MATERIALISMO
Nair Lúcia de Britto

 
Segundo pesquisa, o “Materialismo é a doutrina que acredita que os fenômenos naturais, sociais, mentais e históricos são esclarecidos pela própria matéria ou pelas condições concretas materiais, também dispensando qualquer forma de participação divina em todo processo de formação da vida, relacionando-o com fatores evolutivos casuais”.                                                   
Diante de um quadro social em que parece que o Materialismo se instala, irremediavelmente, prejudicando valores inestimáveis que confortam o coração das pessoas e a ajudam a seguir em frente diante das adversidades, resolvi fazer uma breve pesquisa sobre o que dizem os Espiritualistas, a respeito.
Kardec
Num Jornal de Estudos Psicológicos, na Revista Espírita de 1868, Allan Kardec afirma em seu artigo que o “Materialismo arruína a lei moral e, com a lei moral, o direito à ordem civil toda, inteira; isto é, as condições de existência da Humanidade. Tais consequências imediatas, inevitáveis, certamente merecem que nelas pensemos. Vejamos, pois, como se reproduz esta velha doutrina materialista, que não vimos surgir, até o presente, senão nos piores dias”.
Mais adiante em outros trechos diz: “O materialismo da nova escola não é, pois, um resultado demonstrado do estudo: é uma opinião preconcebida. O fisiologista não admite o espírito, mas que há de admirável?”
“O estado social materialista oferecer-nos-ia um tristíssimo e vergonhoso espetáculo.” “Que o homem não existe senão por seu organismo, essa massa material e automática que será provido de um encéfalo para secretar idéias, não será responsável por todos os movimentos que essa massa produzirá.” 
“Os fortes, diz Spinoza, são feitos para dominar os fracos, da mesma forma que os peixes para nadar e os maiores para comer os menores. No sistema materialista, o que seria chamado de direito não poderia ter um princípio diferente. Mas qual homem dotado de senso ousaria professar tal sistema; que, por si só bastaria para refutar o Materialismo.” 

Sócrates e Platão
A doutrina dos filósofos Socrates e Platão (500 anos a.C.) faz várias revelações entre elas as seguintes:
“ A alma se extravia e se perturba quando se serve do corpo para considerar qualquer outro objeto; tem vertigens como se estivesse ébria, porque não se liga a coisas que são, por sua natureza, sujeitas a mudanças; ao passo que quando contempla sua própria essência, ela se dirige para o que é puro e eterno, imortal, e sendo da mesma natureza, fica aí ligada tanto tempo quanto o possa; então, seus descaminhos cessam porque está unida ao que é imutável; e esse estado de alma é o que se chama sabedoria.”  
“Se a morte fosse a dissolução total do homem seria um grande lucro para os maus, depois de sua morte, estarem livres de seus corpos, sua alma e seus vícios. Aquele que amou sua alma, só este poderá superar tranquilamente a hora de sua partida para o outro mundo.”
“Chamo de homem vicioso aquele que ama mais seu corpo do que sua alma.” “A virtude não se pode ensinar, ela vem por um dom de Deus.
“Se os médicos fracassam na maioria das doenças é porque tratam o corpo sem a alma.”
Em tempos tão remotos, Sócrates já tinha teorias sobre a existência dos espíritos e imortalidade da alma. Por isso foi primeiramente ridicularizado, tratado como um louco; depois acusado de impiedade e condenado a beber cicuta. Platão foi discípulo de Sócrates e, como seu mestre, teve um triste destino. Sobre esse fato, Allan Kardec explica que “as verdades que entram em discordância aos interesses e preconceitos que machucam não podem se estabelecer sem luta e sem fazer mártires”.   

