depois da tempestade

DEPOIS DA TEMPESTADE

Diria o pessimista: “depois da tempestade, vem outra tempestade”. Porém, o otimista, por sua resiliência e fé, alça a sua voz e diz:” depois da tempestade, vem a bonança”. Que dizer de um ano tenebroso que se finda? A bem da verdade o ano se finda, porém a peste que dominou, ainda não terminou. Apesar da pura verdade quanto as mortes de milhares de milhares no mundo inteiro, nem tudo pode ser definido como desgraça, muito aprendizado precisa ser levado em conta. Quantas pessoas adotaram atitudes novas numa perspectiva de que a vida precisava ser repensada – esses são os otimistas, os que não desistem, que não se acovardam ante os desafios que a vida lhes impõe, são capazes de entender que quem governa o mundo não é o homem, mas, sim, aquele que o Criou, assim como criou do nada todas as coisas. Quanto aos incrédulos, avarentos, continuam a pregar a destruição dos valores morais e espirituais, submetendo os mais humildes à escravidão, julgando que governarão o mundo e ajuntarão tesouros para si, como se imortais fossem, como se fossem levar para a sepultura suas riquezas – ledo engano. Dos destroços do ano 2020, os rescaldos vão se tornando em pepitas de ouro na vida daqueles que acordaram para a real existência segundo os propósitos do Criador. Mesmo entremeio aos destroços, muitos deixaram a sua mesa farta, para dividir o pão com os mais necessitados; algumas empresas abriram os cofres, doando parte de sua produção em socorro aos flagelados em decorrência da peste. Quem desligou a televisão e saiu do seu casulo, pode ver com os próprios olhos atos de justiça sendo praticado, não necessariamente pelos ricos e poderosos, mas pelos alijados de uma sociedade cruel e injusta. Pessoas que embora tendo tão pouco, não tiveram por usurpação reter somente para si, mas sendo capaz de se alegrar como s seus iguais. Num projeto social que cuida de famílias de catadores de lixo, vi crianças que sendo desafiadas em a prender músicas natalinas que nunca haviam cantado, com a promessa de que teriam o maior Natal de todos os anos. Foi um verdadeiro milagre. O primeiro milagre foi que elas aprenderam em quatro semanas muitas músicas. O segundo milagre foi a resposta de uma comunidade de condôminos formado por cerca de setenta e quatro mulheres fantásticas, que do nada se empolgaram com o projeto, e o resultado foi que um amontoado de presentes a todos surpreendeu. Outras pessoas bondosas também surgiram, quase que foi preciso pedir para não trazerem mais, sobejou. Foi muito lindo. As crianças cantaram como nunca, todas firmes na sua voz, pulavam de alegria, não conseguiram fechar os olhos para orar quando o pastor as convidou para agradecer por tantas bênçãos alcançadas – elas estavam de olho na montanha de presentes – naturalmente, pois nunca haviam tido tanto o que sonhavam. Aquelas mulheres que arrecadaram presentes, não estiveram na festa comunitária, exceto uma senhora que do nada havia surgido no meio da festa, não guardei o seu nome, porém vi a sua atitude: “posso ajudar?”, como não? Foi a resposta do pastor: “muito bem-vinda!”. Tentando justificar o seu atraso, ela disse que neste dia ela havia vendido o seu carro para pagar suas dívidas, queria terminar o ano livre desse pesadelo. Como a senhora veio até aqui? – Meu filho me trouxe. A conversa foi rápida, pois que as crianças estavam alvoroçadas pelos presentes que estavam sendo distribuídos. Decorrido algum tempo, aquela senhora veio se despedir. “obrigado pastor por poder participar da festa”. – Que isto? Nós é que agradecemos! Quer que a leve em casa? – Não precisa, é somente atravessar a rua. Ela se foi. No outro dia, refletindo sobre a situação daquela mulher, me doeu o coração, bem que eu podia ter conversado um pouco mais com ela, quem sabe estava ali apenas por desejar trazer paz ao seu coração promovendo atos de bondade. A tempestade estava passando, a bonança ficou depositada na fé em que um novo dia há de vir – os valores eternos são maiores do que os valores efêmeros deste mundo. Ainda permanece em nosso coração voltar a encontrar aquela senhora, também as outras setenta e quatro que ajudaram a fazer o Natal das crianças. Algumas delas tenho em memória: Mariana, Joelma, Edy... são muitas, porém destas tenho boa lembrança, do seu empenho, do seu sorriso, da alegria demonstrada neste gesto de amor ao próximo. Gostaria de lhes perguntar: por que vocês fizeram isto? Às vezes fico a pensar se todas entendem que esse ato de amor seja uma resposta daquilo que acreditam, em detrimento da fé que lhes proporcionou a salvação, ou se isso é traduzido apenas por dó ou compaixão? Por que isso? Apenas por esclarecer que somente as boas obras não salvam, elas apenas acompanham aqueles que já creram no Senhor da salvação. Esse ano tenebroso, na verdade, tem servido para que muitos encontrem os reais motivos e propósitos de suas existências – não fomos criados e depois jogados neste planeta, fomos feitos para a eternidade. Não teria nenhum sentido se eu e você depois de construirmos uma história, caindo, levantando-se, envelhecendo e depois disso tudo – ter passado pelo fogo do que esta vida nos impõe, e depois achar que morremos e tudo acabou? Onde estaria a sapiência do Criador? Se somos a menina dos Seus olhos? Nós é que somos pequenos demais para entender essas coisas. Nada do que nos acontece é meramente por acaso, mas sim, para que tenhamos olhos abertos, corações contritos, mentes sadias, inteligência em detrimento da essência de todo sabedoria que se encontra em Deus o Criador. Aquele que nos faz capaz de encontrar esperança entremeio aos destroços da tempestade. Como disse um flagelado: “a casa caiu, a água levou tudo o que havia construído com anos de muito esforço, porém, eu estou em pé! Posso começar tudo de novo.” Esta é uma resposta de fé – depois da tempestade vem a bonança.