Explicando sentimentos...
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Explicando sentimentos...
Confundimos, no egoísmo da ingenuidade, fatos independentes e não entendemos a diferença entre querer e poder; entre o que depende de nós e o que está nas mãos dos outros. Tudo que depende de nós pode ser alcançado, posto que os limites do homem são ilimitados – inexiste limitações para os limites humanos. Tudo que depende de alteridade, ou seja, que depende dos outros, está fora de nós. Portanto, quando certas decisões são tomadas não significa que mudamos; significa que, em razão da impossibilidade, porque depende dos outros, desistimos.
Se meu sonho for ser engenheiro, depende de mim! Corro atrás, estudo e me formo! Minhas condições tornarão o trajeto mais ou menos tortuoso, mas o resultado virá! Se o meu sonho for criar um Gulbth, dependo da existência dos Gulbths. Ao descobrir que não existem Gulbths e, mesmo assim, mantenho a busca, isso vira insanidade.
Mudanças não significam, necessariamente, que os sentimentos mudaram! Paixões, sonhos e desejos, principalmente o amor, não se apagam da noite para o dia. Os sentimentos continuam cá, dentro de nós, guardadinhos... Mas os Gulbts não existem! Devemos continuar sonhando com o intangível, com o que não existe além do que temos dentro de nós? Devemos persistir e insistir, mesmo quando alertados, todos os dias, que nossa busca é inútil? Que amor é esse que se sustenta na solidão de único desejo? Quem ama precisa amar alguém, algo... O amor é gratuito, é verdade, mas o amor que pede cumplicidade precisa do dualismo, reciprocidade, ou, no mínimo, de promessas. Se a realidade mostra que não existem possibilidades, que a busca e a espera serão inúteis, por que esperar? Para demonstrar perseverança? Para provar ao outro, que nos ignora, que somos fortes, persistentes? Isso não é amor, mas submissão.
Amor pressupõe alegria e não sofrimento. Provamos o amor quando resistimos juntos, diante da dor, sofrimento e privações. Entretanto, criar o sofrimento, fazer o outro sofrer, gratuitamente – entender que isso é prova de amor, nada mais é que rudeza de caráter. Insistir na espera e na interrogação, sem dar nenhuma pista nem abrir qualquer possibilidade de algo real, isso é tortura!
Quem pensa que dar provas de amor é estar disposto a sofrer pelo outro, comete grande equívoco. Provamos o amor quando temos oportunidade... Quando o que temos é apenas desesperança, impossível qualquer manifestação de sentimento.
Iguatu-CE, 27 de setembro de 2013.
13h29min
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