do vício? Cuidado, Dom Aldo! “, o alertaram certa vez. Foram vários projetos sociais voltados para promoção humana e participava de Congressos em pró da família. Para ele, construção da família era algo de extremo valor.
HOMENAGEM DE UMA FIEL DA IGREJA CATÓLICA
Eis um resumo do que Maria José Custódio Loureiro escreveu a Dom Aldo, no Sétimo Dia de sua passagem:
“Estes dias, após a partida do Dom Aldo, me serviram para meditar sobre sua vida. Não sou biógrafa, não costumo memorizar números e datas, mas sei lembrar e agradecer o bem propagado por alguém.
Dom Aldo foi sempre um homem do Bem. Eu o conheci desde que era padre novo, recém-ordenado. Acompanhei sua evangelização e sua luta para manter-se leal, fiel e perseverante à escolha de servir ao Cristo. Cada um de nós sabe que não é fácil seguir uma vocação, principalmente se esse chamado vem do Alto.
Jovem, bonito e inteligente, no princípio foi muito assediado por mulheres que viam nele o homem ideal, segundo o modelo do mundo. Mas Cristo venceu a competição e se tornou para sempre a pedra angular de sua vida. Combateu o bom combate, como diria São Paulo, levando com entusiasmo a Palavra de Deus a todos que dela necessitavam e que tinham a graça de tê-lo como pastor.
Viveu uma vida de serviço e amor a Deus; e o exaltamos, hoje, na certeza de que já se encontra no abraço do Pai e da Mãe Nossa Senhora da Imaculada Conceição, a quem não se cansava de venerar e aclamar. O céu está em festa! E é preciso que se diga a todos que fizeram mau-juizo dele que os insultos não o atingem mais. Porque ele está na glória do Pai. Pede a Deus, por nós, Dom Aldo, para que um dia possamos nos reunir no Reino do Amor. Obrigada pela sua vida. Descanse em paz.”
HOMENAGEM DA PASTORAL DA CRIANÇA
“A Pastoral da Criança gostaria de mais uma vez agradecer por todos os anos dedicados por Dom Aldo à missão de levar vida em abundância para as crianças e famílias pobres; e se solidariza com os familiares, rogando a Deus para que sejam confortados na certeza da Ressurreição em Cristo e do retorno à casa do Pai. Abaixo, texto resumido do escrito por ele às líderes da Pastoral da Criança, em fevereiro de 2012”:
“A Pastoral da Criança oferece enorme colaboração pela sua experiência vivida ao longo de seus trinta anos de existência, graças ao legado da inesquecível Dra. Zilda Arns Newmann, sua mentora e fundadora. Suas ações básicas oferecem um roteiro seguro de prevenção às doenças e mortalidade infantil. Orientações sobre alimentação e nutrição sadias se constituem maneiras práticas para a capacitação permanente de gestantes e de mães, para melhor assegurar a saúde dos filhos desde o ventre materno. A finalidade da Campanha da Fraternidade é a defesa e promoção da vida saudável, alertando os órgãos públicos sobre mazelas a serem superadas com a solidariedade fraterna. O Manual da Campanha aborda tristes realidades a serem superadas, priorizando investimentos indispensáveis na qualificação do sistema público de saúde no Brasil. Essa superação é possível com a colaboração efetiva de práticas que a Pastoral da Criança sempre utilizou, salvando vidas! Ela tem a missão de divulgar suas ações, acompanhando o maior número possível de gestantes e mães necessitadas de orientação segura sobre saúde, com recursos simples e econômicos, cientificamente comprovados por sua eficácia. As lideranças da Pastoral desempenham um trabalho maravilhoso porque são guiadas pelo amor de Deus e de conformidade com os valores do Evangelho de Jesus. Doar-se por amor, salvando vidas, é o segredo do seu sucesso, em grande parceira de políticas públicas que devem cada vez mais serem melhoradas e consolidadas.
Assinado: Dom Aldo Di Cillo Pagotto - Arcebispo da Paraíba e Presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança.”
LIVRO
Segundo a CNBB Nordeste 2, a “Forma Editorial” lançou o livro “O Evangelho nos nossos Dias”, de autoria de Dom Aldo Pagotto (impresso em dezembro de 2011) no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa.
