É CORRETO VOLTAR ÀS AULAS PRESENCIAIS SEM VACINAÇÃO?
A resposta para essa pergunta é simples e certa, da mesma forma como sabemos que 4 é o resultado da soma de 2 +2. Assim, não é difícil também, voltarmos lá para o início da pandemia aqui no Brasil e vermos que a realidade que justificou a suspensão das aulas presenciais é a mesma que ainda está diante de nós. Se o Brasil e as escolas continuam os mesmos, se não dispomos de uma estrutura para garantirmos a preservação da vida de todos, então como podemos impor um retorno nessa proporção para tantas pessoas?
Jamais podemos fugir de nossa realidade e esquecermos que há escolas no Brasil que sequer têm água para os alunos, muito menos recursos financeiros para sua manutenção, uma vez que terá que ser adaptada para as atividades presenciais em tempos de pandemia. É extremamente difícil não vermos, por exemplo, salas superlotadas em praticamente todas as escolas municipais do Brasil.
Mas, voltemos para o início, pois a soma de 2+2 nos leva para o resultado mais previsível de todos que é 4. Aliás, vivemos no reino do previsível e de seu oposto, mas o previsível não está passando de uma mera imagem distópica num espelho irrefletido diante de nós. Em tempos de deturpação da lógica essa realidade distorcida e negacionista parece entrar na moda e ser pior do que qualquer vírus pandêmico. O resultado será o esperado.
E o que podemos esperar de um retorno a uma normalidade anormal nas escolas? O “novo normal” – por sinal, expressão idiotizante e vazia de contexto linguístico – é a pedra de toque dos que estão esquecendo que antes de tudo deve vir o direito à vida, à saúde física e psicológica. Pais ensinam que tudo que for causar algum risco à vida de seus filhos deve ser evitado. E nesse exato momento, há um grande número de pais e mães que estão vendo a volta de aulas presenciais em tempos de pandemia como um verdadeiro risco à vida de todos. Nesse sentido, podemos observar facilmente que é previsível que as aulas presenciais retornem contra a vontade de muitos, assim também como é previsível observarmos a maior evasão escolar da história de nosso país.
A vacinação, portanto, nesse contexto, não só é a cura de um vírus pandêmico mortal, mas também do medo e da antissociabilidade, verdadeiros males para um satisfatório processo educacional e escolar. Pena que não haja vacina para combater também toda a nossa imensa ignorância.