OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA
FERNANDES, Osmar Soares
RESUMO
Essa pesquisa tem como meta apresentar e analisar os hábitos de higiene na Idade Média - intitulada “Idade das trevas”, que, começou com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e se encerrou com a tomada da capital do Império Bizantino, Constantinopla, pelos turcos-otomanos, em 1453. Tem como objetivo analisar a sociedade medieval no que se refere aos hábitos de higiene; a influência e a dominação da Igreja Católica nessa sociedade e o papel da medicina, resultaram consequências, inimagináveis, na vida do povo. Justifica-se o trabalho pela sua relevância histórica, social, cultural, política, econômica e religiosa. O método de pesquisa foi exploratória, bibliográfica e documental em livros, revistas, jornais, monografias, artigos, teses, dissertações, relatórios de pesquisa, doutrinas, em material presencial e on-line, entre (1991 a 2021). O trabalho foi realizado no mês de março de 2021. O cristianismo da Idade Média, proibia e reprimia o culto a beleza, impondo pesadas vestimentas para que o corpo humano ficasse escondido, não fosse mostrado. As noivas levavam ramos de flores (gardênias, jasmins e alfazemas, que floresciam no mês de maio), ao lado de seu corpo nas carruagens para disfarçar o mau cheiro. Os reis usavam a água de poço e só lavavam as mãos e o rosto. Havia uma enorme quantidade de pulgas e piolhos. Ao final, conclui-se, que, a sociedade era desinformada, população analfabeta, e dominada por dogmas e mitos da Igreja, o que levou a propagação da peste negra por meio de ratos e, principalmente, pulgas infectadas com o bacilo, que acabava sendo transmitido às pessoas quando essas eram picadas, o que dizimou 1/3 da população medieval europeia, em decorrência desta pandemia – que ficou conhecida como peste bubônica, que atingiu o continente europeu em meados do século XIV (1346 – 1353). A Igreja Católica Ortodoxa na Idade Média, durante a pandemia, ganhou mais força pois fazia com que as pessoas acreditassem que o surto era culpa de Deus e que as pessoas precisariam orar para não ser vítimas do Pecado.
Palavras-chave: Hábito de Higiene. Idade Média. Igreja. Medicina. Peste Negra.
____________________________
GRADUADO EM HISTÓRIA, LICENCIATURA PLENA (UNIC/MT), PÓS-GRADUADO EM PSICOPEDAGOGIA CLÍNICA E INSTITUCIONAL (FATEC/PR). Atuou como Professor EFM, em diversas matérias: 1994 a 1996, na cidade de Várzea Grande/MT, na Rede Pública Estadual de Ensino, pela SEED/MT, nos Colégios Couto Magalhães e Sarita Baracat; e, Professor de História EFM, 2011 a 2017, na Comarca de Nova Londrina/PR (NOVA LONDRINA, MARILENA E ITAÚNA DO SUL), na Rede Pública Estadual de Ensino, pela SEED/PR; Ex-vereador, na cidade de Nova Londrina, 2013 a 2016; exerceu a função pública Federal de Secretário Parlamentar 2017 a 2019, na Câmara dos Deputados - DF. Escritor, Poeta, Historiador e Psicopedagogo. E-mail: osmarescritor@gmail.com
ABSTRACT
This research aims to present and analyze hygiene habits in the Middle Ages - entitled “Dark Ages”, which began with the fall of the Western Roman Empire in AD 476 and ended with the seizure of the capital of the Byzantine Empire , Constantinople, by the Ottoman Turks, in 1453. It aims to analyze medieval society with regard to hygiene habits; the influence and domination of the Catholic Church in that society and the role of medicine, resulted in unimaginable consequences in the life of the people. The work is justified by its historical, social, cultural, political, economic and religious relevance. The research method was exploratory, bibliographic and documentary in books, magazines, newspapers, monographs, articles, theses, dissertations, research reports, doctrines, in face-to-face and online material, between (1991 to 2021). The work was carried out in the month of March 2021. The Christianity of the Middle Ages, forbade and repressed the cult of beauty, imposing heavy garments so that the human body was hidden, not to be shown. The brides carried bouquets of flowers (gardenias, jasmines and lavenders, which bloomed in the month of May), next to her body in the carriages to disguise the stench. Kings used well water and only washed their hands and faces. There was an enormous amount of fleas and lice. In the end, it is concluded that, the society was uninformed, illiterate population, and dominated by dogmas and myths of the Church, which led to the spread of the black plague by means of rats and, mainly, fleas infected with the bacillus, which ended being transmitted to people when they were bitten, which decimated 1/3 of the medieval European population, due to this pandemic - which became known as bubonic plague, which hit the European continent in the middle of the 14th century (1346 - 1353). The Orthodox Catholic Church in the Middle Ages, during the pandemic, gained more strength because it made people believe that the outbreak was the fault of God and that people would need to pray in order not to be victims of Sin.
Keywords: Hygiene Habit. Middle Ages. Church. Medicine. Black Plague.
1. INTRODUÇÃO
A idade Média começou com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e se encerrou com a tomada da capital do Império Bizantino, Constantinopla, pelos turcos-otomanos, em 1453. A sociedade medieval é taxada como “Idade das trevas, designando tudo que advém dela como “ruim” e obscuro. A higiene nessa sociedade não era prioridade, diante de todo conhecimento de higiene que se tem hoje, no século XXI, era, absurdamente, diferente, imunda, e tinha o aval da medicina – os médicos achavam que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças; já a Igreja - tratava imundície como um sinal de sacrifício.