Foram selecionados 117 artigos pelo jornalista Agnaldo Almeida, todos escritos pelo Arcebispo da Paraíba para os jornais “Correio da Paraíba”, “Jornal da Paraíba” e “O Norte”. O livro foi editado pelo diretor da Forma Editorial, Carlos Roberto de Oliveira, e Juca Pontes. A apresentação da obra é de autoria do pastor Estevam Fernandes, da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, que escreveu o seguinte:
“Dom Aldo é uma das figuras mais importantes, hoje, na história da nossa Paraíba, especialmente porque ele transpõe os limites do religioso e se faz presente nos dramas existenciais do nosso povo. Ouve-se a sua voz delatando injustiças, clamando por políticas públicas não alimentadoras de assistencialismo decadente, mas voltadas para o desenvolvimento humano, como educação de qualidade e emprego e renda que gerem condições mínimas de vida digna. Dom Aldo é um sacerdote comprometido com o que há de mais sagrado e precioso sobre a Terra: a vida humana.”
Na solenidade do evento, pronunciaram-se o Arcebispo e o jornalista Carlos Roberto de Oliveira, editor da Forma Editorial (editora paraibana). Logo após, foi oferecido coquetel com sessão de autógrafos.
A obra contém 296 páginas, o miolo foi impresso em papel pólen 90g.; a capa 350 g., em alto relevo, com aplicação de verniz UV e laminação fosca. O livro foi distribuído para venda nas principais livrarias do Estado da Paraíba e, posteriormente, a distribuição foi nacional.
A escritora paraibana, Lourdes Limeira, comentou: “O livro de Dom Aldo é um Evangelho mais aprofundado. Abre portas para o leitor questionar-se sobre si e sua vida cristã, além de reafirmar que a verdadeira luz e esperança encontram-se, sem dúvida, em servir ao Filho de Deus nessa sociedade conturbada. Mostrou aos paraibanos do que é capaz. Ele, segue, na íntegra, as regras do Nosso Pai. Recomendo-o a todos, cristãos e pagãos.”
POLÊMICAS CONTRA DOM ALDO
Um dia após a partida de Dom Aldo (15/04/20), Nonato Guedes comentou, em seu Portal, sobre as polêmicas durante a trajetória de vida de Dom Aldo.
Uma delas pelo fato de o Bispo da Paraíba ter proibido os padres de disputarem cargos políticos durante as eleições; o que gerou vários protestos. Dom Aldo também foi muito criticado por suas amizades junto aos adptos da Doutrina Espírita; inclusive por participar de eventos para os quais era convidado.
O pastor Estevam Fernandes, que prefaciou o livro de Dom Aldo, referiu-se a ele, dizendo: “Amados por muitos, incompreendido por outros, consequência inevitável de quem se expõe e não tem medo de assumir polêmicas. Vai escrevendo sua história em nossa terra, deixando marcas indeléveis de quem tem a consciência histórica não só no ministério episcopal, mas também de cidadania, de compromisso com as transformações que urgem em nossa sociedade tão anticristã e tão desigual.”
Dom Aldo também projetou-se como presidente do Comitê Estadual em defesa da transposição das águas do rio São Francisco. Coordenava reuniões com representantes do governo do Estado e de entidades sociais para discutir as prioridades da Paraíba, nesse projeto; no qual ele apostava desenvolvimento no âmbito estadual e regional para a Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
“As águas advindas da transposição não estão sendo roubadas de ninguém. São volumes imensos de água que correm para o mar. Esses volumes deverão se integrar aos nossos açudes, suprindo suas carências sobretudo na eminência das estiagens. Essa obra estrutural solucionará o problema secular da carência de água no semiárido nordestino.”, dizia Dom Aldo.
PIXAÇÕES
Segundo noticiários de periódicos da Paraíba, em setembro de 2008 a sede da Cúria Metropolitana amanheceu pixada. Chamavam Dom Aldo de “amigo dos latifundiários”. O motivo da manifestação foi a série de artigos do arcebispo se posicionando contra o Plano Nacional de Direitos Humanos, no que se referia à limitação e produção da propriedade. Dom Aldo se defendeu: “Eu não sou latifundiário, nem amigo dos mais abastados. Apenas defendo outro tipo
de reforma agrária.”
Segundo entrevista dada ao programa “Cá entre nós” de uma tevê da Paraíba, Dom Aldo explicou que era contrário à invasão de terras porque esta prática contrariava os ensinamentos do Evangelho. Concordava, é claro, que a população carente devia ser ajudada, mas não invadindo a propriedade alheia; e, sim, oferecendo a ela condições de progredir com as próprias pernas, através do estudo e do emprego.
