PEDOCRACIA - A ‘Ditadura’ das Crianças que mandam nos pais.

Estava eu em um restaurante, almoçando, quando chega um casal acompanhado de duas crianças entre 7 e 9 anos. Como se sentaram a uma mesa próxima da que eu estava, ouvi a conversa do casal com as duas crianças.

Após a entrega do cardápio pelo garçom, disse a mulher, que me pareceu ser a mãe das crianças, dirigindo-se a elas:

— Pronto. Escolham o que vocês vão querer, queridos. E completou com um sorriso meio cansado.

— Agora que vocês escolheram este restaurante para o nosso almoço, digam o que vocês querem comer...

A menina, um pouco, mais velha, foi logo dizendo: - Não gosto de nada do que está escrito, no que foi acompanhada pelo menino: — Eu, também!

O casal se entreolhou abismado e foi quando o pai retrucou, contendo a irritação: — Foram vocês que escolheram este restaurante. Nós gostamos do outro: Comida Caseira. Enquanto ocorria este dialogo o garçom já havia empurrado o serviço (entrada). Revoltado, o homem pediu a conta e indagou: — Aonde vocês querem almoçar?

Não escutei bem a escolha das duas crianças. Pagaram a entrada e saíram.

Eu fiquei pensando:

O avanço tecnológico torna avassaladora a demonstração da natureza humana. Não sabemos qual é a nossa natureza, mas sabemos quais são as nossas necessidades em diferentes períodos de nossa vida. Em síntese, digo: A ideia de estabelecer limites e não ceder faz muita falta e existem outras janelas mais abertas para o aprendizado da Moral. O ditado diz: dai-me a criança até os 7 anos e te darei o homem pronto.

Como veterano pediatra, posso sentir o produto final dessa falta de limites e também sei (por experiencia profissional e tempo de vida) que crianças mimadas se tornam adultos infelizes quando descobrem não serem o centro do universo e continuam a achar que viver é fácil.

Aprendi na minha antiga profissão que na prática a teoria é outra.

Na teoria, você já sabe tudo. Mas, na prática? A história é outra! [frases que alguns atribuem a Anne Frank (1929-1945)].

Peço licença para relembrar: Anne foi uma jovem judia vítima do nazismo. Morreu no campo de concentração de Bergen-Belsen, na Alemanha, deixando escrito um diário, que foi publicado por seu pai, sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz (Polônia), intitulado "O Diário de Anne Frank". Aconselho a leitura desse livro e pensar que não mudou muita coisa nesse Mundão, apenas informatizado. Pôr a culpa nos outros é fugir dos próprios desacertos.