Posicionamento Político

Enxergamos uma forte polarização política no Brasil contemporâneo que vêm se formando a algum tempo, entre outros fatores, devido às diversas questões em torno da corrupção. Tendências à “esquerda” e à “direita” têm disputado espaço em meio a essa situação lutando por direitos e usando de diversos meios – lícitos e ilícitos – para se fazerem ouvir pelas massas e se tornarem influentes formadores de opinião em seu meio.

Não me dou o direto de julgar qual seria o posicionamento político mais adequado, creio que ainda não possuo conhecimento e vivência o suficiente para definir isso e, talvez, isso nem me interesse muito. Não faço questão de me colocar como juiz para definir definitivamente quem é o certo e o errado, talvez pelo simples fato de que de ambos os lados há elementos adequados à nossa situação e outros que não o são.

De qualquer modo, acredito ser importante fazer algumas pontuações – não generalistas em certos casos, mas recorrentes em minha visão atual – a serem pensadas e repensadas por cada um de modo individual e coletivo também de modo a levarem reflexões sobre outras questões preponderantes. Observando esse cenário todo acho meio curioso certo fanatismo que têm se fortalecido em meio a essa polarização. Muitos tem defendido alguns políticos, partidos, visões de mundo sem possuir o devido conhecimento de causa, obrigando-se a si mesmos a usarem da violência – em suas mais variadas formas – quando se veem contrariados e sem argumentos coerentes.

Outro fenômeno interessante, que também ganhou muita força, é o crescente número de pessoas que se consideram “apolíticos”, desconsiderando o fato de que a própria negação à política é, por si só, um posicionamento político – muito prejudicial, diga-se de passagem. Não vou me delongar muito neste ponto, porém não posso deixar de citar Platão, o qual afirmou que: “O castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus”.

Nesse contexto todo abordar o covid-19 já ficou até maçante, mas não deveria. As consequências negativas são inúmeras, vale ressaltar algumas: grandes economias mundiais quebras, sistemas de saúde entrando em colapso, crescimento no número de desempregados, problemas educacionais acentuados – principalmente na esfera pública – e disseminação de informações falsas e/ou incompletas sobre os cuidados em prevenção contra esse problema.

Lógicamente, não poderíamos deixar de lado, às fake news que vêm crescendo e se disseminado em velocidade exponencial e atingido a todos de modo desenfreado causando verdadeiro caos informacional em meio aos menos instruídos – lembrando que todos somos ignorantes em muitos assuntos, independentemente do nível acadêmico que possamos ter –, possibilitando à diversas pessoas tomarem decisões equivocadas e mesmo contra suas próprias convicções devido à confusão na qual se veem envolvidos, como no caso da pandemia tratado no parágrafo anterior.

De modo geral, creio não ter trazido nenhuma novidade nessas breves linhas aqui colocadas, e essa nem era mesmo a minha intenção. Todos esses problemas aqui apontados – e muitos outros – têm em comum o fato de carregarem consigo reflexos da polarização política tratada no início dessa exposição. Vemos que a situação atual é realmente caótica e a divisão vigente tem apenas causado conflitos e complicado ainda mais a situação. Não me atrevo a propor uma solução mágica e definitiva para tudo isso, simplesmente porque ela não existe.

Vejo apenas um caminho para isso: deixar de lado a dicotomia “esquerda” e “direita” e buscarmos, juntos, uma terceira via. Claro que isso é um processo lento, que exige debate, e precisamos de medidas e atitudes com efeitos mais práticos e rápidos, não nego isso. O ponto central está em fazer ambas as coisas de modo paralelo e eficiente, para que o urgente e o importante sejam atendidos nas medidas em que forem necessários. Porém, para que de fato algo se consolide será necessário humildade e empatia de todos os lados para reconhecerem seus pontos prejudiciais e criarem caminhos para mudanças efetivas.