PERSEGUIÇÕES
Em entrevista à Revista “Veja” (11-07-16), Dom Aldo afirmou que foi vítima de conspirações dentro da própria Igreja, na Paraíba. Disse que a questão administrativa e patrimonial da Arquidiocese estava complicada. Tentou resolver o problema com prestação de contas, o que resultou em reações adversas por parte de cinco padres, que formavam um pequeno grupo, mas bem articulado.
Primeiramente o acusaram de ser um ditador, depois passaram aos ataques pessoais contra sua integridade moral e de outros padres. Segundo Dom Aldo, foram acusações horrendas. Esses padres desfrutavam de um poder financeiro que queriam preservar. “Havia um Colégio, Pio XII, que tive de fechar porque tinha um rombo de R$ 1,8 milhão, quando assumi a arquidiocese”. “Pedimos uma auditoria”, mas não houve apôio.
RENÚNCIA
Sobre sua renúncia Dom Aldo afirmou à “Veja” que não aconteceu por vontade própria, mas por uma determinação vinda diretamente do Vaticano, sob alegação de que ele estaria passando por problemas de saúde. Ele aceitou a determinação em respeito à hierarquia da Igreja. Disse, ainda, que na Nunciatura Apostólica, em Brasília, ele pediu para ter acesso ao relatório ou dossiê, no qual ele estava sendo acusado, mas o pedido lhe foi negado.
DESABAFO
A página do G1 PB foi publicado o desabafo de Dom Aldo:
“O tempo é senhor da razão. Cedo ou tarde, não há nada de oculto que um dia não venha a ser revelado. Se você se cala, dá oportunidade para outros dizerem coisas por você. A ressignificação da vida nos marca com cicatrizes. Estas mostram que Deus nos torna mais fortes de quem nos feriu. Eu esperava que a Arquidiocese da Paraíba publicasse em nota oficial a homologação da sentença que o TRT/PB emitiu aos 8 de novembro de 2017 a respeito da falta de materialidade de provas contra os supostos crimes praticados. Fomos isentados: o arcebispo emérito e os padres acusados.
DESPEDIDA
Dom Aldo di Cillo Pagotto despediu-se dos seus fiéis durante a última missa que realizou na Paraíba. “Se querem que eu saia, eu saio. Mas saio com a consciência tranquila e pela porta da frente.” Posteriormente, numa carta enviada ao Vaticano, declarou:
“Tentei doar o melhor de mim mesmo, não obstante as sérias limitações de saúde, ademais das repercussões no equilíbrio emocional, causadas pela constante necessidade de superar conflitos inevitáveis, advindos de reações ao meu modo de ser e de agir.”
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NAIR LÚCIA DE BRITTO
Antes de iniciar este “Tributo” ao emérito Arcebispo Dom Aldo di Cillo Pagoto, quero dizer que quando tomei a decisão de estudar Jornalismo na “Faculdade de Comunicação Social “Cásper Líbero”, não foi só porque eu gostava de escrever; mas porque queria externar minhas próprias ideias e. sobretudo, combater as injustiças.
O presente “Tributo” é um combate acirrado à terrível injustiça que Dom Aldo sofreu. Sua enorme abnegação como líder religioso e colaborador incansável na luta por um mundo melhor, cristão e mais justo, foi paga com a ingratidão. Isto é, um processo judicial que transcorreu lentamente. Minando, pouco a pouco, a saúde de Dom Aldo e tirando o sorriso do seu rosto.
Junto a este, faço um apelo ao Papa Francisco para que, por favor, divulgue aos quatro cantos do mundo a inocência dele para que cessem as ofensas que lhe fazem, ainda hoje, e que maldosamente tramitam pelas redes sociais. Deus é Justiça, pois então que ela se faça!
Aos 14 de abril de 2021, completa um ano que o emérito Arcebispo Dom Aldo di Cillo Pagotto nos deixou. Entretanto só o conheci após sua passagem, através do trabalho que ele deixou. Como religioso, reconheci nele um dos representantes mais ilustres da Igreja Católica; e, como ser humano, um batalhador incansável pelo bem-estar social.
