A execução do líder do MST Ênio Pasqualin

Foi noticiada na noite deste domingo (25 de outubro) a execução do dirigente estadual do MST – Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra – Ênio Pasqualin, assassinado em Rio Bonito do Iguaçu, sudoeste do Paraná. Ele foi sequestrado em casa, diante da família, e executado a tiros numa estrada rural. O crime teria tido motivação política.

Esta notícia está em veículos alternativos (Brasil 247, Revista Fórum, etc.). Como ela será tratada nos jornalões do Brasil? Vale ver o documentário “Nossa bandeira jamais será vermelha” (direção de Pablo López Guelli, 2019). Ele mostra como meia dúzia de grandes grupos de mídia carteliza a informação no país, manipulando as notícias de modo que a população reaja como um rebanho que acaba negando seus próprios direitos e apoia os privilégios da elite econômica.

Ênio Pasqualin era dirigente do MST, cuja bandeira principal é a reforma agrária. O documentário mostra como isto é traduzido pelos jornalões, que transformam tudo o que tem a ver com o MST em perigo à suposta ordem instituída. Mas, numa visão realista, o MST é um movimento legítimo, popular, que busca resistir ao sequestro dos direitos, da identidade e da liberdade do camponês. A bandeira pela reforma agrária não é pela desordem no campo, mas sim pela distribuição da terra de latifúndios improdutivos ou ilegais para camponeses que nelas desejam trabalhar.

Sendo um movimento popular, contrário ao interesse do latifundiário, o MST tem sido demonizado, junto com todos os movimentos, partidos, políticos, mídias, pessoas, etc., que se colocam ao lado dos explorados contra os exploradores. Quem vê o MST como uma ameaça à economia e à sociedade deveria procurar conhecê-lo melhor. Ele na verdade luta por uma sociedade mais justa, uma produção agrícola voltada para as necessidades das populações locais, a defesa das sementes crioulas livres dos grilhões corporativos e da obrigação do uso de agrotóxicos, o cooperativismo e campanhas solidárias, a educação sem medo de abordar temas sobre soberania, consciência de classe e militância política. Por isso o MST é temido: ele é um risco à perpetuação dos privilégios da elite econômica que ainda trata o Brasil como uma monarquia escravocrata.

A execução de Ênio Pasqualin às vésperas das eleições municipais é um recado da truculência do poder econômico. Se as manipulações não bastarem para calar seus opositores, não hesitarão em chegar às vias de fato. E não temem as consequências de seus crimes. Têm a confiança de que exercem suficiente influência sobre os órgãos policiais e judiciais para que os crimes resultem impunes.

A truculência dos assassinos de Ênio Pasqualin não se limita ao extermínio de líderes rurais. É a mesma que domina a grande mídia, mente nas redes sociais e elege prepostos que mandam na política. No quadro atual, há um modo de barrar tal truculência: é eleger políticos que representem de fato a classe trabalhadora.

Estamos próximos das eleições municipais. Que a população tome consciência de sua condição social, e enfim saiba eleger quem vai representá-la.