Falhas genéticas podem explicar porque jovens, morrem de Covid-19 No Brasil
"Falhas genéticas podem explicar porque jovens, sem doenças, morrem de Covid-19 No Brasil, um em cada 4 mortos pela Covid-19 é jovem e sem comorbidades. Estudo global tenta achar as respostas para isso"
Um em cada quatro mortos pelo novo coronavírus no Brasil não se encaixa nos perfis de risco da doença, que são a idade avançada ou as doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos. Os motivos que levam uma pessoa jovem, aparentemente saudável, a desenvolver um quadro mais grave da Covid-19 ainda não estão claros, mas essas dúvidas devem ser respondidas em breve.
Isso porque, pesquisadores de 24 países deram início a um esforço global, chamado de COVID Human Genetic Effort, para descobrir se (e quais) são as falhas genéticas do sistema imunológico de algumas pessoas que acabam predispondo à infecção pelo novo coronavírus. No Brasil, duas equipes fazem parte desse estudo recém-lançado.
Pesquisadores coordenados pelo imunologista Antonio Condino Neto, da Universidade de São Paulo, vão se concentrar na maior parte dos estados brasileiros, enquanto a médica imunologista Carolina Prando estará responsável pela região Sul. "Não sabemos exatamente como o vírus vai se comportar, mas se for igual aos outros, é esperada uma maior circulação nos meses de inverno. Como aqui temos um clima mais frio durante esse período, prevemos que o trabalho por aqui seja maior também", explica a pesquisadora, que atua como imunologista e pediatra no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba."
"São muitas as mortes pelo novo coronavírus no Brasil até o momento, segundo o mais recente boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (8) pelo Ministério da Saúde. Sem testes disponíveis para grande parte da população, é este dado, absoluto, que tem tido reconhecimento como uma informação mais realista da dimensão da pandemia.
E é a evolução destes dados que tem mostrado uma mudança importante no perfil da mortalidade pela Covid-19 no país: em pouco mais de uma semana, indivíduos jovens e sem comorbidade têm somado, percentualmente, cada vez mais mortes pelo novo coronavírus. Por este mais recente boletim, e pela primeira vez, um a cada quatro óbitos é de pessoas sem fator de risco associado, ou seja, sem doença prévia existente.
Se no boletim de 30 de março deste ano 85% dos óbitos eram de indivíduos com comorbidades e 15% dos mortos de pessoas sem doença de base, no boletim mais recente as mortes relacionadas a indivíduos sem doenças de base chegaram a 25%, ou 164 casos dos 655 óbitos analisados. Destes casos de mortes sem relação com doenças pré-existentes, 34% delas, ou 56 casos, são de óbitos de pessoas abaixo dos 60 anos – que representam, ainda, 8,5% do total das mortes pelo novo coronavírus.
Mais jovens
Outro dado que parecia consolidado nos boletins anteriores e que na última semana veio se alterando substancialmente com o avanço da pandemia: hoje 77% das mortes são de pessoas com mais de 60 anos. Em 30 de março eram 90% acima dessa idade. Ou seja, os mortos pelo novo coronavírus abaixo de 60 anos passaram de 10% para 23% do total de mortos.
Comorbidades são maioria
As comorbidades ou doenças de base, ou ainda doenças pré-existentes, seguem no centro das atenções, por estarem presentes em 75% dos óbitos no país. Segundo o boletim, que traz a análise de 655 entre as 800 mortes pelo novo coronavírus, 491 delas ocorreram a indivíduos que tinham pelo menos uma comorbidades. As mais presentes são as cardiopatias, em 336 casos (51%), e a diabete, em 240 dos casos (37%).
Segundo o ex- ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, neste momento as pessoas que têm diabete e hipertensão (ou outra cardiopatia) têm que manter essas doenças bem controladas. “Esta época tem gente preocupada que esquece de tomar remédio na hora certa e gente ansiosa e diabética que acaba comendo mais doces, tomando refrigerantes ou que não mede a glicemia com regularidade. Se essa pessoa pegar esta virose e não tiver a doença crônica controlada ela pode ser uma presa mais fácil”, disse ele na coletiva desta quarta-feira.
Apesar de não ser um dado estratificado pelo boletim do Ministério da Saúde, a maior parte dos mortos pode apresentar três comorbidades ou mais caso a realidade brasileira se assemelhe à realidade italiana, o que deve ser comprovado mais à frente."
