NÃO SOU IGUAL A NINGUÉM

Prólogo

Penso, falo e escrevo sem receio de retaliações e/ou interpretações quaisquer (positivas ou negativas). Eu nunca fui comum e tampouco quis ser igual a ninguém. Sou leal, pontual, transparente, atrevido, polêmico, sincero, real e verdadeiro, mas para muitos fui e ainda sou um pesadelo. Este pequeno texto é uma análise ou retrato de mim mesmo feito com o mais sincero pensamento racional.

AS PALAVRAS DE MINHA MÃE

Ainda hoje ouço claras e nitidamente as palavras de minha mãe quando dizia, sem articular as palavras, parecendo que a valorosa lição saia de sua mente brilhante, mas sem conhecimento escolar. Em outras palavras ela dizia sem desviar os olhos negros dos meus:

“Nunca esqueça que você é a pessoa mais importante da sua vida e que não há amor maior do que o amor-próprio. Ame os outros na medida certa e sem medida ame-se incondicionalmente! Não há nada mais poderoso que a autoestima, pois ela nos mostra o nosso verdadeiro valor! O amor-próprio nos mostra o esplendoroso brilho que temos, mas não o enxergamos simplesmente pela ausência de uma necessária valorização pessoal.” – (SIC).

RETRATO DE MIM POR MIM MESMO

Sou disciplinado, medianamente inteligente, mas supero minhas dificuldades de aprendizado pelo autodidatismo e teimosia que ouso chamar de determinação. Sou um tanto quanto desorganizado com roupas, calçados, livros e afins. Todavia, isso não caracteriza um contrassenso sobre o fato de afirmar ser disciplinado.

Seríssimo, meu riso é breve e não rio de tudo, mas choro em silêncio com as bizarras histórias de abandono e maus-tratos contra animais, crianças, mulheres, idosos e deficientes em geral. Gosto do coletivo. Por isso aprecio mais o "nós" do que o "eu".

Quando possível, gosto de trabalhar em grupo. Desse modo podemos dividir responsabilidades, somar forças e capacidades, colher os louros da vitória depois de estrategicamente recuar e avançar pondo em prática o consenso e a resiliência essenciais.

Em que pese a pensamentos divergentes a respeito do meu caráter, definitivamente não sou egoísta. Não sou um total misantropo, mas há momentos que ouço músicas e danço sozinho, canto sob o chuveiro, leio no banheiro; penso bobagens e escrevo tolices. Sou advogado e pasmem... Não acredito na falácia “Todos são iguais perante a lei”. – (SIC).

REZA A NOSSA ATUAL CONSTITUIÇÃO FEDERAL

“Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade”. – (SIC).

UM ENGODO QUE SE PERPETUOU

A origem do Foro Privilegiado no Brasil data da primeira Constituição Republicana em 1891 no seu art. 57, § 2º, que deu competência ao Senado para julgar os membros do Supremo Tribunal Federal nos crimes de responsabilidade e, ao STF, para julgar os juízes federais inferiores (art. 57, § 2º) e o Presidente da República e os Ministros de estado nos crimes comuns e de responsabilidade (art. 59, II). Infelizmente, com poucas e insignificantes alterações, o engodo permanece até hoje!

Entendo, salvo outro juízo, que essa é a primeira e mais forte hipocrisia constitucional. Mentira! Se verdadeira fosse, essa propalada igualdade perante a lei, não haveria o foro privilegiado. Não há como negar que o foro privilegiado é uma quebra do princípio de que todos são iguais perante a lei e que, portanto, estão submetidos a ela da mesma forma. Ledo engano!

A SELVAGERIA QUE ME ENTRISTECE

E ao escrever sobre maus-tratos, há muita incoerência em quem defende os animais (Bois, cavalos, cachorros, gatos, baleias e golfinhos e outros, por exemplo) e acha o máximo um "esporte" selvagem como as "vaquejadas". Da mesma forma que os rodeios, nesses eventos os animais são submetidos a dores incalculáveis, sempre em nome da diversão de pessoas bobas, grosseiras e verdadeiramente selvagens.

Os defensores dessa selvageria se apoiam em artigos da Constituição que garantem o respeito às manifestações populares, bem como a difusão da cultura popular. Em contrapartida, a Constituição também incube o poder público de defender a fauna e a flora, vetando práticas que submetam os animais à crueldade.

NÃO SOU VAIDOSO... DEVERIA SER?

Não me visto bem, sou despojado sem ser desleixado e se pudesse não usaria roupa nenhuma. Bebo vinho caro ou barato sem me preocupar com status social ou situação financeira. Falo pouco... Muito pouco. Gosto do silêncio das madrugadas frias e chuvosas e nesses momentos entro em verdadeiro êxtase para exercer a criatividade literária em forma de devaneios.

