VOCÊ TEM LUGAR DE FALA?

Será que todo mundo pode ou tem o direito de falar de todos os assuntos mesmo que não seja parte do assunto? Nos últimos anos tem se criado no linguajar acadêmico aquilo que ficou conhecido como lugar de fala. De acordo com essa argumentativa, só "pode falar", por exemplo, mais profundamente sobre o racismo quem é negro ou de feminismo quem é mulher. Uma das grandes precursoras desse debate tem sido a filósofa Djamila Ribeiro que coincidentemente é uma grande amiga e parceira na luta contra o racismo do também filósofo e professor de direito Silvio Almeida (foi meu professor de filosofia do direito na faculdade) que juntos formam uma das duplas mais requisitadas no Brasil e quiçá no mundo para falar sobre feminismo e racismo. Embora a maioria dos defensores desse argumento digam que todos tem lugar de fala na sociedade, particularmente não creio que seja bem assim. Infelizmente muitos das pessoas ditas progressistas, quando são contrariadas em suas pautas lançam de imediato o argumento: Não é seu lugar de fala! Você não pode falar de aborto porque não é homem, de racismo porque não é negro, de pobreza porque não é pobre, de índio porque não é indígena, e assim por diante. De fato concordo que estar na pele é bem diferente de não estar. Isso deve ser ponto pacífico para todos. Um branco que não sofre violência policial em um bairro nobre não consegue falar totalmente sobre o racismo assim como um negro falaria nas periferias. No entanto, isso não significa e não impede de qualquer pessoa branca falar e até mesmo criticar certas políticas voltadas para as minorias que ela acha equivocada. Em uma sociedade extremamente complexa, interligada, globalizada e com múltiplas visões de mundo todo mundo pode falar de tudo desde é óbvio que com embasamento, sem ódio e preconceito. Do contrário, apenas ginecologista mulher deve atender mulher ou um veterinário outro animal. Simples assim!

Danilo D
Enviado por Danilo D em 04/08/2020
Código do texto: T7026007
Classificação de conteúdo: seguro