Na sua infância, recebeu dos avós italianos noções de moral e lealdade cristãs. Teve no exemplo dos pais a prática da caridade e do amor ao próximo. Quando adulto tornou-se um homem forte, inteligente, lúcido, estudioso e amigo do conhecimento. Alguém à frente do seu tempo, em razão da visão ampla diante do mundo.
Gostava de Medicina, Arquitetura, Agricultura, Música, Teatro, Pintura. Na Literatura, apreciava Clarice Lispector e, na música, tinha como ídolo Chico Buarque de Holanda. Romântico, gostava de escrever poesias. E nos momentos de lazer, tocava sanfona, piano e teclado. Para uma psicóloga Dom Aldo tinha talento para ser um artista.
Mas entre todos seus dons, Dom Aldo vocação religiosa falou mais alto. Era uma força misteriosa, inexplicável que o chamava de forma eloquente. Queria ser um servo de Deus.
Dom Aldo foi ordenado presbítero em 1977. E tornou-se bispo em 1997, no Ceará. Permaneceu na diocese de Sobral até 2004, quando foi transferido para a Paraíba.
Seu objetivo era trabalhar pela UNIDADE, ou seja; a união de todos nós, filhos de Deus, e abolia quaisquer preconceitos. Era amigo de religiosos que pertenciam a outras crenças e era amado por eles.
“Dom Aldo, ainda costuma andar de madrugada pelas ruas de Fortaleza para socorrer vítimas do vício? Cuidado, Dom Aldo! “, o alertaram certa vez. Foram vários projetos sociais voltados para promoção humana e participava de Congressos em pró da família. Para ele, construção da família era algo de extremo valor.
HOMENAGEM DE UMA FIEL DA IGREJA CATÓLICA
Eis um resumo do que Maria José Custódio Loureiro escreveu a Dom Aldo, no Sétimo Dia de sua passagem:
“Estes dias, após a partida do Dom Aldo, me serviram para meditar sobre sua vida. Não sou biógrafa, não costumo memorizar números e datas, mas sei lembrar e agradecer o bem propagado por alguém.
Dom Aldo foi sempre um homem do Bem. Eu o conheci desde que era padre novo, recém-ordenado. Acompanhei sua evangelização e sua luta para manter-se leal, fiel e perseverante à escolha de servir ao Cristo. Cada um de nós sabe que não é fácil seguir uma vocação, principalmente se esse chamado vem do Alto.
Jovem, bonito e inteligente, no princípio foi muito assediado por mulheres que viam nele o homem ideal, segundo o modelo do mundo. Mas Cristo venceu a competição e se tornou para sempre a pedra angular de sua vida. Combateu o bom combate, como diria São Paulo, levando com entusiasmo a Palavra de Deus a todos que dela necessitavam e que tinham a graça de tê-lo como pastor.
Viveu uma vida de serviço e amor a Deus; e o exaltamos, hoje, na certeza de que já se encontra no abraço do Pai e da Mãe Nossa Senhora da Imaculada Conceição, a quem não se cansava de venerar e aclamar. O céu está em festa! E é preciso que se diga a todos que fizeram mau-juizo dele que os insultos não o atingem mais. Porque ele está na glória do Pai. Pede a Deus, por nós, Dom Aldo, para que um dia possamos nos reunir no Reino do Amor. Obrigada pela sua vida. Descanse em paz.”
HOMENAGEM DA PASTORAL DA CRIANÇA
“A Pastoral da Criança gostaria de mais uma vez agradecer por todos os anos dedicados por Dom Aldo à missão de levar vida em abundância para as crianças e famílias pobres; e se solidariza com os familiares, rogando a Deus para que sejam confortados na certeza da Ressurreição em Cristo e do retorno à casa do Pai. Abaixo, texto resumido do escrito por ele às líderes da Pastoral da Criança, em fevereiro de 2012”:
“A Pastoral da Criança oferece enorme colaboração pela sua experiência vivida ao longo de seus trinta anos de existência, graças ao legado da inesquecível Dra. Zilda Arns Newmann, sua mentora e fundadora. Suas ações básicas oferecem um roteiro seguro de prevenção às doenças e mortalidade infantil. Orientações sobre alimentação e nutrição sadias se constituem maneiras práticas para a capacitação permanente de gestantes e de mães, para melhor assegurar a saúde dos filhos desde o ventre materno. A finalidade da Campanha da Fraternidade é a defesa e promoção da vida saudável, alertando os órgãos públicos sobre mazelas a serem superadas com a solidariedade fraterna. O Manual da Campanha aborda tristes realidades a serem superadas, priorizando investimentos indispensáveis na qualificação do sistema público de saúde no Brasil. Essa superação é possível com a colaboração efetiva de práticas que a Pastoral da Criança sempre utilizou, salvando vidas! Ela tem a missão de divulgar suas ações, acompanhando o maior número possível de gestantes e mães necessitadas de orientação segura sobre saúde, com recursos simples e econômicos, cientificamente comprovados por sua eficácia. As lideranças da Pastoral desempenham um trabalho maravilhoso porque são guiadas pelo amor de Deus e de conformidade com os valores do Evangelho de Jesus. Doar-se por amor, salvando vidas, é o segredo do seu sucesso, em grande parceira de políticas públicas que devem cada vez mais serem melhoradas e consolidadas.
