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A Pandemia

As memórias são o registro do tempo do que fizemos e ainda faremos durante a estadia no mundo dos vivos. Parece que 2000 foi bem ali, lembro-me das preocupações de toda sorte e natureza sobre o novo milênio que estava prestes a entrar em nossa casa fresquinho, fresquinho e com ele a grande aflição do Bug do Milênio. Era o assunto da moda, pois podia ocorrer uma pane geral na virada do ano e os sistemas informatizados não marcariam 2000 e sim 1900.

Uma angústia geral tomou conta do mundo e milhões foram gastos com tecnologias para que os sistemas e serviços não entrassem em colapso. O ano virou, 2000 chegou e os danos foram mínimos e contornáveis e, assim, continuamos com as nossas vidas em perfeita harmonia com o planeta terra desde quando o conhecemos até que 2020 se aproxima trazendo mudanças consideráveis como a indústria 4.0 cujo embrião foi plantado desde o ano de 2011 sendo um projeto de estratégias do governo alemão relacionadas as tecnologias de produção tendo em foco o conceito de fábricas inteligentes. O embrião foi se desenvolvendo ao longo dos anos e com os avanços tecnológicos hoje já é algo factível e que revolucionará o mundo dos negócios e também impactará na massa de trabalhadores. A indústria 4.0 é considerada a quarta revolução industrial - daí o seu nome.

A nova década - a década de 20, dos anos 2000 chega com grande expectativa mundial com as mudanças nos modos de produção e, por conseguinte, nos de consumo disponibilizando novos modelos de fazer comércio por intermediação tecnológica. As vendas pela internet cresceram muito, novas profissões surgiram como os digital influencers, youtubers, analistas de marketing digital e outras. O mundo estava acelerado, as pessoas magnetizadas por esse novo mundo de luzes e de cores, de selfies e amigos virtuais, a vida ficou muito corrida, na mão do bebê a "chupeta eletrônica" para entreter a criança e fazê-la parar de chorar. Nas ruas as pessoas andando como zumbis de olho na tela, outras morrendo ao buscar a selfie perfeita em condições totalmente inseguras.

O que aconteceu com o mundo?! Com as pessoas?! Percebemos que a família não mais se reúne como antes, os diálogos diminuíram, a convivência parece ser suportada, afinal o mundo da telinha do smartphone parece ser bem mais atrativo e interessante. Ouso dizer que a humanidade entrou numa espécie de artificialidade buscando a imagem perfeita, a vida perfeita, o sorriso perfeito, por vezes aparências e nada mais. E o pior, a melancolia de vidas vazias de afeto e presença humana tem sido uma crescente. Por outro lado a tecnologia nos permite a acessibilidade a informações, a construção de novos vínculos de amizades no ambiente virtual, a novas teconologias de saúde, a casa inteligente, ao veículo inteligente, a fábrica inteligente. A tecnologia também tem as suas benesses, não podemos negar.

Tudo parecia perfeito com todas as rodas das engrenagens funcionando a todo o vapor, mas surge um elemento novo, imprevisível, desconhecido, digamos que deu um defeito intermitente no mundo - a Covid 19. A década de 20 que parecia promissora chega com uma grande surpresa, um cavalo de tróia que 2019 fez questão de nos presentear. A China, passa por dificuldades sanitárias e de saúde e nós aqui no ocidente pensávamos que era apenas uma gripezinha, que não nos afetaria. Comemoramos as festas de final de ano, brindamos a nova década com alegria no olhar e esperança no coração. E pelos noticiários começamos a perceber que não é uma doença tão simples; a Europa sofre. Ainda tivemos tempo de brincar o carnaval e de repente "bum", a covid 19 nos visita; uma visita indesejada e que veio para ficar.

A esta altura o mundo está paralisado e lembro-me de  Raul Seixas e a sua canção - O dia em que a terra parou. Fomos obrigados a desacelerar, a ficar em casa, a cuidar do outro, a cuidar de si mesmo, os pais tiveram que se reinventar para cuidar das crianças (a chupeta eletrônica não mais atende), o smartphone enjoa, sentimos falta do riso e do abraço de familiares e amigos, de como é bom estar reunido com gente real, seja no trabalho ou na família. Somos gente e gente tem necessidade de gente sim. Talvez essa tenha sido a grande mensagem que a doença nos trouxe e felizes quem se der conta disso. Infelizmente, há pessoas que não abriram os olhos e preferem a correria de antes. Saem desesperadas para shoppings, bares, tentam fazer festas, praias lotadas - é o que vemos na TV. E onde fica a preocupação com o outro? Expor-se ao risco de infectar a si e a família? Os dias não têm sido fáceis, não somos ilha para viver no isolamento, mas é necessário prudência no agir para que o vírus não aumente ainda mais o número de vítimas.

O nosso País é enorme e com grandes problemas de natureza social e econômica. Muitas pessoas não têm alternativas a não ser ir para as ruas a fim de batalhar pelo pão de cada dia. É a nossa dura realidade. Mas, é necessário por em prática a educação e o respeito para com o próximo; é preciso usar a máscara corretamente, lavar as mãos, higienizar os ambientes, é uma luta de todos - pessoas físicas e pessoas jurídicas. Estamos vivenciando uma verdadeira guerra contra um inimigo invisível. São 100 mil mortes; cem mil famílias enlutadas. Cuidemos para que essa dor não aconteça conosco e nem com o próximo. Que possamos tirar aprendizados sobre a situação atual que nos obrigou a desacelerar e a conviver mais com os nossos familiares mais próximos, mais íntimos. Que saibamos ler, entender e aplicar as lições que o novo normal está nos apresentando, nos induzido a buscar novos meios de convivência social com familiares, amigos e desconhecidos.

Alvaniza Macedo
08/08/2020





Fontes de pesquisa para aprofundar o conhecimento:

https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-o-bug-do-milenio/
https://www.citisystems.com.br/industria-4-0/

 
Alvaniza Macedo
Enviado por Alvaniza Macedo em 09/08/2020
Reeditado em 09/08/2020
Código do texto: T7030318
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