TEMPOS DO PASSADO E DE AGORA
Já nada é como antes e naquela época as pessoas eram muito mais felizes. É muito comum ouvir-se esta frase e eu acho que se tornou numa frase feita.
Havia coisas boas e coisas menos boas para não dizer más, vistas agora á luz do tempo que já passou.
Na altura não se reclamava, era assim o modo de viver. Há coisas para as quais olho com saudade, mas para outras não, foi boa a evolução.
Na verdade não precisávamos de tanto como agora. Brincávamos ao ar livre, contentávamo-nos com pouco e nem nos apercebiamos que tinhamos tão pouco, porque o que tinhamos era suficiente, proporcionava-nos alegria e prazer. Brincávamos com coisas improvisadas e viviamos despreocupados. Ficávamos satisfeitos com coisas simples. A simplicidade produz paz e amor. Bebiamos a natureza, havia genuinidade e autenticidade.
Hoje, as pessoas, com toda a parafernália ao seu redor, vivem insatisfeitas. Elas querem sempre mais e mais, o buraco da insatisfação nunca é preenchido porque não tem fundo. Ninguém é feliz assim. Isto gera muita angústia, desassossego, mal-estar, raiva, revolta, depressão. Torna-se num ciclo vicioso em torno dum fulcro negro e fedorento.
A culpa é do progresso. Um progresso mal conduzido que visa apenas um errado conforto físico. As pessoas tornam-se preguiçosas, desleixadas, egoístas, arrogantes, gananciosas, individualistas, ufa, que quadro tão deprimente.
Sem dúvida que o progresso também tem coisas boas, é preciso é saber separar o trigo do joio. É claro que ainda existe muita gente que não se deixou corromper pela robótica nem pela cibernética. É bom juntar o util ao agradável.
Quando o computador apareceu era visto como um terrível inimigo que vinha tirar o emprego a muita gente, hoje porém, já ninguem passa sem o computador, ele tornou-se um aliado indispensavel e quem fala no computador, fala também no smartphone.
Longe vai o tempo que nos alumiávamos com a candeia, não havia luz eléctrica. Eu lembro-me que o nosso frigorífico funcionava a petróleo. Também não havia casas de banho. Hoje não consigo imaginar viver sem casa de banho. Neste sentido, hoje temos mais qualidade de vida.
Perderam-se umas coisas, ganharam-se outras.
O que é importante é aliar a qualidade de vida exterior com a qualidade de vida interior. E o que é qualidade de vida interior? Pois, é ser bom, altruísta, verdadeiro, honesto, generoso, grato, caridoso e são estes predicados que nos fazem sentir pessoa, gente autêntica e feliz e ser feliz, nem é assim tão difícil!
Vivemos na era digital, é importante não nos alhearmos da realidade e não nos deixarmos dominar pela máquina para que não reduza os nossos sentimentos a uma coisa amorfa, e arrefeça e limite a nossa capacidade de sonhar.
©Maria Dulce Leitao Reis
Copyright 31/03/21