Assinado: Dom Aldo Di Cillo Pagotto - Arcebispo da Paraíba e Presidente do Conselho Diretor da Pastoral da Criança.”
LIVRO
Segundo a CNBB Nordeste 2, a “Forma Editorial” lançou o livro “O Evangelho nos nossos Dias”, de autoria de Dom Aldo Pagotto (impresso em dezembro de 2011) no Centro Cultural São Francisco, em João Pessoa.
Foram selecionados 117 artigos pelo jornalista Agnaldo Almeida, todos escritos pelo Arcebispo da Paraíba para os jornais “Correio da Paraíba”, “Jornal da Paraíba” e “O Norte”. O livro foi editado pelo diretor da Forma Editorial, Carlos Roberto de Oliveira, e Juca Pontes. A apresentação da obra é de autoria do pastor Estevam Fernandes, da Primeira Igreja Batista de João Pessoa, que escreveu o seguinte:
“Dom Aldo é uma das figuras mais importantes, hoje, na história da nossa Paraíba, especialmente porque ele transpõe os limites do religioso e se faz presente nos dramas existenciais do nosso povo. Ouve-se a sua voz delatando injustiças, clamando por políticas públicas não alimentadoras de assistencialismo decadente, mas voltadas para o desenvolvimento humano, como educação de qualidade e emprego e renda que gerem condições mínimas de vida digna. Dom Aldo é um sacerdote comprometido com o que há de mais sagrado e precioso sobre a Terra: a vida humana.”
Na solenidade do evento, pronunciaram-se o Arcebispo e o jornalista Carlos Roberto de Oliveira, editor da Forma Editorial (editora paraibana). Logo após, foi oferecido coquetel com sessão de autógrafos.
A obra contém 296 páginas, o miolo foi impresso em papel pólen 90g.; a capa 350 g., em alto relevo, com aplicação de verniz UV e laminação fosca. O livro foi distribuído para venda nas principais livrarias do Estado da Paraíba e, posteriormente, a distribuição foi nacional.
A escritora paraibana, Lourdes Limeira, comentou: “O livro de Dom Aldo é um Evangelho mais aprofundado. Abre portas para o leitor questionar-se sobre si e sua vida cristã, além de reafirmar que a verdadeira luz e esperança encontram-se, sem dúvida, em servir ao Filho de Deus nessa sociedade conturbada. Mostrou aos paraibanos do que é capaz. Ele, segue, na íntegra, as regras do Nosso Pai. Recomendo-o a todos, cristãos e pagãos.”
POLÊMICAS CONTRA DOM ALDO
Um dia após a partida de Dom Aldo (15/04/20), Nonato Guedes comentou, em seu Portal, sobre as polêmicas durante a trajetória de vida de Dom Aldo.
Uma delas pelo fato de o Bispo da Paraíba ter proibido os padres de disputarem cargos políticos durante as eleições; o que gerou vários protestos. Dom Aldo também foi muito criticado por suas amizades junto aos adptos da Doutrina Espírita; inclusive por participar de eventos para os quais era convidado.
O pastor Estevam Fernandes, que prefaciou o livro de Dom Aldo, referiu-se a ele, dizendo: “Amados por muitos, incompreendido por outros, consequência inevitável de quem se expõe e não tem medo de assumir polêmicas. Vai escrevendo sua história em nossa terra, deixando marcas indeléveis de quem tem a consciência histórica não só no ministério episcopal, mas também de cidadania, de compromisso com as transformações que urgem em nossa sociedade tão anticristã e tão desigual.”
