OS MENTIROSOS QUE CREEM NAS SUAS MENTIRAS
Prólogo
Escrevendo sobre a mentira... É tudo verdade! — (Nota do Autor).
“Um homem de 52 anos foi morto com uma facada na madrugada dessa segunda-feira (15/Fev) depois de passar horas agredindo a esposa em Corumbá, a 425 km de Campo Grande. Na tentativa de se defender, ela teria atacado o marido com uma facada no peito. Conforme informações do Diário Corumbaense, o caso aconteceu no bairro Popular Velha. A mulher teria contado aos policiais que estava em casa e apanhava do marido desde as 20 horas de domingo (14/Fev).” — (SIC).
“Ela conta que o esposo a enforcou por diversas vezes e quando tentava fugir, ele a levava para dentro de casa novamente. Foram quase cinco horas apanhando. Ela disse que, para se defender, pegou uma faca e deu um único golpe no marido, segundo o Diário Corumbaense. Ela pediu ajuda para a irmã e acionou o socorro. A equipe do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foi ao local. A mulher tinha hematomas pelo corpo e reclamava de dores por conta das agressões. Ela foi detida.” — (SIC). — Reportagem publicada na Folha de Dourados em 09:55 - 15/02/2021.
FILOSOFANDO SOBRE A MENTIRA
O ensinamento filosófico de hoje é sobre a mentira. Isso mesmo. Mentiras que, às vezes, se tornam verdades e vice-versa.
A notícia acima, no prólogo, é trágica, recorrente, triste, mas é verdadeira. Aliás, há verdades que gostaríamos que fossem mentiras e vice-versa. Mas o que será que um crime tão danoso tem a ver com verdades e mentiras?
Simples. A mulher assassina será julgada e, possivelmente condenada num Tribunal do Júri (teatro) onde os atores travestidos de autoridades se vestem de preto como dantes se vestiam os componentes dos tribunais da inquisição. O promotor iniciará sua acusação aos berros dizendo: “Diante de nós temos uma assassina fria e calculista; cruel e desalmada. Para ela peço ao dileto corpo de jurados a condenação que o caso requer”.
Sendo um contumaz mitômano ou não, a verdade é que todos nós, eventualmente, mentimos, mas qual a principal desvantagem que têm os mentirosos por fidelidade às conveniências familiares, religiosas, sociais, profissionais ou outros motivos? A resposta é simples e fácil: Os mentirosos têm a danosa desvantagem de NÃO ou NUNCA serem levados a sério quando quiserem dizer uma verdade.
O MENTIROSO, ÀS VEZES, ATIRA NO PRÓPRIO PÉ
É claro que existem as mentiras que prejudicam mais os autores do que os ouvintes. Exemplo: O candidato à presidência da República Fernando Haddad perdeu o páreo para o Jair Messias Bolsonaro, em 2018, porque prometeu aos eleitores, se eleito, reduzir o preço do gás de cozinha (bujão com 13 quilos) para 49 reais! Até os comparsas do PT acreditam que essa mentira, entre outras, foi a pá de cal para a derrota do politiqueiro.
De qualquer forma se uma eventual mentira, para você leitor ou leitora, identificada, neste texto, lhe fez ou (faz) algum bem e não causou (causa) mal a ninguém... Minta você também com gosto e vontade, mas sem esquecer que jamais será acreditado (a) quando quiser dizer uma simples verdade. Enfim, suas verdades serão sempre duvidosas!
A MENTIRA QUE SE TORNOU VERDADE E VICE-VERSA
Posso dar um outro exemplo de uma mentira (creio) que se tornou verdade. Na idade média surgiu a Santa (Santa?) Inquisição. As torturas eram empregadas em casos bem específicos e não era, de modo algum, uma prática corriqueira de todos os inquisidores, como bem destaca a historiadora Regine Pernoud, em seu livro “Luz sobre a Idade Média”, que fala sobre as mortes e torturas durante a Inquisição medieval.
Verdade ou mentira? A Igreja católica tinha interesses escusos na Inquisição? O Tribunal da Santa (Santa?) Inquisição, mais conhecido apenas como “Inquisição”, constitui um dos temas da história humana que mais geram discussões acaloradas, mormente entre os operadores do direito. Não sei. Eu não estava lá. O que sei, igual a todo estudante e autodidata é pelas leituras nos livros jurídicos e de história geral.