1.1 DELIMITAÇÃO DO TEMA E FORMULAÇÃO DO PROBLEMA
O tema proposto de pesquisa foi sobre: OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA, que ficou conhecida como “idade das trevas”. No decorrer do trabalho, analisou a pirâmide social e seus costumes, essencialmente, seus hábitos de higiene; verificou-se que àquela população não priorizava os banhos, não tinham hábitos de higiene do corpo e o cuidado com o seu lixo; um povo sem letramento, praticamente analfabeto, dominado por dogmas da Igreja da época, que detinha a supremacia temporal e atemporal, que aprovava a imundície como sacrifício; e por uma classe médica desqualificada e sem conhecimento científico que pregava que a água, sobretudo, quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças. A consequência dessa falta de higiene, levou a população a mais trágica pandemia da história até então conhecida, a peste negra, que ocorreu em meados do século XIV (1346 – 1353), dizimando 1/3 da população.
1.2 JUSTIFICATIVA
Justifica-se o trabalho pela sua relevância histórica, social, cultural, política, econômica e religiosa, no período da Idade Média 476 d. C a 1453; onde a falta de higiene daquela sociedade medieval, proporcionou a maior pandemia de mortes conhecida até hoje na história mundial: a peste negra, dizimando 1/3 daquela população.
1.3 OBJETIVOS
1.3.1 Objetivo Geral
Tem como objetivo analisar a sociedade medieval no que se refere aos hábitos de higiene e o papel da medicina e da igreja e suas causas, efeitos e consequências.
1.3.2 Objetivos Específicos
A fim de alcançar o objetivo geral, são propostos os seguintes objetivos específicos:
a) expor aspectos de higiene na hierarquia social medieval e os seus costumes cotidianos.
b) discorrer sobre as causas e os efeitos em relação a essa sociedade medieval, no tocante a falta de higiene e propagação das pestes.
c) descrever a vida social e os mitos criados na sociedade medieval em relação aos banhos.
1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
A pesquisa proposta para o trabalho a ser elaborado tem como tema: OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA, A idade Média começou em 476 d.C., e se encerrou em 1453. Quanto ao seu objetivo, será a do tipo exploratória, pois proporciona “[...] maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a construir hipóteses” (GIL, 2002, p. 41). Serão analisadas pesquisa bibliográfica e documental em livros, revistas, jornais, monografias, artigos, teses, dissertações, relatórios de pesquisa, doutrinas, em material presencial e on-line, compreendo o período de 1991 a 2021). A finalidade consiste em colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que já foi escrito ou dito sobre o tema em estudo (MOTTA, 2012. O trabalho foi realizado no mês de março de 2021. Foram utilizadas as palavras-chave: Hábito de Higiene. Idade Média. Igreja. Medicina. Peste Negra.
2. A IDADE MÉDIA
A idade Média, começou com a queda do Império Romano do Ocidente em, 476 d.C., e se encerrou com a tomada da capital do Império Bizantino, Constantinopla, pelos turcos-otomanos, em 1453. Rotulada como “Idade das Trevas”, termo adotado pelos humanistas do século XVII, aonde generalizaram toda a civilização da Europa do século IV ao século XV como um tempo de ruína e flagelo. Foi uma época em que o gênio humano se manifestou de maneira memorável nas artes: letras, música, arquitetura, pintura, filosofia, dando às suas produções um toque transcendental, intimamente religioso e inspirado na fé.
As principais características da Idade Média são: o feudalismo, as relações de suserania e vassalagem, as Cruzadas, as ordens de cavalaria e a Peste Negra. O feudalismo foi o sistema pelo qual as terras dos reis foram divididas em feudos, nos quais trabalhavam os servos para seus senhores. Esse período costuma ser dividido em dois:
a) Alta Idade Média (século V ao XI), foi um dos períodos mais importantes porque foi nessa fase que ocorreu a construção do feudalismo, que marcou esse momento histórico; A igreja ganhou muita força na Alta Idade Média colocando um ponto final nos pensamentos laicos, de forma que o cristianismo e a igreja católica eram impostos a população. Assim, o teocentrismo é uma forte característica da Alta Idade Média.
b) Baixa Idade Média (século XI ao XV), ao longo dessa fase pode ser vista na Europa um crescimento demográfico e o reaparecimento do comércio à medida que novas técnicas agrícolas permitiam uma maior produtividade dos solos e colheitas. Nessa época se estabeleceu duas estruturas sociais que dominaram a Europa até o Renascimento: o senhorialismo – grupo de camponeses em aldeias que pagavam renda e prestavam vassalagem a um nobre, e o feudalismo – ordem política em que os nobres de estatuto inferior oferecem serviço militar aos seus senhores, recebendo como recompensa uma gleba e o direito de cobrar impostos em determinado território. As cruzadas foram assunto pela primeira vez em 1095. Elas representaram uma investida da cristandade em recuperar dos muçulmanos a chefia sobre a Terra Santa, tendo chegado a se firmar em alguns estados cristãos no Médio Oriente. Nos dois últimos séculos da Baixa Idade Média ocorreram um grande número de guerras, imprevistos e desastres. A população foi atingida por falta de produtos essenciais para sobrevivência e pestes; apenas a peste negra matou cerca de um terço da população europeia entre os anos de 1347 e 1350. O Grande Cisma do Ocidente no seio da Igreja teve grandes consequências na sociedade e foi uma das razões para o surgimento de várias guerras entre estados. Foi visto também um grande número de guerras civis e revoltas populares dentro dos reinos. O avanço cultural e tecnológico alterou completamente a sociedade europeia, encerrando a Idade Média e dando início à Idade Moderna. No Renascimento, convencionou-se chamar a Idade Média de Idade das Trevas pelo fato de os renascentistas se colocarem como herdeiros do pensamento e da ciência desenvolvidos por gregos e romanos, fazendo renascer a cultura da Antiguidade.
