O que comemorar?

Como é bom nos reunirmos em volta de uma mesa farta. Celebrar a vida com amigos e parentes... Poder apreciar um bom vinho, uma comida gostosa... Ou melhor um leitão preparado por pelo deputado Fábio Ramalho meu conterrâneo de Minas Gerais! É de lamber os lábios, não acham? Um delicioso almoço temático informal no Palácio do Planalto.

Mas afinal, o que justifica o banquete? Comemorar o quê? Mais um dia letal da pandemia com recordes e mais recordes de mortes anunciadas a cada fim de tarde? O sofrimento do povo para encontrar uma UTI? Pessoas morrendo a espera de um leito no hospital? O colapso da saúde? A educação se esvaindo pelo ralo? O preço dos alimentos nas alturas?

Como comer, festejar, ou simplesmente se descontrair com a consciência tranquila, se no momento exato dessa total alegria, milhões de pessoas, no mesmo país, à beira do abismo, sem emprego, sem comida, sem perspectivas, sem esperança, ou melhor esperando que mais um dia se acabe, que o sono chegue e possa despistar o estômago? Como celebrar a vida enquanto temos um país que se rende ao medo, a angústia e a descrença?

Sem escolas, sem emprego, sem dinheiro, sem saúde, a massa caminha sem vontade de viver, ou melhor, com vontade de estar vivo, mas sem esperança de que essa vontade possa durar por muito tempo.

Por que, meu Deus, a desigualdade tem que estar tão presente em nossas vidas? Por que o chefe da nação não se preocupa nem um pouco com aqueles que o elegeram? Por que ele dá as costas para aqueles que brigaram com amigos, companheiros e até familiares porque o defendiam?

Não me sinto culpada por o terem dado o poder, não participei dessa manobra. Mas, me sinto culpada por não fazer algo que possa abrir os olhos do povo que se prepara para votar em 2022.

Nália Lacerda Viana, 04 de março de 2021

Nalia Lacerda Viana
Enviado por Nalia Lacerda Viana em 04/03/2021
Reeditado em 08/03/2021
Código do texto: T7198353
Classificação de conteúdo: seguro