Todos os seres humanos (não sou exceção) se orientam no que leem e pelo que veem, ouvem e sentem, em exemplos, bons ou maus. De repente tudo muda e regras da decência e ética límpida parecem haver sido feitas para derrotados, às vezes, raramente, vencedores. O que era verdade virou mentira e a mentira se transmuda em absoluta verdade.
A VERDADE QUE SE TORNOU MENTIRA
O apóstolo Pedro (segundo a Bíblia) mentiu, isto é, negou conhecer Jesus para não ter o mesmo fim do Nazareno seu mestre. Galileu mentiu para salvar a própria vida. Nossas leis penais atuais permitem ao interrogado mentir ou ficar calado quando por ocasião de um interrogatório. Assim é o ser humano: Mente ou se omite em falar por conveniências pessoais e/ou funcionais, familiares ou religiosas.
O grande físico e astrônomo italiano, Galileu Galilei descobriu que o planeta Vênus apresenta fases, como as da lua, e esta observação o levou a concluir que o planeta gira em torno do Sol, como já afirmava o astrônomo Nicolau Copérnico em sua teoria heliocêntrica. Com isso, ele passou a defender e divulgar a teoria de Copérnico, de que a Terra, assim como os demais planetas, se move ao redor do Sol.
Estas ideias foram apresentadas em sua obra Diálogos sobre os Dois Grandes Sistemas do Mundo, publicado em 1632. A publicação dessa obra foi condenada pela Igreja. Em 1633, a Santa (Santa?) Inquisição prendeu e julgou Galileu por heresia. Para evitar que fosse queimado vivo, Galileu Galilei se viu obrigado a renegar suas ideias através de uma confissão, lida em voz alta perante o Santo Conselho da Igreja.
CRIMINOSOS TÊM MEDO DE PERDER A VIDA
Há quem diga, escreva e jure que “bandido não tem o que perder” e por isso não teme nada nem tampouco a ninguém. Verdade ou mentira? Isso é mentira! Se fosse verdade o criminoso não se evadiria depois de cometer um ilícito penal. Ora, se está armado, municiado, possivelmente drogado, por que deveria fugir? Foge porque tem medo de ser torturado! Foge porque tem medo de perder a vida!
Se o leitor amigo perceber que durante a madrugada a porta ou portão de sua residência está sendo violado emita ou som qualquer, até um pigarrear ou tosse será válido; acenda uma lâmpada e verá que o invasor por mais bem armado e municiado que esteja empreenderá fuga!
Isso tem um nome: Medo do desconhecido, mas imaginado. Ele (s) o (s) invasor (es) têm algo a perder. Poderá ser a vida ou a integridade física igual a qualquer ser humano. Ah! E no caso de um bando ou quadrilha, quando um só é capturado, ele geme dizendo entre crises de choro lastimoso e tremores convulsos: “Não fui eu! E não conheço os outros fulanos”.
AS ESPÉCIES DE MENTIROSOS
Há os mentirosos compulsivos, que se aproveitam dos textos alheios sem proteção contra cópias, da Wikipédia, do Google, do "marcar, copiar e colar", de “orelhas de livros” ou prólogos curtos de escritos bem urdidos e trabalhosos para impressionar amigos ou leitores preguiçosos, enfastiados e/ou indiferentes com sua falsa erudição usurpada do alheio.
Quantos livros você leu em 2020? Ah! E há, ainda, os mentirosos envergonhados, que se sentem compelidos a mentir sobre suas leituras apenas para não confessar ignorância diante de um interlocutor supostamente mais culto ou tão enganador – igual ao Rolando Lero da Escolinha do Professor Raimundo – o quanto ele.
AS MENSAGENS COMPARTILHADAS SEM A NECESSÁRIA CAUTELA
Não quero e não desejo que meus fiéis leitores sejam movidos à mentira, falsidade, negacionismo e indolência. Essa indiferença em descobrir verdades será sempre danosa. Eventualmente tenho recebido mentiras em forma de mensagens falsas compartilhadas inúmeras vezes. O pior? No finalzinho da mensagem mentirosa vem o pedido cretino: “Compartilhe com pelo menos dez dos seus amigos”.