2. 1 A SOCIEDADE ERA ESTÁTICA
A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade. Era isento de impostos e arrecadava o dízimo. A terceira camada da sociedade era formada pelos servos (camponeses) e pequenos artesãos. Os servos deviam pagar várias taxas e tributos aos senhores feudais, tais como: corveia (trabalho de 3 a 4 dias nas terras do senhor feudal), talha (metade da produção), banalidades (taxas pagas pela utilização do moinho e forno do senhor feudal).
É preciso visualizar a Idade Média como uma sociedade de trabalho, postas nos juramentos de fidelidade estabelecidos entre os homens, onde as relações econômicas são secundarias e de pouca importância na vida cotidiana do homem medieval, como bem viu Pernoud, ao chamar a atenção para esse aspecto da sociedade. Dessa maneira, Pernoud (1997, p. 27) argumenta que,
Para compreender a Idade Média, temos de nos representar uma sociedade que vive de um modo totalmente diferente, donde a noção de trabalho assalariado e mesmo em parte a de dinheiro estão ausentes ou são muito secundárias. O fundamento das relações de homem para homem é a dupla noção de fidelidade, por um lado, e de proteção, por outro. Assegura-se devoção a qualquer pessoa e espera-se dela em troca segurança. Compromete-se, não a atividade em função de um trabalho preciso, de remuneração fixa, mas a própria pessoa, ou melhor, a sua fé, e em troca requere-se subsistência e proteção, em todos os sentidos da palavra. Tal é a essência do vínculo feudal.
2.2 A CULTURA MEDIEVAL
Era composta de um agrupamento de protestos filosóficos, literários, religiosos, científicos, que juntava fatores das culturas greco-romanas e germânicas, numa síntese permeada por aspectos cristãos. Mesmo prevalecendo o sentimento cristão-católico-romano nela não existia uma influência de cultura secular e naturalista, representada pela literatura fantasiosa, por mitos, lendas e canções populares.
Na literatura destacou-se as poesias em latim dos goliardos, que demonstravam características revolucionárias em relação à sociedade medieval, aonde essa “vagabundagem estudantil” demonstrava suas mentalidades sobre a sociedade, hora com aspectos positivos, hora com ideologias negativas, conforme este poema:
“(...) Sou coisa ligeira
Como a folha que é joguete da tempestade.
...
Como o batel6 vogando sem piloto,
Como uma ave errante pelos caminhos do ar,
Não estou amarrado nem por âncora, nem por cordas.
...
A beleza das raparigas feriu o meu peito,
As que não posso tocar, possuo-as com o coração.
...
Censuraram-me, depois, pelo jogo. Mas assim que o jogo
Me deixa nu, com o corpo frio, o meu espírito aquece.
É então que a minha musa compõe as suas melhores canções.
Em terceiro lugar, falemos da taberna.
...
Quero morrer na taberna
Onde os vinhos estiverem perto da boca do moribundo,
Depois os corpos dos anjos descerão cantando:
...”(LE GOFF, 1984, pg.31).
2.3 AS CRUZADAS
No século XI, dentro do contexto histórico da expansão árabe, os muçulmanos conquistaram a cidade sagrada de Jerusalém. Diante dessa situação, o papa Urbano II convocou a Primeira Cruzada (1096), com o objetivo de expulsar os "infiéis" (árabes) da Terra Santa. Essas batalhas, entre católicos e muçulmanos, duraram cerca de dois séculos, deixando milhares de mortos e um grande rastro de destruição. Ao mesmo tempo em que eram guerras marcadas por diferenças religiosas, também possuíam um forte caráter econômico. Muitos cavaleiros cruzados, ao retornarem para a Europa, saqueavam cidades árabes e vendiam produtos nas estradas, nas chamadas feiras e rotas de comércio. De certa forma, as Cruzadas contribuíram para o renascimento urbano e comercial a partir do século XIII. Após as Cruzadas, o Mar Mediterrâneo foi aberto para os contatos comerciais.
2.4 OS HÁBITOS DE HIGIENE NA IDADE MÉDIA
A Idade Média é taxada como “Idade das trevas”. A visão sobre este período acompanha o ocidente desde o Renascimento, designando tudo que advém dela como “ruim” e obscuro. A idade Média começou com a queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C., e se encerrou com a tomada da capital do Império Bizantino, Constantinopla, pelos turcos-otomanos, em 1453. A higiene pessoal não era considerada uma prioridade nessa sociedade; os homens acreditavam, que o banho, quando em excesso, poderia prejudicar a saúde. A higiene era de péssimas condições, diante de todo conhecimento de hábitos de higiene que se tem hoje, no século XXI, era, absurdamente, diferente, imunda, e tinha o aval da medicina – os médicos achavam que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças; protegiam as narinas com vinagre e água de rosas e as roupas não permitiam o contato com o meio e carregavam longas lancetas para perfurar os bubões. A Igreja Ortodoxa na Idade Média, tratava imundície como um sinal de sacrifício e, durante a pandemia, ganhou mais força pois fazia com que as pessoas acreditassem que o surto era culpa de Deus e que as pessoas precisariam orar para não ser vítimas do Pecado; proibia e reprimia o culto a beleza, impondo pesada vestimentas para que o corpo humano ficasse escondido, não fosse mostrado.
