Se o mundo fosse cego

Se o mundo todo fosse cego, quantas pessoas você impressionaria?” Acostumados com a exterioridade, valeria a pena uma experiência um tanto diferenciada: enxergar apenas com o coração. Por uns instantes, experimentar o que significa não enxergar fisicamente. Admirável a força e a determinação daqueles que convivem com a deficiência visual. Temos muito que aprender com eles. A limitação da visão poderia inspirar um novo jeito de captar imagens e de perceber o mundo. Muitos investem alto no visual para impressionar. Retocam a aparência apenas para serem vistos e até admirados. A exterioridade tem ‘escondido’ muitos corações quase despedaçados. Porém, vai chegar um momento em que será por demais cansativo apenas parecer o que não se é, em função dos outros.

Viver de aparências é um tanto ariscado. As energias podem se esgotar facilmente. O que impressiona não é a roupagem, mas os valores que transbordam de um coração alegre e bondoso. Onde está uma pessoa de bem, o que é trivial se torna charmoso. Algumas pessoas impressionam pelo modelo e marca que estão usando. Outras, em maior número, chamam atenção pela simplicidade e desapego.

O dia que deixarmos, não no descuido, mas em segundo plano a questão da estética exterior, um novo jeito de viver se tornará mais apresentável. As pessoas já não se impressionam apenas com a elegância no vestir. A bondade e solidariedade têm deixado muita gente bem mais elegante. A grife da ética tem diferenciado alguns humanos.

A alegria deveria ser a etiqueta de todas as peças. A humildade poderia ser a estampa das quatro estações. O perdão poderia ser como que uma peça de uso diário ou um acessório de fácil combinação. Impressionar pelos valores humanos: uma insistente tendência dos próximos tempos.

Frei Jaime Bettega