Dom Aldo também projetou-se como presidente do Comitê Estadual em defesa da transposição das águas do rio São Francisco. Coordenava reuniões com representantes do governo do Estado e de entidades sociais para discutir as prioridades da Paraíba, nesse projeto; no qual ele apostava desenvolvimento no âmbito estadual e regional para a Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco.
“As águas advindas da transposição não estão sendo roubadas de ninguém. São volumes imensos de água que correm para o mar. Esses volumes deverão se integrar aos nossos açudes, suprindo suas carências sobretudo na eminência das estiagens. Essa obra estrutural solucionará o problema secular da carência de água no semiárido nordestino.”, dizia Dom Aldo.
PIXAÇÕES
Segundo noticiários de periódicos da Paraíba, em setembro de 2008 a sede da Cúria Metropolitana amanheceu pixada. Chamavam Dom Aldo de “amigo dos latifundiários”. O motivo da manifestação foi a série de artigos do arcebispo se posicionando contra o Plano Nacional de Direitos Humanos, no que se referia à limitação e produção da propriedade. Dom Aldo se defendeu: “Eu não sou latifundiário, nem amigo dos mais abastados. Apenas defendo outro tipo
de reforma agrária.”
Segundo entrevista dada ao programa “Cá entre nós” de uma tevê da Paraíba, Dom Aldo explicou que era contrário à invasão de terras porque esta prática contrariava os ensinamentos do Evangelho. Concordava, é claro, que a população carente devia ser ajudada, mas não invadindo a propriedade alheia; e, sim, oferecendo a ela condições de progredir com as próprias pernas, através do estudo e do emprego.
PERSEGUIÇÕES
Em entrevista à Revista “Veja” (11-07-16), Dom Aldo afirmou que foi vítima de conspirações dentro da própria Igreja, na Paraíba. Disse que a questão administrativa e patrimonial da Arquidiocese estava complicada. Tentou resolver o problema com prestação de contas, o que resultou em reações adversas por parte de cinco padres, que formavam um pequeno grupo, mas bem articulado.
Primeiramente o acusaram de ser um ditador, depois passaram aos ataques pessoais contra sua integridade moral e de outros padres. Segundo Dom Aldo, foram acusações horrendas. Esses padres desfrutavam de um poder financeiro que queriam preservar. “Havia um Colégio, Pio XII, que tive de fechar porque tinha um rombo de R$ 1,8 milhão, quando assumi a arquidiocese”. “Pedimos uma auditoria”, mas não houve apôio.
RENÚNCIA
Sobre sua renúncia Dom Aldo afirmou à “Veja” que não aconteceu por vontade própria, mas por uma determinação vinda diretamente do Vaticano, sob alegação de que ele estaria passando por problemas de saúde. Ele aceitou a determinação em respeito à hierarquia da Igreja. Disse, ainda, que na Nunciatura Apostólica, em Brasília, ele pediu para ter acesso ao relatório ou dossiê, no qual ele estava sendo acusado, mas o pedido lhe foi negado.
DESABAFO
A página do G1 PB foi publicado o desabafo de Dom Aldo:
“O tempo é senhor da razão. Cedo ou tarde, não há nada de oculto que um dia não venha a ser revelado. Se você se cala, dá oportunidade para outros dizerem coisas por você. A ressignificação da vida nos marca com cicatrizes. Estas mostram que Deus nos torna mais fortes de quem nos feriu. Eu esperava que a Arquidiocese da Paraíba publicasse em nota oficial a homologação da sentença que o TRT/PB emitiu aos 8 de novembro de 2017 a respeito da falta de materialidade de provas contra os supostos crimes praticados. Fomos isentados: o arcebispo emérito e os padres acusados.
DESPEDIDA
Dom Aldo di Cillo Pagotto despediu-se dos seus fiéis durante a última missa que realizou na Paraíba. “Se querem que eu saia, eu saio. Mas saio com a consciência tranquila e pela porta da frente.” Posteriormente, numa carta enviada ao Vaticano, declarou:
“Tentei doar o melhor de mim mesmo, não obstante as sérias limitações de saúde, ademais das repercussões no equilíbrio emocional, causadas pela constante necessidade de superar conflitos inevitáveis, advindos de reações ao meu modo de ser e de agir.”
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