Durante esse período da história medieval, até os reis usavam a água de poço e só lavavam as mãos e o rosto. Havia uma enorme quantidade de pulgas e piolhos. Por essa época, a Igreja tratava imundície como um sinal de sacrifício e dizia que banhos eram lascivos, sensuais, e um hábito de judeus e islâmicos. Monges, dependendo da ordem, tomavam banho duas vezes por ano. Alguns santos, como São Goderico (1065-1170), que foi da Inglaterra a Jerusalém sem trocar de roupa, eram famosos por sua imundície.
A peste negra se propagou e foi uma pandemia que se deflagrou na Europa, no século XIV, provocando uma das maiores baixas populacionais da história desse continente. Foi uma pandemia que acometeu a Europa no século XIV provocada pelo bacilo Yersinia pestis e deflagrada a partir do ano de 1348. Os sintomas eram mal-estar geral, febre alta, bolhas de pus que se espalhavam pelo corpo rapidamente, acometendo principalmente virilhas e axilar, além de vômitos. Os homens que existiam nessa época, atribuíam a peste negra como uma maneira de castigo divino, que foi enviado para que os homens pudessem pagar seus pecados. A doença começou a ser controlada apenas no fim do século XIV, quando foram adotadas medidas mais higiênicas nas cidades da Idade Média.
Durante a Idade Média, na Europa, precárias condições de higiene causaram o surgimento de pragas mortais, como a peste negra, transmitida por ratos e que matou um terço de todo o continente. Durante séculos, não se associava a proliferação de doenças com a falta de higiene.
As condições de higiene nas ruas, a água, que era utilizada para os banhos e os excrementos corporais, era atirada pela janela, o esgoto também ficava exposto à céu aberto, o que ajudava na proliferação do mau cheiro, e principalmente, de doenças altamente infecciosas e contagiosas. Até mesmo as roupas das camas eram imundas, e muitas vezes, em uma mesma cama, dormiam diversos membros da família.
Também era muito comum que os indivíduos mantivessem animais de grande porte dentro de suas casas. A falta de higiene pessoal juntamente com essas outras características, acabavam também facilitando o aparecimento de ratos. Durante a Idade Média, a taxa de mortalidade também era grande. Cerca de 1/3 das crianças morriam antes mesmo de completar um ano de idade.
O lixo se acumulava nas ruas, aumentando ainda mais o número de ratos infectados pela rua. A própria pulga desses ratos, acabavam transmitindo os agentes infectados aos homens, através de picadas. Os ratos também acabavam morrendo em decorrência da doença, e quanto isso acontecia, as pulgas acabavam pulando rapidamente para os humanos e se alimentavam do sangue dos mesmos.
A sujeira era tanta, a falta de higiene desumana a tal ponto, que, quando começou a pandemia da peste, houve o afastamento entre amigos, familiares, e a separação foi inevitável. Bocaccio, em “Decameron“, faz uma descrição da peste em Florença. Hoje, a ciência avançou muito – sabemos, por exemplo, que a peste bubônica é transmitida pela pulga do rato.
"Os homens se evitavam [...] parentes se distanciavam, irmão era esquecido por irmão, muitas vezes o marido pela mulher; ah, e o que é pior e difícil de acreditar, pais e mães houve que abandonaram os filhos à sua sorte, sem cuidar deles e visitá-los, como se fossem estranhos... Afirmo, portanto, que tínhamos atingido já o ano bem farto da Encarnação do Filho de Deus de 1348, quando, na mui excelsa cidade de Florença, cuja beleza supera a de qualquer outra da Itália, sobreveio a mortífera pestilência. Por iniciativa dos corpos superiores ou em razão de nossas iniquidades, a peste atirada sobre os homens por justa cólera divina e para nossa exemplificação, tivera início nas regiões orientais, há alguns anos. Tal praga ceifara, naquelas plagas, uma enorme quantidade de pessoas vivas. Incansável, fora de um lugar para outro; e estendera-se, de forma miserável, para o Ocidente. E a peste ganhou maior força porque dos doentes passava aos sãos que com eles conviviam, de modo nada diferente do que faz o fogo com as coisas secas ou engorduradas que lhe estejam muito próximas. E mais ainda avançou o mal: pois não só falar e conviver com os doentes causava a doença nos sãos ou os levava igualmente à morte, como também as roupas ou quaisquer outras coisas que tivessem sido tocadas ou usadas pelos doentes pareciam transmitir a referida enfermidade a quem as tocasse". E, deixando de lado todas as particularidades das passadas misérias sofridas pela cidade, direi que aqueles tempos tão adversos que a devastavam nem por isso pouparam os campos circundantes, onde (sem mencionarmos os castelos, que eram cidades em miniatura), nas aldeias esparsas e nas plantações, os lavradores miseráveis e pobres e suas famílias, sem nenhum socorro de médicos nem ajuda de serviçais, morriam nas ruas, nas lavouras e nas casas, de dia e de noite, indiferentemente, não como homens, mas quase como animais. Em vista disso, tornando-se dissolutos como os citadinos em seus costumes, eles não cuidavam de suas coisas nem de seus afazeres; ao contrário, como se esperassem a chegada da morte para aquele mesmo dia, não se preocupavam com os futuros frutos da criação, das terras e do trabalho já realizado, e esforçavam-se com todo o empenho em consumir tudo o que tivessem no presente. Com isso, bois, asnos, ovelhas, cabras, porcos, frangos e até os fidelíssimos cães, expulsos de suas próprias casas, saíam andando a esmo pelos campos (onde a messe ainda estava abandonada, sem ser ceifada, para não dizer colhida). E muitos, como se fossem racionais, depois de terem se apascentado bem durante o dia, voltavam saciados à noite para casa, sem serem tangidos por pastores. (Decameron - BOCACCIO - 1352).
