Pensamentos sobre Ceticismo, Amor e Coronavírus (COVID-19)
Sobre esse COVID-19 (coronavírus), infelizmente ficou clara uma conclusão: BR é o último cético. Nada é real exceto se vivenciar a experiência. Não é aquele ceticismo precavido. É o ceticismo assumido como mundividência (=cosmovisão). Assumido como verdade de que tudo e todos estão errados, exceto a pessoa que pensa ser algo sem devida importância. Coronavírus é algo entre "fruto de conspiração internacional", "políticas externas ideológicas" e "fake news".
Isso tudo resulta numa clara evidência de uma ausência de sacrifício pessoal em prol do outro, o que acaba, consequentemente, prejudicando a si mesmo. O cuidado genuíno é uma antítese: parte da consideração do outro como importante, merecedor de cuidado, antes de mim mesmo. Antes de "amar-se", ama.
Imagino que essas pessoas - céticas ao coronavírus - consideram a pandemia "não tudo isso como apontam" porque são motivadas por sua visão cética de mundo a agirem assim, isto é, a desconfiar de tudo e todos, confiando somente em outros que pensam igualmente de forma cética. Para os céticos, o outro que também é cético é seu aliado. E juntos andam de mãos dadas, sem máscaras, na vida e no pensamento.
Mas o coronavírus é real. Infelizmente. E negar sua existência implica negar a realidade. É real. Real como a vida, assim como a morte, como as células do corpo que estão funcionando nesse exato momento. E o próximo também é real. Pessoas estão, realmente, morrendo. Funerais sem velórios estão acontecendo. E para várias faixas etárias. Não se engane! Tome cuidado, pois, somente por desconsiderar que é uma doença pra grupos de risco já demonstra um não-amor, um coração bruto e fechado para amar.
Não é necessário mais um coração desse tipo. Pois, um coração eivado em ceticismo parte de um local bem conhecido e propagado nas redes virtuais e reais: o amor egocêntrico, aquele "preciso me amar antes de amar o outro". Pois é exatamente o que o cético faz, percebes? E é exatamente por isso que não é amor. Amor é expressão de alteridade antes da identidade, é o cuidado com o outro, mesma que isso me custe muita coisa preciosa.
Façamos como toda a equipe de saúde e segurança pública têm feito hoje: considere o outro mais importante. Demonstre que realmente ama, que tem um coração de carne ao invés de coração de pedra. É assim que se demonstra a prática de um verdadeiro amor. É assim que se abandona todo o ceticismo e podemos salvar vidas com atitudes amorosas, juntos com nossas máscaras, higienes e corações saudáveis em cuidado com o próximo.