08 DE MARÇO- DIA INTERNACIONAL DA MULHER – MAS.....o que comemorar???
Hoje, 08 de março, nós comemoramos o Dia Internacional da Mulher, está criação perfeita de Deus que nasceu para que não houvesse mais solidão entre os homens. Quem tem uma boa amiga, uma boa esposa, uma boa mãe, uma boa filha… sempre estará bem acompanhado. No entanto este dia em que as mídias oferecem de forma virtual, lindos arranjos, belas mensagens é uma data de marco doloroso.
Segundo a história o Dia Internacional da Mulher surgiu em homenagem a operárias estadunidenses de uma fábrica têxtil que morreram carbonizadas, vítimas de um incêndio intencional no dia 8 de março de 1957, em Nova York. Segundo a versão que circula no senso comum, o crime teria ocorrido em retaliação a uma série de greves e levantes das trabalhadoras.
“A história real do 8 de março é totalmente marcada pela história da luta das mulheres, que não desvincula a batalha pelos direitos mais elementares – “Hoje O Direito A Vida” Se no passado a mulher precisou lutar por direitos trabalhistas, políticos e podemos dizer que houve sim, ganhos, hoje a luta da mulher continua sendo por todos os seus direitos, e pelo direito a “VIDA”, a luta é contra a violência que mata os sonhos, que tira a vida de mulheres em todo o mundo.
Triste num dia de homenagem a mulher o viés de um texto ser o feminicídio. Para entender: - “O feminicídio é a instância última de controle da mulher pelo homem: o controle da vida e da morte. Ele se expressa como afirmação irrestrita de posse, igualando a mulher a um objeto, quando cometido por parceiro ou ex-parceiro; como subjugação da intimidade e da sexualidade da mulher, por meio da violência sexual associada ao assassinato; como destruição da identidade da mulher, pela mutilação ou desfiguração de seu corpo; como aviltamento da dignidade da mulher, submetendo-a a tortura ou a tratamento cruel ou degradante.”,(Comissão Parlamentar Mista de Inquérito sobre Violência contra a Mulher (Relatório Final, CPMI-VCM, 2013)
Feminicídio é o assassinato de uma mulher pela condição de ser mulher. Suas motivações mais usuais são o ódio, o desprezo ou o sentimento de perda do controle e da propriedade sobre as mulheres, comuns em sociedades marcadas pela associação de papéis discriminatórios ao feminino, como é o caso brasileiro. “O feminicídio representa a última etapa de um continuum de violência que leva à morte. Seu caráter violento evidencia a predominância de relações de gênero hierárquicas e desiguais. Precedido por outros eventos, tais como abusos físicos e psicológicos, que tentam submeter as mulheres a uma lógica de dominação masculina e a um padrão cultural de subordinação que foi aprendido ao longo de gerações”.(Lourdes Bandeira, socióloga, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília.)
De acordo com a Socióloga Lourdes Bandeira, pesquisadora e professora da Universidade de Brasília) “Com uma taxa de 4,8 assassinatos em 100 mil mulheres, o Brasil está entre os países com maior índice de homicídios femininos: ocupa a quinta posição em um ranking de 83 nações, segundo dados do Mapa da Violência . “Essa situação equivale a um estado de guerra civil permanente. ”
A realidade pode ser ainda pior do que o cenário expresso pelos números de assassinatos de mulheres levantados em algumas pesquisas de vitimização. Por falta de um tipo penal específico até pouco tempo, ou de protocolos que obriguem a clara designação do assassinato de uma mulher neste contexto discriminatório em grande parte da rede de Saúde ou da Segurança Pública, o feminicídio ainda conta com poucas estatísticas que apontem sua real dimensão no País.
No espirito santo o número de registros no dá a média de 2 mulheres assassinadas por mês em 2020, os crimes foram cometidos por maridos, namorados ou ex-companheiros. O dado da Gerência do Observatório da Segurança Pública do Estado revela que, em média duas mulheres entraram para a triste estatística do feminicídio. Assassinatos caíram, mas número de homens presos em flagrante por agressão aumentou, o que indica que não há menos violência contra a mulher.
Além de que segundo algumas autoridades, chama atenção para o fato de que os casos de agressão, podem estar subnotificados - quando não são denunciados -, o que reforça a importância da atuação de vizinhos e testemunhas em uma situação de violência doméstica.
Finalizando é importante destacar que vivemos numa sociedade doente, uma doença que não é atual, ela transcende o tempo. A forma como a sociedade enxerga e reage a homens e mulheres sempre foi diferente. Porém, diferente do que muitos pensam, essa não é uma diferença “natural”: ela é, e sempre foi, construída de acordo com expectativas sociais impostas.
Desde sempre se acredita que a mulher e tudo relacionado a ela pertence ao homem e à sociedade (e não à ela mesma) e, por mais que isso esteja mudando pouco a pouco, desde a conquista do voto feminino no Brasil, os resquícios dessa cultura que apaga a vontade da mulher em benefício do homem ainda são muito fortes. Não podemos desconsiderar conquistas como a Lei Maria da Penha que pode ser considerada uma das leis mais importantes no país, sancionada em 2006, a Lei Maria da Penha é um dos principais mecanismos coibidores de violência doméstica e familiar sofrida por mulheres (em 2013, dos mais de 4.000 feminicídios registrados, metade foi cometido por familiares e 30% por parceiros ou ex - parceiros destas mulheres).Contraditoriamente, ainda que mais de 98% da população diga que conhece essa lei e que 70% acredite que que a mulher sofra mais violência dentro de casa e em espaços públicos, os números de mulheres violentadas de alguma forma não parecem cair (48% das mulheres diz que a violência que sofreu foi dentro de casa).
Parafraseando Erasmo Carlos “ Dizem que a mulher é o sexo frágil; mas que mentira absurda! Realmente absurda, é preciso ser muito forte para sobreviver num mundo em que a mulher mata um leão por dia para garantir o sustento de sua família e o direito a vida.
Autora do texto: Carmem Lúcia C. De Castro Cirqueira - Professora de sociologia
Site: A Gazeta
FEMINICÍDIO- https://dossies.agenciapatriciagalvao.org.br/violencia/violencias/feminicidio/