Efeitos da Covid 19 na massa evangélica brasileira
Dizer, com exatidão, quantos dias fazia que não ia ao templo, devido às medidas de distanciamento social, não vou conseguir. Sei, porém, que esse período já se estendia sensivelmente além do que era o costumeiro.
A bíblia estava aberta sobre a escrivaninha e, quando os olhos percorriam o capítulo quatro do Evangelho segundo João, apreciando cada palavra, ao chegar ao trecho que vai dos versículos 21 ao 24, comecei a pensar sobre várias situações que estavam se apresentando e/ou ganhando corpo no contexto cotidiano atual da minha vida.
Percebi que, com uma frequência maior, lia e meditava sobre textos bíblicos; fazia reuniões com a família, nas quais orávamos, cantávamos, líamos e discutíamos sobre assuntos bíblicos; travava diálogos com amigos via “WhatsApp” sobre questões bíblicas. Há poucos dias, decidimos, alguns amigos e eu, conversarmos em sala de bate-papo via Skype, sobre temas comuns da vida, relacionando-os a episódios relatados na bíblia.
Todas essas ações, realizadas de maneira diferente do que estava acostumado, fez-me constatar que a vida de comunhão com Deus e com outros cristãos, não apenas continua, como se intensifica. Deus, em nenhum momento, foi percebido como um ser distante, ao contrário, a cada instante ele parece estar mais perto. Algumas “faces de Deus” se me foram reveladas, que dificilmente, o teriam sido no curso normal de minha vida, muito mais religiosa do que visceralmente ligada a ele.
Um período da vida em que, por razão de força maior, não se tem mais a presença próxima e acirrada dos líderes; não se tem que, em dias e horas específicas, vestir-se de um certo modo (em alguns casos, padronizado) e apresentar-se em um local, que por convenção (ou mais que isso), assume ares de sagrado; não ter que, periodicamente, seguir uma série de ritos previamente determinados, permitindo somente algumas pequenas variações. Tudo isso, assimilado de forma tranquila, sem sustos, sem qualquer sensação de prejuízo ou perturbação do Reino de Deus, nos leva a refletir.
Vivenciando e observando tais situações, a mim, torna-se impossível negar que tenho a nítida impressão de que estou vislumbrando uma igreja que se assemelha àquela que foi proposta por Jesus. Uma comunidade desvinculada de ritos mecânicos, sem exploração mercantilista, sem demonstrações de sede de poder e domínio, sem imposições em quaisquer níveis. Enfim, vislumbra-se uma igreja bonita, que demonstra autenticidade de ações, em que os membros se ajudam mutuamente sem interesses políticos, sem intenções de dominação. E todos, demonstram segurança em Deus, firmeza de fé, cabeças erguidas, sem assombros, de fato, confiantes de que Deus é Senhor de suas vidas.
Por outro lado, observei uma enorme parte dessa massa de cristãos evangélicos que se mostrou, completamente, perturbada com o fato de ser privada das reuniões nos templos nesse período. Alguns, como muitos de nós vimos nas mídias, foram a suas igrejas e oraram agarrados às portas que se encontravam fechadas. Muitas outras situações análogas podem ser verificadas ao redor do país.
Alguns, podem entender tais comportamentos como demonstrações de fidelidade e sede por Deus. Eu as vejo como demonstrações do quão superficial é a fé dessas pessoas e do quanto seu relacionamento, que deveria ser com Deus, está estabelecido com diversos elementos, mas não com o Senhor a quem declaram servir. Elas estão agarradas a estruturas humanas (líderes), ritos, locais “sagrados” (templos), ações mecanicamente realizadas, o ir e vir do templo em determinados dias e horários, entre outras.
Essas pessoas, demonstram que têm dificuldades de absorver as palavras de Jesus, mas internalizam, com todas as forças, as palavras de seus líderes que lhes fazem crer na profunda necessidade de todo esse aparato (líderes, templos, ritos, mecanicismos, pagamentos) para se servir a Deus. Ficar sem poder ir ao templo nestes dias, as deixou assustadas. Elas perderam seu lugar na vida. É como se Deus tivesse ido para longe delas, visto que entendem que Deus esteja lá no local “sagrado”, o templo. Infelizmente, isso é uma evidência essencial, e portanto serve de alerta, de que muita gente, embora professe fé em Deus, não tem a menor noção de quem ele seja.
A Covid 19, portanto, conquanto se mostre nefasta aos seres humanos, propõe a todos nós, reflexões sobre diversos âmbitos da nossa vida que há muito estão sedimentados, transformados em dogmas, portanto, não admitindo qualquer tipo de questionamento. Ele, apesar de tudo, tem nos dado chances reais de ver consideráveis equívocos que cometemos no processo de condução da vida e, ao mesmo tempo, tem nos mostrado que a reinvenção de nós mesmos, uma reformulação de nossos conceitos é possível e, em muitos casos, necessária.