Na Idade Média não existiam escovas de dente, perfumes, desodorantes, muito menos papel higiênico, as pessoas não tomavam banho e nem lavavam as roupas! A higiene pessoal não era considerada uma prioridade e para ser considerado limpo, bastava lavar as mãos e o rosto. Médicos proibiam dar banho em crianças.
De acordo com os estudos de (Souza, 2014), os médicos achavam que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças. Inclusive começou a estender a ideia de que uma camada de sujeira protegia contra as doenças e que, portanto, o asseio pessoal devia ser realizado "a seco", só com uma toalha limpa para esfregar as partes expostas do corpo. Os médicos recomendavam que as crianças limpassem o rosto e os olhos com um trapo branco para limpar o sebo, mas não muito para não retirar a cor "natural" (encardida) da tez. Na verdade, os galenos consideravam que a água era prejudicial à vista, que podia provocar dor de dentes e catarros, empalidecia o rosto e deixava o corpo mais sensível ao frio no inverno e a pele ressecada no verão. Ademais, a Igreja condenava o banho por considerá-lo um luxo desnecessário e pecaminoso. Os banhos, quando aconteciam, eram tomados em uma tina enorme cheia de água quente. O pai da família era o primeiro em tomá-lo, logo os outros homens da casa por ordem de idade e depois as mulheres, também por ordem de idade. Enfim chegava a vez das crianças e bebês que podiam se perder dentro daquela água suja. Não é à toa que as crianças tinham grande desgosto em tomar banho.
A saúde era precária, mas as pessoas medievais não gostavam de sujeira. Ninguém precisa dizer que a higiene na Idade Média era abismal comparada com hoje. As ruas das cidades eram tomadas por lixo, esterco de cavalo, urina. Fezes humanas serviam de esterco, e esse esterco levava à reprodução de parasitas.
Na Idade Média, a maioria dos casamentos era celebrada no mês de junho, bem no começo do verão. A razão era simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. De qualquer forma, como algumas pessoas fediam mais do que as outras ou se recusavam a tomar banho, as noivas levavam ramos de flores (gardênias, jasmins e alfazemas, que floresciam no mês de maio), ao lado de seu corpo nas carruagens para disfarçar o mau cheiro. Tornou-se, então, costume celebrar os casamentos em maio, depois do primeiro banho. Por isso maio é considerado o mês das noivas e dali nasceu a tradição do buquê de flores das noivas.
Na Idade Média, o banho era espiritualizado, quando terapêutico:
Uma prática da época era o “banho da alma” - banhos em termas ou saunas, com vapores, com ervas, enxofre ou sal. Em certas ocasiões especiais, como festas, os mais ricos doavam um destes banhos aos mais pobres ou aos pacientes psiquiátricos. Podiam ser usadas também sanguessugas e ventosas. Os banhos duraram até o final do século XV, quando a sífilis levou à sua extinção. Os banhos haviam se tornado ponto de prostituição (CUSTÓDIO, 2009).
A matéria postada no site de notícias (Revolução XXI), traduz bem o comportamento de higiene da sociedade medieval, com o título: VOCÊ SABIA QUE?
