Projeto de Brasil – ditadura ou guerra civil?
A divulgação na sexta-feira 22/05 da (quase) íntegra da reunião ministerial de 22/04 tem gerado muita discussão, revolta, e até apoio. Muitos têm se assombrado com o nível chulo do encontro, incompatível com supostos estadistas, as frases ininteligíveis sem articulação adequada para a expressão de ideias e propostas. E muitos manifestam preocupação com o possível vazamento dos trechos censurados pelo STF, pois eles colocariam em risco relações econômicas e diplomáticas com nosso principal parceiro comercial, a China.
Vendo o conteúdo daquela emblemática reunião ministerial, também me assombrei. Mas o que mais me estarreceu foi o que se pode extrair de nosso desgoverno, na fala de seu presidente, acerca de projeto para o Brasil. Além do aparelhamento do Estado visando atender interesses de sua família, o único projeto de país que se pode depreender da fala do presidente é:
“-- Por que que eu tô armando o povo? Porque eu não quero uma ditadura! E não dá pra segurar mais! Não é? Não dá pra segurar mais...”.
No meu entender, nessa frase seu autor afirma que não quer uma ditadura; quer uma guerra civil! Em que milícias civis sejam o braço armado do poder, e não as forças legalmente constituídas para tanto, as polícias e as forças armadas. A frase é um insulto até às forças armadas.
Muitos têm diagnosticado que o presidente eleito é um psicopata, quadro que tem como característica a incapacidade de enxergar além de si mesmo, de seus devaneios e loucuras. Ao atacar os outros poderes do Estado, Judiciário e Legislativo, o presidente mostra sua incompreensão com o que significa o sistema de governo da nação cujo cargo de mandatário assumiu: República. Nela a existência de três poderes tem justamente a finalidade de ponderar os desmandos que possam alastrar-se em um deles; se isso acontecer os outros têm a função de moderá-lo, evitando totalitarismos.
Temos um psicopata eleito presidente da República? Tudo tem indicado que sim. Autoritarismo, incapacidade de diálogo e de negociações, negacionismo escancarado no combate ao COVID-19 e ao desmatamento da Amazônia, armamentismo e milicianismo, destemperos com parceiros comerciais e, ao mesmo tempo, incondicional subordinação ao ainda mais ensandecido presidente dos EUA, indicam uma personalidade doentia.
E como é possível que um país como o Brasil, com tanto potencial, tenha eleito tal personalidade? Isso é algo para ainda discutirmos muito até entender bem. Tarefa urgente. Alguns fatores já conhecemos: o papel da grande mídia demonizando setores de nosso universo político; a atuação criminosa das milícias digitais (quer dizer Cambridge Analytica); a barulhenta fração da população que se identifica com a psicose do presidente; a tibieza do Judiciário e do Legislativo; a ausência de real sentido de nacionalismo e soberania nas forças armadas; a falta de clareza e a omissão de boa parte da população...
São muitos fatores. Devemos pensar neles e agir. Logo. Se não quisermos a guerra civil nem a ditadura.