Parte II
Haroldo Dutra Dias
Tomando por base as palavras do palestrante espírita Haroldo Dutra Dias,  pelo ponto de vista material, nossa vida se resume no nosso corpo físico, tenha ele 70, 80, 90, 100 anos, será sempre de curta duração. O que não deixa de ser uma certeza angustiante.
Sob o ponto de vista Espiritual, ao contrário, é tranquilizante  constatarmos que a nossa alma é imortal, que somos Espíritos adquirindo  experiências e conhecimento na Terra. E assim teremos mais calma e força diante dos sofrimentos inevitáveis pelo quais todos nós passamos.
Infelizmente o mundo de hoje promove em todas as escalas sociais o Materialismo. Em todo lugar querem ensinar que quando uma pessoa morre ela se acaba, não existe mais. E quem se mostra contrário dessa falsa e terrível visão é excluído do seu grupo social. Isto porque condicionou-se a idéia de que ser materialista é prova de inteligência, de intelectualidade, de superioridade perante os espiritualistas.
E dessa forma, criou-se uma sociedade de homens “egoístas ególatras”. São pessoas que não causam o mal, mas que só pensam em fazer o bem a si próprias, sem se importar com os demais. Quem se opõe a essa idéia trágica de um futuro baseado no “Nada” é chamado de louco. Um louco que não sabe o que diz, que se baseia em fantasias para tornar sua existência mais suportável.
Os materialistas se baseiam na Filosofia e Psicologia pagãs e tomam seus conhecimentos como verdades absolutas e, portanto, não precisam enveredar por caminhos que conduzem a novas ideias e a outros conhecimentos. Nada sabem sobre a Espiritualidade, mas a contestam. Não procuram se inteirar sobre quais seus argumentos a fim de rebatê-los racionalmente. Não, os materialistas não sabem, não querem saber e têm raiva de quem sabe.
Sócrates já dizia: “Há sabedoria em não crer saber aquilo que tu não sabes.”
De onde vem a inteligência do homem? De onde vem a vocação para determinada missão a ser executada na Terra? De onde vem a inspiração artística para as belas Artes? As maravilhas da Natureza, os astros, as estrelas? A organização planetária? As grandes ideias dos inventores, das grandes descobertas da Medicina? Somente Deus é resposta verdadeira.
São os estudos científicos que comprovam que a alma é imortal. E, quando ela se liberta do corpo físico e se transporta para sua pátria espiritual, terá que prestar contas dos seus atos na Terra. Essa verdade  não favorece em nada aos interesses materiais. Ou seja, o lucro, o benefício imediato a si próprio, doa a quem doer.
O palestrante reforça o argumento de que ideias materialistas provocam   aumento da violência, da desonestidade, do recurso infeliz das drogas. Dos casos de depressão e inúmeros suicídios dos quais o próprio Haroldo Dutra tomou conhecimento. Inclusive de crianças que já aos nove anos de idade tomam ansiolíticos.
“Que sociedade é esta construída pelo Materialismo?” – ele indaga. “Jovens de 14, 15 anos que não estão vivos nem mortos porque perderam o bem mais precioso, que é o sentido da vida. E, quando se perde o sentido da vida, tudo está perdido, independentemente dos bens que se possa ter.”
A Espiritualidade ensina a nunca desanimar diante das perdas ou qualquer situação  que nos cause sofrimento. Nos aconselha  a nos recolhermos e olharmos profundamente para dentro de nós mesmos, onde a nossa alma habita, para ouvir o que diz o nosso coração. Pedir luz e o auxílio necessário através de uma prece sincera. Deus jamais negará seu socorro e de alguma forma vai ajudar a carregar o fardo que está pesando demais.
Haroldo Dutra cita Emanuel que diz “não se pode ver a luz da alvorada sem atravessar a madrugada.” Calma e bom ânimo diante das adversidades porque, senão, você não ouvirá o que Deus vai te falar. Orar sempre, trabalhar servindo ao próximo e ao Bem comum. Enquanto a humanidade não acreditar na imortalidade da alma, as dores dos homens se perpetuarão.


Imagem: “Entre Dois Mundos”

Haroldo Dias é juiz de Direito do Tribunal de Justiça de Minas Gerais, escritor, tradutor e conferentista brasileiro.      

 
Nair Lúcia de Britto
Enviado por Nair Lúcia de Britto em 22/02/2021
Reeditado em 22/02/2021
Código do texto: T7190713
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