Hoje, 16/02/2021, depois de minha caminhada na Juscelino Kubitscheck recebi algo sobre “Consumir frutas com o estômago vazio, isto é, em jejum”. Ora, o blog “Boatos.org” desmente todo o conteúdo da mensagem espúria que recebi. Infelizmente, às vezes, quem nos envia esses lixos eletrônicos o fazem à boa-fé e por isso replicam se tornando inocentes úteis.
Mensagens falsas (Fake News) são expressões sem valor moral, ético e estético; com o pior da espécie humana: discriminação, preconceito, violência, racismo, xenofobia, homofobia, plutocracia, falta de escrúpulos, desonestidade intelectual e visão do vale-tudo pela desinformação. São mentiras que se confundem com as verdades!
CONCLUSÃO
Não custa nada a ninguém o mínimo de cautela, verificando a gênese e veracidade, antes de compartilhar uma mensagem, por meios eletrônicos, para seus amigos, amigas, familiares e afins. As mentiras fazem você acreditar que: Se alguém obtém sucesso socioeconômico, é sempre por razões erradas. Se seu amigo, vizinho ou determinado político se torna popular, é sempre por meios ilícitos.
Se um determinado advogado vence uma causa sucessória milionária é pelo uso da litigância de má-fé, isto é, se utilizando das mentiras que se tornam verdades. Se um escritor incipiente (é o meu caso) e ficcionista consegue atrair a atenção de milhares de leitores não é pela ficção bem estruturada num contexto primoroso, mas sim pelas falácias contextualizadas dentro de hipócritas assertivas.
DESPERTE A CRIATIVIDADE LATENTE NO RECÔNDITO DE SEU SER
Pesquise! Durma menos e estude um pouco mais! Saia do conforto das respostas insulsas e automáticas por meio dos “emojis”, com polegares para cima, palminhas ou carinhas sem graça e próprios dos desidiosos acomodados. Acorde! Movimente-se! Escreva também, se souber ou não, mas o importante é o querer. Se você quiser, como eu quis, certamente conseguirá!
Tente despertar e/ou fazer emergir de seu espírito o Victor Hugo, o Hemingway, o Érico Verissimo, o Conan Doyle, o Vladimir Vladimirovich Nabokov (Vladimir Nabokov), o John Ray Grisham Jr. (John Grisham), o Fernando Pessoa, o J. J. Benítez, o Paulo Coelho ou o Edgar Allan Poe e outros monstros sagrados da literatura brasileira ou universal que existem em seu mais escondido recanto cerebral criativo.
Tente escrever um pequeno conto com o título: “O que vejo de minha janela”. Foi assim que iniciei em 1974, no Bairro do Monte Santo, Campina Grande, PB, mas de minha janela eu só enxergava o muro vetusto branco do Cemitério. Nesse caso precisava inventar. Mentir. Criar na imaginação coisas surreais.
Foi assim que me transformei num ficcionista de meia-tigela e mentiroso nato (mitômano). Escreva sem receio de errar. O erro é de somenos importância. O que realmente conta é a criatividade. Assim dizia o saudoso escritor baiano Jorge Leal Amado de Faria (Jorge Amado).
Escreva histórias que sejam tão improváveis como um sonho colorido em tempos de pandemia, tão absurdas como um piquenique na lua com a feminil e belíssima atriz australiana Nicole Mary Kidman, atualmente com 53 anos de idade, mas que sejam tão verdadeiras e naturais como o sorriso de uma criança. Dessa forma conseguirá ser aceito, igual a mim, na sociedade dos MENTIROSOS QUE CREEM NAS SUAS MENTIRAS.
Observação: A atriz Nicole Kidman nasceu em: 20 de junho de 1967. Portanto, em 20 de junho deste ano (2021) ela completará 54 anos. (Nota do Autor).
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NOTAS REFERENCIADAS
– Textos livres para consulta da Imprensa Brasileira e “web”;
– Assertivas do autor que devem ser consideradas circunstanciais e imparciais.