2020 O ANO EM QUE O MUNDO PAROU

2020 – O ANO EM QUE O MUNDO PAROU

Como todos os anos, 2020 começou com a esperança de que teríamos um ano de significativas mudanças no plano nacional. A noite do réveillon foi como tantas outras, com festas, fogos de artifício, muitas promessas e resoluções. Um princípio de ano como tantos outros.

No Brasil, estaríamos vivendo o segundo ano de um governo, cuja plataforma política seria a de combate sem tréguas à corrupção e a de realização de uma agenda substancial de reformas, necessárias e indispensáveis para o nosso desenvolvimento econômico.

As duas promessas de campanha não se realizaram integralmente, especialmente porque não houve a necessária articulação política. No que concerne ao combate à corrupção, apesar de ter nomeado o juiz Sérgio Moro para ministro da Justiça, as acusações feitas ao filho do presidente, quando deputado no Rio de Janeiro, de participação em um esquema de “rachadinha” na ALERJ, levou o presidente da república a tentar intervir na Polícia Federal, o que inviabilizou a permanência de Moro no cargo. Destaque-se que o citado juiz gozava na ocasião de muito prestígio, por ter participado e condenado inúmeros políticos por corrupção, dentre eles o próprio ex-presidente Lula. Desta forma, o projeto de combate inclemente à corrupção foi prejudicado e a própria Operação Lava Jato foi esvaziada.

Restava ao governo a agenda de reformas, defendida pelo ministro da Economia Paulo Guedes. A principal reforma seria a da Previdência. Deveria ser ampla e que contemplasse todos os trabalhadores do país, para que resultasse em uma economia substancial em nossas contas públicas. Como é fácil de imaginar, uma reforma importante como essa deveria demandar uma aglutinação em massa de parlamentares de todos os partidos. Guedes tentou, mas foi sabotado por apoiadores extremistas do próprio governo, que atacavam deputados e senadores de forma violenta, inclusive o próprio presidente da Câmara Rodrigo Maia. Não foi possível aprovar a reforma pretendida pelo governo e, a muito custo, aprovou-se uma PEC que deixou a desejar. Ficaram de fora desta reforma aprovada, por exemplo, os militares e não houve resistência ao lobby de grupos importantes da sociedade.

Assim, as duas promessas principais de campanha não puderam ser implementadas, deixando o poder executivo enfraquecido e sem o apoio necessário no Congresso.

O pior estava por vir. O primeiro caso da pandemia pelo novo coronavírus foi identificado em Wuhan, na China, no dia 31.12.2019. Desde então, os casos começaram a se espalhar rapidamente pelo mundo: primeiro pelo continente asiático e depois por outros países. Ao atingir o continente europeu, já em 2020, a epidemia ganhou a forma de pandemia e assustou o mundo, com a rapidez do contágio e a gravidade dos casos. Totalmente despreparados, os países europeus custaram a responder com medidas protetivas e de aparelhamento hospitalar e de profissionais de saúde. Um panorama de morte e de temor se instalou naquela região. As economias do mundo foram totalmente abaladas, pelas medidas restritivas impostas pela pandemia. No Brasil, apesar de o governo central adotar uma atitude negacionista, não houve como não adotar medidas que impedissem a população de se expor ao vírus, que foi aconselhada a ficar em casa e sair o mínimo possível. Muitos segmentos de nossa economia, como a de todo o mundo, foram afetados e a intenção era a de preservar vidas e dar o tempo necessário para que o sistema de saúde se aparelhasse para o contágio inevitável.

Como não foi possível controlar a doença, inúmeros projetos foram transferidos ou cancelados, pela impossibilidade prática de executá-los. Assim, a Olimpíada do Japão, evento realizado a cada 4 anos, teve a sua realização adiada para julho de 2021, sem que se tenha certeza ainda da sua

realização. Peças de teatro foram suspensas, adiadas ou mesmo canceladas, por falta de público. A indústria cinematográfica também foi afetada, em razão do fechamento das salas de exibição. Campeonatos de futebol foram suspensos ou tiveram sua realização retardada e não terminaram em 2020, prosseguindo este ano, ainda que sem público. O segmento de Turismo foi seriamente atingido pela impossibilidade de se realizar viagens. A indústria aérea sofreu também os efeitos da pandemia, com a proibição de voos internacionais. Certamente, inúmeros sonhos de viagens tiveram que ser adiados para o ano seguinte. Academias de ginástica, piscinas e até praias tiveram que ser fechadas. Negócios importantes, obras de grande porte, investimentos programados tiveram que ser adiados, aguardando um momento mais propício. O mundo parou e teve que se ajustar as condições de agora.

O mais preocupante é que depois de apresentar números que sugeriam uma estabilidade e uma posterior tendência de queda, a pandemia voltou com números alarmantes no Brasil e em todo o mundo. Não há vislumbre de melhoria das condições epidemiológicas a curto prazo e só a vacina poderá achatar os números de agora, uma vez que a população do planeta demonstra sinais de cansaço e quer viver sua vida normalmente. A despeito disso, há uma tentativa de se desprestigiar as vacinas, sob os mais variados argumentos.

Hoje chegamos a esdrúxula situação: muitos não têm medo do vírus, mas têm medo da vacina.