Extroversão não faz o meu gênero. Sou introspectivo e, às vezes, minha tristeza é tanta que não são os olhos que choram, mas o coração que sofrido sangra. Visionário, brinco com meus cachorros já falecidos (Bob, Jade e Hulk), hoje imaginários. Converso com o periquito arteiro ou papagaio falante. Nessas ocasiões meu lado feroz e sagaz é manso, pacífico e ordeiro.

AS CRÍTICAS SEMPRE APERFEIÇOAM

Todas as críticas aos meus, às vezes, insólitos, rebuscados e insulsos escritos são bem-vindas, mas quero avisar: Sou um misto de Anjo e Demônio sob a ótica dos que entendem que me podem julgar! Não costumo fazer juízo de valores. Talvez seja por essa razão que eu não haja me aventurado em um concurso para ingressar na magistratura. A Bíblia diz: “Não julgueis para não serdes julgados”. – (SIC).

Quase sempre fico mal quando aconselho, por palavras ou escritos, pessoas relapsas, inconsequentes, ignorantes e/ou geneticamente sociopatas. Ah! Os mal-agradecidos e/ou mal-educados... Tenho um forte sentimento de aversão, implicância com esses energúmenos. Com eles (elas) uso o sentimento mágico, a palavra forte chamada indiferença.

A verdade é uma só: Se não posso combater ou amenizar o mal afasto-me desse mal (danosa convivência). Mas gosto sim de abraços, mimos, cortesias e deferências sinceras. No entanto, xingo, falo alto ou baixo e até grito a depender de quem queira ou goste, por comprovado desequilíbrio mental, e precisa ser maltratado e desrespeitado para uma perfeita adequação a sua linguagem esconsa.

NÃO GOSTO DE EMPRESTAR COISAS QUAISQUER

Não se trata de um conjunto de desejos amorosos e hostis que experimento com relação a minha mãe (complexo de Édipo), mas fico infeliz por não ter mais o colo da mãe severa e pai carrancudo. Falando em mãe, ela nunca me disse como eu deveria ser ou me proibiu de fazer as coisas que eu quis fazer. Mas sempre que podia ela me dizia repetindo um refrão ou axioma antigo: “Quem empresta nem pra si presta”. – (SIC).

Nem sempre escutei minha saudosa mamãe! Infelizmente emprestei, na escola, faculdade ou na convivência social (trabalho e supostos amigos): dinheiro, livros, revistas, canetas, CDs, disquetes, pen drives e perdi alguns desses objetos para algumas pessoas que são contumazes nessa prática abusiva mesmo sabendo o significado de uma apoderação indevida.

A SEVERIDADE EDIFICANTE

Minha muito severa mãe preferia ser indiferente – igual a ela fiquei assim – que eu errasse, me machucasse e "quebrasse a cara" para aprender a lição inesquecível pela decepção e/ou dor do castigo por ela infligido, mas nem sempre eficaz.

Não me revolto nem tampouco sou (estou) ressentido por isso. Talvez eu fosse outra pessoa se ela (mamãe Júlia) me proibisse de fazer bobagens igual a toda criança faz. Enfim, confio e sou confiável. Quem me conhece não se queixa de algum deslize cometido por mim em detrimento dos bons usos e costumes. Definitivamente, não sou igual a ninguém!

CONCLUSÃO

As infância e adolescência passaram. Esse passado remoto não volta mais porque o tempo é irreversível! Desses períodos guardo boas recordações e excelentes bases socioafetivas e morais. Hoje sou um homem que cultua, estribado nas virtudes teologais, imoderadamente, a família, a saúde física e emocional, a cultura e a paz.

No momento sou a antítese do bem, da luz, do prazer e da esperança. Sou uma luz difusa que se autorregenera pela força no que acredito ser possível alcançar. Creio viver em eterna provação aceitável apenas porque, às vezes, entendo ter e ser essa força divina da natureza em transformação.

Igual a este texto, alguns dos meus escritos são considerados difusos, por fazer emergir das entrelinhas ensinamentos fugazes e ousar mergulhar na corrente dos pensamentos indecifráveis a representação do ser em êxtase.

Por usurpar de mim mesmo ideias complexas, pontos nevrálgicos, metas intransponíveis e a deixar no cúmplice leitor a inquieta ideia de perseguir essa aventura orgástica, impudica, talvez egoísta e/ou pervertida, revelada de forma simbólica, subliminal, mas satisfatória e lírica, pelo menos para mim, sou diferente e extremamente indiferente. NÃO SOU IGUAL A NINGUÉM!