Na Idade Média, não havia escovas de dente, perfumes, desodorantes e muito menos papel higiênico. Excremento humano foi jogado das janelas do palácio. Num dia de festa, a cozinha do palácio podia preparar um banquete para 1500 pessoas, sem a mínima higiene. Nos filmes de hoje, vemos pessoas daquela época se sacudindo ou se abanando. A explicação não está no calor, mas no mau cheiro que exalavam sob as saias (feitas de propósito para conter o cheiro das partes íntimas, já que não havia higiene). Também não era costume tomar banho devido ao frio e à quase inexistência de água corrente. Só os nobres tinham lacaios para abaná-los, dissipar o mau cheiro que o corpo e a boca exalavam, além de afugentar os insetos. Quem esteve em Versalhes admirou os imensos e belos jardins que, naquela época, não eram apenas contemplados, mas serviam de banheiro nas famosas baladas promovidas pela monarquia, por não haver banheiros. Na Idade Média, a maioria dos casamentos acontecia em junho (para eles, o início do verão). O motivo é simples: o primeiro banho do ano foi tomado em maio; então, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. Porém, como alguns cheiros já começavam a incomodar, as noivas carregavam buquês de flores perto do corpo para disfarçar o fedor. Daí a explicação da origem do buquê de noiva. Os banhos eram feitos em uma única banheira enorme cheia de água quente. O chefe da família teve o privilégio do primeiro banho em água limpa. Então, sem trocar a água, os demais chegaram à casa, por ordem de idade, mulheres, também por idade e, por fim, filhos. Os bebês foram os últimos a se banhar. Quando chegou a sua vez, a água da banheira estava tão suja que dava para matar um bebê lá dentro. Os telhados das casas não tinham céu e as vigas de madeira que os sustentavam eram o melhor lugar para os animais: cachorros, gatos, ratos e besouros para se aquecerem. Quando chovia, as goteiras obrigavam os animais a pularem no chão. Quem tinha dinheiro tinha chapas de lata. Certos tipos de alimentos oxidam o material, fazendo com que muitas pessoas morram de envenenamento. Lembre-se de que os hábitos de higiene da época eram terríveis. Os tomates, por serem ácidos, foram considerados venenosos por muito tempo, as xícaras de lata eram usadas para beber cerveja ou uísque; essa combinação às vezes deixava o indivíduo "no chão" (numa espécie de narcolepsia induzida pela mistura de bebida alcoólica com óxido de estanho). Alguém andando na rua pensaria que ele estava morto, então eles recolheram o corpo e se prepararam para o funeral. Em seguida, o corpo era colocado na mesa da cozinha por alguns dias e a família observava, comia, bebia e esperava para ver se o morto acordava ou não. Daí aquela que os mortos são vigiados (vigília ou vigília), que é a vigília ao lado do caixão. A Inglaterra é um país pequeno, onde nem sempre havia um lugar para enterrar todos os mortos. Os caixões foram então abertos, os ossos removidos, colocados em ossários e a tumba foi usada para outro cadáver. Às vezes, ao abrir os caixões, percebia-se que havia arranhões nas tampas internas, indicando que o morto havia, de fato, sido enterrado vivo. Assim, ao fechar o caixão, surgiu a ideia de amarrar uma alça do pulso do falecido, passando-a por um orifício feito no caixão e amarrando-a a uma campainha. Após o enterro, alguém foi deixado de plantão ao lado do túmulo por alguns dias. Se o indivíduo acordasse, o movimento de seu braço faria soar a campainha. E seria "salvo pelo sino", que é uma expressão popular que usamos até hoje. O que fazemos hoje por tradição, fazemos sem conhecimento. E só seguimos as tradições se fizermos sentido. Como carnaval, Halloween, etc. Às vezes, o melhor aliado para sair da ignorância é a pesquisa.
2. 5 A IGREJA NA IDADE MÉDIA
A Igreja Medieval é o nome dado à Igreja Católica durante a Idade Média. Teve importante papel do século V ao XV. Ela conseguiu muito poder, pois pregava às pessoas que era preciso doar os bens para ter a salvação na vida eterna. Assim, a vida terrena era menosprezada e o povo vivia sob o medo de não ir para o céu. Como os indivíduos consideravam o Papa e seus subordinados como representantes de Deus, não ousavam contestá-los. Outro fato interessante é que a Igreja Católica também era detentora de todo o conhecimento. Poucas pessoas da época eram alfabetizadas ou tinham acesso aos livros, enquanto nos mosteiros existiam grandes bibliotecas. Dessa maneira, a Igreja também conseguia exercer seu poder intelectual.
Durante o período medieval a economia se ruralizou, com o feudalismo. A Igreja, antes concentrada nas cidades, foi obrigada a se deslocar para o campo, onde os bispos e abades se tornaram senhores feudais. Teve destaque importante na história. Depois da queda do Império Romano, ela tomou as unidades religiosa, política e cultural. Tendo o controle da fé, a Igreja conseguia mandar em todos os aspectos da vida da população durante a Idade Média.
O cristianismo estabeleceu-se como instituição nos séculos finais do Império Romano. Enquanto o Império Romano desmanchava-se em crises internas, a Igreja Católica fortaleceu-se e firmou suas bases. A perseguição aos cristãos encerrou-se a partir de 313 com o Édito de Milão, assinado pelo imperador Constantino. A partir de 380, com a assinatura do Édito de Tessalônica pelo imperador Teodósio, o Cristianismo transformou-se na religião oficial do Império.
Até mesmo a organização da sociedade era influenciada pelo catolicismo, pois era dividia em Clero, Nobreza e Servos, como referência à Santíssima Trindade. Dessa maneira, ela justificava o modelo como o vindo de Deus, e as pessoas aceitavam.
O papel da Igreja Católica Medieval não era apenas religioso: ela também tinha domínio político e material — tanto que possuía muitas propriedades de terra, que era algo que demonstrava riqueza e poder.
Com o Feudalismo — sistema político, econômico e social, em que o dono da propriedade cedia terras para que os servos produzissem em troca de parte da produção e de outros favores —, a Igreja, que ficava na cidade, foi obrigada a migrar para o campo. Foi assim que ela se tornou tão poderosa, já que era proprietária de vários feudos, acumulando bens por meio de doações de aristocratas e de alguns imperadores. Inclusive, foi por esse motivo que a exigência do celibato foi imposta, já que antes disso, os filhos dos padres herdavam os feudos. Se os padres não pudessem se casar ou ter herdeiros, os bens se mantinham na Igreja.
Todo esse poder material e político da Igreja não agradou a todos os representantes da religião. Alguns viam essa influência política e econômica da instituição como um problema aos princípios religiosos. Foi então que eles iniciaram as ordens religiosas que negavam qualquer tipo de regalia ou conforto. Com o fim da Idade Média e o início do Protestantismo, a Igreja Católica se viu diante de diversas crises, o que levou à diminuição do seu poder.
