História, coincidências e consciência
Para os fãs de efemérides, o mês de abril é especial, pois começa com o dia da mentira e traz acontecimentos de repercussão sem igual. Como o inacreditável “Massacre de Manguinhos” quando, fundamentados no AI-5 e no AI-10, o regime militar cassou por dez anos, os direitos políticos e limitou a atuação profissional de renomados cientistas do Instituto Oswaldo Cruz, um grande retrocesso no desenvolvimento científico nacional.
Nos meus tempos de banco escolar comemorava-se com muito entusiasmo, o dia do Índio. Depois Baby do Brasil alertou que “agora eles só tem o dia 19 de abril” e, hoje, pouco mais de 800 mil pessoas divididas em 225 povos resistem aos ataques de garimpeiros, grileiros e outros pesadelos.
Falando em pesadelos, foi neste mês que terminou a guerra do Vietnã. Também foram registradas as mortes de dois líderes que assombraram a humanidade Benito Mussolini e Adolf Hitler. Anteriormente o mês marcava a morte de um político melhor, Benjamin Franklin, que também era abolicionista, diplomata, funcionário público, cientista, inventor e jornalista e assinou os três documentos mais importantes da criação dos Estados Unidos: a "Declaração da Independência", o "Tratado de Paz" e a "Constituição".
Abril marca para os católicos a morte de uma das maiores personalidades religiosas, políticas, culturais e morais do século 20, o polonês Karol Józef Wojtyła, Papa e agora São João Paulo II e para os espíritas o nascimento do mineiro Francisco Cândido Xavier, o Chico Xavier que, segundo consta, costumava ter em cima de sua cama uma placa com a frase: “Isso também passa”, que servia como lembrete de que momentos bons e momentos maus são passageiros.
Separando religião e ciência, não esqueçamos o físico Albert Einstein que entre seu legado criou a teoria da relatividade e ganhou o substantivo de gênio. Aliás, ele ousou escrever uma carta negando a existência de Deus e ficou famoso por frases muito pertinentes ao momento atual, entre as quais: “Duas coisas são infinitas: o universo e a estupidez humana. Mas, em relação ao universo, ainda não tenho certeza absoluta”.
Foi em abril a chegada de Pedro Álvares Cabral com a esquadra portuguesa. As mortes de Tiradentes, líder da Inconfidência Mineira e de Tancredo Neves, além da primeira vez que coestaduano, Juscelino Kubitschek, propôs publicamente a mudança da Capital para o interior, fato que seria concretizado com a fundação de Brasília em 1960.
Não esqueçamos o dia Mundial em Memória das Vítimas de Acidentes de Trabalho, do dia do jornalista e dos dias Nacional da Educação e Mundial da Saúde. Falando em saúde, como será que a história registrará o quiproquó no Ministério em 2020? Poderemos celebrar um acerto ou lamentar um erro, mas certamente, quem perder familiares não terá qualquer motivo para comemorar.
O momento presente lembra um filme de Alfred Hitchcock, o britânico que era especialista em manipular os elementos de um filme e também um invejável marqueteiro. E para você que pensa que estou maluco em recordar esses fatos, não esqueça que foi em abril o nascimento do pai da psiquiatria, o médico francês Philipe Pinel, que deu o primeiro passou para mudar a vida de milhões de pessoas que eram torturadas, encarceradas e submetidas a tratamentos desumanos e levou a loucura a tornar-se uma questão médica vista como uma doença que poderia e deveria ser tratada.