“Fraternidade e Diálogo: compromisso de amor”
O tema da campanha da fraternidade de 2021 vem chamar a atenção para o amor ao próximo, a solidariedade a justiça e o senso de responsabilidade e igualdade. No entanto, causa espanto e temor, precisar defender esse tema de pessoas ditas cristãs, daquilo que há de mais belo e cristão: a compreensão de que o Evangelho nos obriga a amar ao próximo como a nós mesmo.
Cristãos verdadeiros, não negam a ciência, não cultuam de violência contra quem quer que seja, podem ser: mulheres, negros, indígenas, gays, lésbicas, pobres, ricos...
Cristão autênticos não maltratam professores, não perseguem jornalistas, não excluem marginalizados ou espalham desavenças por onde passam. Não sustentam gabinetes de ódio, nem tramam trapaças ou articulam homicídios e vinganças. Não estimulam o uso de armas, não semeiam discórdia.
“Quem semeia vento, colhe tempestade”. O caos que estamos vivendo não tem um único culpado – o maldito vírus, mas também quem teima em negar sua existência, quem reluta em não ver as mortes que ele causa, e quem tenta combatê-lo com medicamentos ineficazes.
A doenças chegou até nós, mas a incredulidade e irresponsabilidade tentou logo chamar o vento para ajudá-lo e espalhá-la. E ele veio prontamente. O que esperariam senão uma tempestade pavorosa que ceifa vidas, asfixia pessoas e devasta a nação?
O mundo precisa de pessoas honestas, mas que enxerguem além de seus clãs, que protejam sem distinção de etnias, raças, gênero e classe social.
É muito fácil falar de valores familiares, de projetos que violam direitos humanos tais como liberar a mineração em terras indígenas e de um Deus que não se preocupa com os pobres, a apoiadores que acabaram de almoçar e que esperam um jantar ainda mais farto e de paladar ainda mais agradável. O difícil é falar às pessoas de estômago vazio e sem perspectivas de algo que os possibilitem matarem a sua fome.
Nalia Lacerda Viana, 16 de fevereiro de 2021