2.5.1 A INQUISIÇÃO
A partir do século XII, as heresias ganharam nova força em meios cristãos, e a Igreja passou a combatê-las de maneira dura. Os movimentos heréticos desse período foram caracterizados pelo grande apelo popular que tiveram. Como a heresia era considerada o maior de todos os pecados, foi criado o Tribunal da Santa Inquisição. Dois grandes movimentos heréticos desse período destacaram-se: os albigenses e os valdenses.
A função da Inquisição era investigar, julgar e condenar todos os envolvidos em movimentos heréticos. Para isso, foi permitido pela Igreja o uso da tortura, e os culpados eram condenados à fogueira. Os historiadores não sabem ao certo quantos foram mortos pelo Tribunal da Santa Inquisição, mas estima-se que milhares de pessoas tenham sido mortas.
2.6 A MEDICINA NA IDADE MÉDIA
De acordo com (Ana M, 2016 – Blog), a medicina na Idade Média é bem diferente da que conhecemos no século XXI. "Médicos" não eram figuras tão importantes, Deus era o grande curador de doenças e quando alguém morria tragicamente, era um castigo divino. A crença e o medo dominavam os povos, por isso, o banho era raridade. Acreditava-se que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças. Inclusive começou a estender a ideia de que uma camada de sujeira protegia contra as doenças e que, portanto, o asseio pessoal devia ser realizado "a seco", só com uma toalha limpa para esfregar as partes expostas do corpo.
Recomendava-se que as crianças limpassem o rosto e os olhos com um trapo branco para limpar o sebo, mas não muito para não retirar a cor "natural" (encardida) da tez. Na verdade, os galenos consideravam que a água era prejudicial à vista, que podia provocar dor de dentes e catarros, empalidecia o rosto e deixava o corpo mais sensível ao frio no inverno e a pele ressecada no verão. Ademais, a Igreja condenava o banho por considerá-lo um luxo desnecessário e pecaminoso.
A falta de higiene não era um costume só dos mais pobres, a rejeição pela água chegava aos estratos mais altos da sociedade. As damas mais entusiastas do asseio tomavam banho, quando muito, duas vezes ao ano, e o próprio rei só o fazia por prescrição médica e com as devidas precauções.
Os banhos, quando aconteciam, eram tomados em uma tina enorme cheia de água quente. O pai da família era o primeiro em tomá-lo, logo os outros homens da casa por ordem de idade e depois as mulheres, também por ordem de idade. Enfim chegava a vez das crianças e bebês que podiam se perder dentro daquela água suja. Não é à toa que as crianças tinham grande desgosto em tomar banho.
Tinha gente dedicada a recolher os excrementos das fossas para vendê-los como esterco. Os tintureiros guardavam urina em grandes tinas, que depois usavam para lavar peles e branquear telas. Os ossos eram triturados para fazer adubo. O que não se reciclava ficava jogado na rua, porque os serviços públicos de limpeza urbana e saneamento não existiam ou eram insuficientes. As pessoas jogavam seu lixo e dejetos em baldes pelas portas de suas casas ou dos castelos. Imagine a cena: o sujeito acordava pela manhã, pegava a louça de excrementos e jogava ali na sua própria janela.
O mau cheiro que as pessoas exalavam por debaixo das roupas era dissipado pelo leque. Mas só os nobres tinham lacaios que faziam este trabalho. Além de dissipar o ar também servia para espantar insetos que se acumulavam ao seu redor. O príncipe dos contos de fadas fedia mais do que seu cavalo.
Na Idade Média a maioria dos casamentos era celebrado no mês de junho, bem no começo do verão boreal. A razão era simples: o primeiro banho do ano era tomado em maio; assim, em junho, o cheiro das pessoas ainda era tolerável. De qualquer forma, como algumas pessoas fediam mais do que as outras ou se recusavam a tomar banho, as noivas levavam ramos de flores, ao lado de seu corpo nas carruagens para disfarçar o mau cheiro. Tornou-se, então, costume celebrar os casamentos em maio, depois do primeiro banho. Não é ao acaso que hoje maio é considerado o mês das noivas e dali nasceu a tradição do buquê de flores das noivas.
Nos palácios e casas de família a existência dos banheiros era praticamente nula, nem "casinha" existia. Quando a necessidade imperava, o fundo do quintal ou uma moita eram escolhidos segundo a preferência de cada um. Não era incomum também ver alguém cagando nas ruas. Os sistemas de esgoto ainda não existiam; portanto as cidades medievais eram verdadeiros depósitos de lixo e excremento. Grandes metrópoles como Londres ou Paris podiam ser consideradas naquele tempo como alguns dos lugares mais sujos do mundo.
Os mais ricos tinham pratos de estanho. Certos alimentos oxidavam o material levando muita gente a morrer envenenada, sem saber o porquê. Alguns alimentos muito ácidos, que provocavam este efeito, passaram a ser considerados tóxicos durante muito tempo. Com os copos ocorria a mesma coisa: o contato com uísque ou cerveja fazia com que as pessoas entrassem em um estado de narcolepsia produzido tanto pela bebida quanto pelo estanho. Alguém que passasse pela rua e visse alguém neste estado podia pensar que estava morto e logo preparavam o enterro. O corpo era colocado sobre a mesa da cozinha durante alguns dias, enquanto a família comia e bebia esperando que o "morto" voltasse à vida ou não. Foi daí que surgiu o costume de beber o morto e mais tarde o velório feito hoje junto ao cadáver.