©2020 . Original em francês e inglês. Pulicado em Monaco 24/04- Judd Marriott Mendes
"Falhas genéticas podem explicar porque jovens, sem doenças, morrem de Covid-19 No Brasil, um em cada 4 mortos pela Covid-19 é jovem e sem comorbidades. Estudo global tenta achar as respostas para isso"
Um em cada quatro mortos pelo novo coronavírus no Brasil não se encaixa nos perfis de risco da doença, que são a idade avançada ou as doenças crônicas, como diabetes e problemas cardíacos. Os motivos que levam uma pessoa jovem, aparentemente saudável, a desenvolver um quadro mais grave da Covid-19 ainda não estão claros, mas essas dúvidas devem ser respondidas em breve.
Isso porque, pesquisadores de 24 países deram início a um esforço global, chamado de COVID Human Genetic Effort, para descobrir se (e quais) são as falhas genéticas do sistema imunológico de algumas pessoas que acabam predispondo à infecção pelo novo coronavírus. No Brasil, duas equipes fazem parte desse estudo recém-lançado.
Pesquisadores coordenados pelo imunologista Antonio Condino Neto, da Universidade de São Paulo, vão se concentrar na maior parte dos estados brasileiros, enquanto a médica imunologista Carolina Prando estará responsável pela região Sul. "Não sabemos exatamente como o vírus vai se comportar, mas se for igual aos outros, é esperada uma maior circulação nos meses de inverno. Como aqui temos um clima mais frio durante esse período, prevemos que o trabalho por aqui seja maior também", explica a pesquisadora, que atua como imunologista e pediatra no Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba."
"São muitas as mortes pelo novo coronavírus no Brasil até o momento, segundo o mais recente boletim epidemiológico divulgado nesta quarta-feira (8) pelo Ministério da Saúde. Sem testes disponíveis para grande parte da população, é este dado, absoluto, que tem tido reconhecimento como uma informação mais realista da dimensão da pandemia.
E é a evolução destes dados que tem mostrado uma mudança importante no perfil da mortalidade pela Covid-19 no país: em pouco mais de uma semana, indivíduos jovens e sem comorbidade têm somado, percentualmente, cada vez mais mortes pelo novo coronavírus. Por este mais recente boletim, e pela primeira vez, um a cada quatro óbitos é de pessoas sem fator de risco associado, ou seja, sem doença prévia existente.
Se no boletim de 30 de março deste ano 85% dos óbitos eram de indivíduos com comorbidades e 15% dos mortos de pessoas sem doença de base, no boletim mais recente as mortes relacionadas a indivíduos sem doenças de base chegaram a 25%, ou 164 casos dos 655 óbitos analisados. Destes casos de mortes sem relação com doenças pré-existentes, 34% delas, ou 56 casos, são de óbitos de pessoas abaixo dos 60 anos – que representam, ainda, 8,5% do total das mortes pelo novo coronavírus.
Mais jovens
Outro dado que parecia consolidado nos boletins anteriores e que na última semana veio se alterando substancialmente com o avanço da pandemia: hoje 77% das mortes são de pessoas com mais de 60 anos. Em 30 de março eram 90% acima dessa idade. Ou seja, os mortos pelo novo coronavírus abaixo de 60 anos passaram de 10% para 23% do total de mortos.
Comorbidades são maioria
As comorbidades ou doenças de base, ou ainda doenças pré-existentes, seguem no centro das atenções, por estarem presentes em 75% dos óbitos no país. Segundo o boletim, que traz a análise de 655 entre as 800 mortes pelo novo coronavírus, 491 delas ocorreram a indivíduos que tinham pelo menos uma comorbidades. As mais presentes são as cardiopatias, em 336 casos (51%), e a diabete, em 240 dos casos (37%).
Segundo o ex- ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, neste momento as pessoas que têm diabete e hipertensão (ou outra cardiopatia) têm que manter essas doenças bem controladas. “Esta época tem gente preocupada que esquece de tomar remédio na hora certa e gente ansiosa e diabética que acaba comendo mais doces, tomando refrigerantes ou que não mede a glicemia com regularidade. Se essa pessoa pegar esta virose e não tiver a doença crônica controlada ela pode ser uma presa mais fácil”, disse ele na coletiva desta quarta-feira.
Apesar de não ser um dado estratificado pelo boletim do Ministério da Saúde, a maior parte dos mortos pode apresentar três comorbidades ou mais caso a realidade brasileira se assemelhe à realidade italiana, o que deve ser comprovado mais à frente."
©2020 . Original em francês e inglês. Pulicado em Monaco 24/04- Judd Marriott Mendes