A bomba da cisterna
O retorno daquele equipamento residencial à normalidade operacional desafiou o senso crítico de Leinad, e o fez refletir sobre o dinamismo da vida sob o frigir do passar do tempo. A pequena bomba d’agua que servia para transportar a água da cisterna para a caixa d’água, dera o fora há mais ou menos dois meses, mostrando sinais de fim de vida útil de algumas partes internas através de vazamento. Como o uso da bomba não era diário, pois a pressão da água vinda da rua era suficiente para que a mesma alcançasse a caixa d’água, o problema não teve grande impacto na urgência do reparo. Mas, se não fosse o caso?
Em tempos outros, Leinad que trabalhou embarcado e na construção naval, teria conseguido que a mesma mão de obra desinstalasse a bomba de seu local de trabalho, desmontasse, identificasse o problema, as causas, efetuasse o reparo ou substituição das peças, remontasse, testasse e reinstalasse a mesma em seu local de operação.
Agora, mais de quarenta anos depois, a situação se configurava diversa. No mundo dos singelos terráqueos, um mundo fragilizado pela pandemia e segmentado pelos mais diversos profissionais disponíveis no mercado, precisava usar sua habilidade profissional para conseguir resolver o problema (tornar o equipamento operacional com segurança) com a melhor relação custo-benefício possível.
A compra de uma bomba nova mostrou-se, logo, fora de questão devido o preço, que deveria ser, mais tarde, acrescido da mão de obra de desinstalação e instalação. A opção do conserto parecia razoável, mas precisava dividir o problema em pedacinhos menores, ainda gerenciáveis. Diferentemente do passado, precisava de mão de obras específicas tanto para desinstalação / instalação quanto para o reparo da bomba.
Através do boca-a-boca e da internet fez contato com diversos profissionais. O instinto e a experiência de Leinad fez com que ele tivesse condição de efetuar o melhor “screening” possível para conseguir um profissional razoável adequado às suas necessidades. Sim, razoável. Porque bons profissionais Leinad conhecera outrora quando atividade no mar punha à prova os melhores.
Com o auxílio da assistência técnica do fabricante da bomba, Leinad conseguiu um prestador de serviço de reparo nas adjacências de sua residência. Por mais prestativa que quisesse ser, a assistência técnica do fabricante pouco pôde acrescentar às dúvidas de Leinad. Em determinado momento a assistência técnica até aludiu a uma possível engenharia reversa, a ser feita por ele, Leinad, para resolver o problema. Mais tarde, conjecturando com seus botões, Leinad teve dúvidas se a assistência técnica sabia, realmente, de que se tratava a engenharia reversa e em que circunstâncias ela é passível de acontecer com segurança e qualidade.
Leinad, enfim, após quase dois meses, conseguiu a mão de obra necessária para desinstalação / reinstalação da bomba, e o local para que a mesma fosse reparada. O tempo entre a desinstalação, reparo e reinstalação foi de aproximadamente uma semana.
É, os tempos eram outros...