Enquanto isso...
A Pandemia demorou tanto para passar, que bordões que surgiram no início já perderam a validade: “novo normal, webinar, vídeo conferência, fique em casa...”
Não se vê mais jovens irem a farmácias, mercados ou padarias para protegerem os idosos, eles mesmos desafiam o vírus e com prazer. Não se vê corridas para doações, não existe mais o mantra “quando isso acabar, sairemos melhores do que antes”, não se ouve mais a palavra solidariedade. Acabou a novidade e tudo volta ao velho normal.
Bom, mas voltando para a nossa conversa de final de Pandemia, quando ia escrever já me via sentada na varanda de minha casa, conversando com minha neta sobre a Pandemia da Covid-19 e um ano de reclusão, me veio uma imagem que nunca imaginei tê-la, mas achei muito bonita. Daqui a pouco poderei contar essa mesma história para meu outro neto que vai nascer (tinha que arrumar um jeito de colocá-lo(a) na história).
A Pandemia começou a desaparecer, chegava ao “finalzinho” com as flexibilizações das praias, cinemas, bares, restaurantes, shows. Então a bagunça se instalou. Ora, se os presidentes, desde os mais exibidos aos mais discretos, pegam Covid e não morrem, por que eu vou morrer?
E tome praias, bares, shopping e festas. A máscara passou a ser elemento decorativo do queixo, álcool em gel, que um dia foi a “vedete” da Covid, é mercadoria encalhada nas farmácias e supermercados.
No Brasil, passadas as eleições municipais, nas quais alguns prefeitos correram o risco de ser derrotados pela Pandemia, já que o povo achou pouca a ajuda recebida diante do volume roubado pelos gestores da saúde que fizeram bilhões desaparecerem sugados pelos respiradores. O eleitor não teve como respirar com o volume de dinheiro desviado entupindo os tubos de ar que iria para os pulmões dos infectados, as estatísticas mostram que o verão seria gordo.
Aviões com assentos ocupados, passagens no patamar de preço antes da pandemia, hotéis recuperam as taxas de ocupações, restaurantes com mesas cheias, coladas umas às outras… sol abundante, calor escaldante não conseguiu segurar banhistas sedentos de mar, rios e piscinas.
Enquanto isso... o mapa vermelho, amarelo e azul continua a mostrar o número de infectados e de mortos. Na Europa há notícias do toque de recolher. Já o Brasil, continua na “corda bamba”.
Temos que aproveitar que a imprensa está ocupada mostrando a retomada da economia, para abrir as “porteiras, romper cercas e derrubar todas as regras”.
O que seria do Brasil sem flexibilizações? Da economia, do turismo das festas natalinas e o Réveillons? A retomada do turismo, das festas, shows e aglomerações foi perfeita! Tem até Folia de Reis!
Há quem diga, ainda, que a pandemia é uma “farsa, canseira, coisas da esquerda para derrubar o presidente”. E eu, após 11 meses de quarentena penso: a visão do cenário brasileiro nessa abertura nada lenta nem gradual é perigo iminente. Mas, o que fazer? Novamente fechar a porta e ir dormir.
Nália Lacerda Viana, 04 de janeiro de 2021