Os Jovens Estão Fracassando!

Esses dias eu assisti um vídeo que me deixou bastante emocionado, e me fez refletir um pouco sobre o panorama em que nós, sociedade brasileira nos encontramos atualmente. No vídeo em questão o ator Lima Duarte, consagrado de grandes papeis na tv globo e cinema, se despede do seu grande amigo de muitas jornadas, Flávio Migliaccio, que faleceu nesse último 4 de maio. Quando terminei de assistir, eu sinceramente, parei pra me colocar no lugar desses senhores e de muitos outros de sua geração, e tive uma conclusão final bem pessimista do quanto a minha geração, a que me antecedeu e mais algumas anteriores estão fracassando. Fracassando em coalizão social, em respeito, em debate de ideias, em liberdade expressão, na verdade o que mais venho notando atualmente é de estarmos vivendo um verdadeiro retrocesso político, cultural e social. Nós não estamos sabendo dar o devido valor ao que foi duramente conquistado pela geração que viveu, e sofreu os anos como o de 64, 68 no AI 5, e toda trajetória de um período muito sombrio da nossa história, que foi o da ditadura militar no Brasil. Eu sou um estudante de história, mas para senhores como Lima Duarte, o agora falecido Flávio Migliaccio, Caetano Veloso, Gilberto Gil, isso só falando de alguns da classe artística, que vivenciaram e lutaram contra esse regime autoritário que tanto nos fez mal quanto nação, eu sinto que jamais poderei alcançar o saber fidedigno sobre tal assunto quanto eles, justamente pelo fato da vivência real que os mesmos tiveram dessa época. Ver os testemunhos de frustração deles me traz bastante tristeza de como estamos realmente fracassando. Mas, através disso, penso o quanto devo sempre ter a humildade de estudar cada vez mais e também ouvir, claro, a sabedoria daqueles que compreendem a gravidade do que foi viver naquele período, e tentar dar continuidade a um legado de liberdade, de tolerância, de um mundo melhor. Mas também não é fácil saber e ver nos últimos anos essa polarização que se tornou uma verdadeira dicotomia política, e vem abrindo um espaço cada vez maior para que esse câncer chamado ditadura querer voltar e derreter uma democracia ainda tão nova, falha, que deixa muito a desejar, sim, ela deixa! Pois no meu entender ela não é um sistema acabado, que é só implantar e pronto, resolveu. Ela faz parte de um processo de evolução, um processo do qual se aperfeiçoa com o passar dos anos. Justamente pelo fato da nossa democracia ainda ser uma criança, acredito que não deveríamos desistir dela e aludir pensamentos retrógrados e imediatistas. Muitos sofreram e também morreram para quela existisse no Brasil, então eu não acho justo fazermos o que estamos fazendo. Apelar para o grito nunca resolveu e nem vai, a história nos promove vários exemplos até fáceis de lembrar, Hitler, Stalin, Mussolini, isso só se falando de sec. XX. Nós precisamos dialogar! Tentar entender que diferença não necessariamente significa algo ruim, pelo contrário! São nossas diferenças que promovem nossa evolução, mas é preciso abrir a parcialidade do debate real de ideias e não apenas ideológico. É nítido que não está dando certo, e aquele cego não se engane, ser a favor de uma causa não significa que não serás atingido negativamente por ela. Afinal, somos reféns das nossas escolhas! Eu me sinto nessa responsabilidade de querer um mundo mais justo, mais humano, porque agora sou pai, e meu filho vai receber o que se é plantado hoje. Mas independente de minha paternidade, eu tenho o mesmo papel e dever quanto cidadão. Sendo omisso ou não também serei afetado. Então o que posso e sempre vou dizer é que, jamais compactuarei com ideais que pregam o ódio, o sangue e a omissão diante de momentos tão difíceis como o que estamos vivendo agora diante dessas crises mais evidentes como a da saúde e da economia. Esses senhores e toda uma geração deixou um legado que por mais que seja difícil de ser entendido por milhares de pessoas, não podemos deixar de falar, e falar e falar. Eu não vou conseguir mudar o mundo sozinho, mas fazer parte de uma ideia de mudança, vejo como uma obrigação que todos deveriam ter consciência de participar, independente de sua preferência política/ideológica. Pois como disse Lima Duarte ao final do vídeo " Aqueles que lavam as mãos, o fazem numa bacia de sangue".