3. CONCLUSÃO
O tema pesquisado teve como objetivo analisar a sociedade medieval, rotulada como “Idade das Trevas”, termo adotado pelos humanistas do século XVII, aonde generalizaram toda a civilização da Europa do século IV ao século XV como um tempo de ruína e flagelo. E, no que se refere aos seus hábitos de higiene, verificou-se, que, a higiene pessoal não era considerada uma prioridade nessa sociedade; os homens acreditavam, que o banho, quando em excesso, poderia prejudicar a saúde. Durante a Idade Média, na Europa, as precárias condições de higiene causaram o surgimento de pragas mortais, como a peste negra, transmitida por ratos e que matou um terço de todo o continente.
A sociedade era estática (com pouca mobilidade social) e hierarquizada. A nobreza feudal (senhores feudais, cavaleiros, condes, duques, viscondes) era detentora de terras e arrecadava impostos dos camponeses. O clero (membros da Igreja Católica) tinha um grande poder, pois era responsável pela proteção espiritual da sociedade.
A Igreja Medieval é o nome dado à Igreja Católica durante a Idade Média. Teve importante papel do século V ao XV. Ela conseguiu muito poder, pois pregava às pessoas que era preciso doar os bens para ter a salvação na vida eterna. Assim, a vida terrena era menosprezada e o povo vivia sob o medo de não ir para o céu. Como os indivíduos consideravam o Papa e seus subordinados como representantes de Deus, não ousavam contestá-los.
Durante o período medieval a economia se ruralizou, com o feudalismo. A Igreja, antes concentrada nas cidades, foi obrigada a se deslocar para o campo, onde os bispos e abades se tornaram senhores feudais. Teve destaque importante na história. Depois da queda do Império Romano, ela tomou as unidades religiosa, política e cultural. Tendo o controle da fé, a Igreja conseguia mandar em todos os aspectos da vida da população durante a Idade Média. O cristianismo da Idade Média, proibia e reprimia o culto a beleza, impondo pesadas vestimentas para que o corpo humano ficasse escondido, não fosse mostrado. As noivas levavam ramos de flores (gardênias, jasmins e alfazemas, que floresciam no mês de maio), ao lado de seu corpo nas carruagens para disfarçar o mau cheiro.
Na medicina, "Médicos" não eram figuras tão importantes, Deus era o grande curador de doenças e quando alguém morria tragicamente, era um castigo divino. A crença e o medo dominavam os povos, por isso, o banho era raridade. Acreditava-se que a água, sobretudo quente, debilitava os órgãos, deixando o corpo exposto a insalubridades e que, se penetrasse através dos poros, podia transmitir todo tipo de doenças.
Ao final, conclui-se, que, a sociedade era desinformada, população analfabeta, e dominada por dogmas e mitos da Igreja Católica, que pregava, entre outras coisas, a imundície como sacrifício, o que levou a propagação da peste negra por meio de ratos e, principalmente, pulgas infectadas com o bacilo, que acabava sendo transmitido às pessoas quando essas eram picadas, o que dizimou 1/3 da população medieval europeia, em decorrência desta pandemia – que ficou conhecida como peste bubônica, que atingiu o continente europeu em meados do século XIV (1346 – 1353).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOCCACCIO, Giovanni. Decamerão. São Paulo: Círculo do Livro, 1991.
CUSTÓDIO, José de Arimathéia Cordeiro. Entre cataplasmas e salmos: as práticas médicas medievais. In Anais da VIII Jornada de Estudos Antigos e Medievais e I Jornada Internacional de Estudos Antigos e Medievais: O Conhecimento do Homem e da Natureza nos Clássicos. Maringá: Universidade Estadual de Maringá, 16 a 18/ 09/ 2009.
GIL, Antonio Carlos. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São Paulo. . Atlas. 2002.
HORA DO POVO. Site. Decameron: a peste em Florença pela pena de Giovanni Boccaccio, publicado em 29 de março de 2020. Disponível em:< https://horadopovo.com.br/decameron-a-peste-em-florenca-pela-pena-de-giovanni-boccaccio/. Acessado em:>. 24/03/2021.
LE GOFF, Jacques. Os Intelectuais na Idade Média. Lisboa: Gradiva, 1984, pg.11-31.
MOTTA, Alexandre de M. Metodologia da Pesquisa Jurídica: O que é Importante Saber Para Elaborar Uma Monografia Jurídica e o Artigo Científico. Tubarão: Copiart, 2012.
M. Ana. Home / Blog profes / História / Ana M, 2016. A higiene na Idade Média (ou a falta dela!). Disponível em:< https://profes.com.br/annamarmelo1/blog/a-higiene-na-idade-media-ou-a-falta-dela. Acessado em:>. 25/03/2021.
PERNOUD Régine. Luz sobre a Idade Média. Portugal. Publicações Europa-América: 1997.
SOUZA, Hebert de Souza. Mdig, 2014. A Absurda Falta de Higiene da Idade Média. 16 anos diminuindo a curiosidade. Disponível em:< https://www.mdig.com.br/index.php?itemid=31104. Acessado em:>. 24/03/2021.
VOCÊ SABIA? Site: Revolução XXI, 2021 – para mídias e entretenimento. Disponível em:< https://www.facebook.com/RevoXXI/. Acessado em:>. 24/03/2021.