Dizer, com exatidão, quantos dias fazia que não ia ao templo, devido às medidas de distanciamento social, não vou conseguir. Sei, porém, que esse período já se estendia sensivelmente além do que era o costumeiro.
A bíblia estava aberta sobre a escrivaninha e, quando os olhos percorriam o capítulo quatro do Evangelho segundo João, apreciando cada palavra, ao chegar ao trecho que vai dos versículos 21 ao 24, comecei a pensar sobre várias situações que estavam se apresentando e/ou ganhando corpo no contexto cotidiano atual da minha vida.
Percebi que, com uma frequência maior, lia e meditava sobre textos bíblicos; fazia reuniões com a família, nas quais orávamos, cantávamos, líamos e discutíamos sobre assuntos bíblicos; travava diálogos com amigos via “WhatsApp” sobre questões bíblicas. Há poucos dias, decidimos, alguns amigos e eu, conversarmos em sala de bate-papo via Skype, sobre temas comuns da vida, relacionando-os a episódios relatados na bíblia.
Todas essas ações, realizadas de maneira diferente do que estava acostumado, fez-me constatar que a vida de comunhão com Deus e com outros cristãos, não apenas continua, como se intensifica. Deus, em nenhum momento, foi percebido como um ser distante, ao contrário, a cada instante ele parece estar mais perto. Algumas “faces de Deus” se me foram reveladas, que dificilmente, o teriam sido no curso normal de minha vida, muito mais religiosa do que visceralmente ligada a ele.
Um período da vida em que, por razão de força maior, não se tem mais a presença próxima e acirrada dos líderes; não se tem que, em dias e horas específicas, vestir-se de um certo modo (em alguns casos, padronizado) e apresentar-se em um local, que por convenção (ou mais que isso), assume ares de sagrado; não ter que, periodicamente, seguir uma série de ritos previamente determinados, permitindo somente algumas pequenas variações. Tudo isso, assimilado de forma tranquila, sem sustos, sem qualquer sensação de prejuízo ou perturbação do Reino de Deus, nos leva a refletir.
Vivenciando e observando tais situações, a mim, torna-se impossível negar que tenho a nítida impressão de que estou vislumbrando uma igreja que se assemelha àquela que foi proposta por Jesus. Uma comunidade desvinculada de ritos mecânicos, sem exploração mercantilista, sem demonstrações de sede de poder e domínio, sem imposições em quaisquer níveis. Enfim, vislumbra-se uma igreja bonita, que demonstra autenticidade de ações, em que os membros se ajudam mutuamente sem interesses políticos, sem intenções de dominação. E todos, demonstram segurança em Deus, firmeza de fé, cabeças erguidas, sem assombros, de fato, confiantes de que Deus é Senhor de suas vidas.
Por outro lado, observei uma enorme parte dessa massa de cristãos evangélicos que se mostrou, completamente, perturbada com o fato de ser privada das reuniões nos templos nesse período. Alguns, como muitos de nós vimos nas mídias, foram a suas igrejas e oraram agarrados às portas que se encontravam fechadas. Muitas outras situações análogas podem ser verificadas ao redor do país.
Alguns, podem entender tais comportamentos como demonstrações de fidelidade e sede por Deus. Eu as vejo como demonstrações do quão superficial é a fé dessas pessoas e do quanto seu relacionamento, que deveria ser com Deus, está estabelecido com diversos elementos, mas não com o Senhor a quem declaram servir. Elas estão agarradas a estruturas humanas (líderes), ritos, locais “sagrados” (templos), ações mecanicamente realizadas, o ir e vir do templo em determinados dias e horários, entre outras.
Essas pessoas, demonstram que têm dificuldades de absorver as palavras de Jesus, mas internalizam, com todas as forças, as palavras de seus líderes que lhes fazem crer na profunda necessidade de todo esse aparato (líderes, templos, ritos, mecanicismos, pagamentos) para se servir a Deus. Ficar sem poder ir ao templo nestes dias, as deixou assustadas. Elas perderam seu lugar na vida. É como se Deus tivesse ido para longe delas, visto que entendem que Deus esteja lá no local “sagrado”, o templo. Infelizmente, isso é uma evidência essencial, e portanto serve de alerta, de que muita gente, embora professe fé em Deus, não tem a menor noção de quem ele seja.
A Covid 19, portanto, conquanto se mostre nefasta aos seres humanos, propõe a todos nós, reflexões sobre diversos âmbitos da nossa vida que há muito estão sedimentados, transformados em dogmas, portanto, não admitindo qualquer tipo de questionamento. Ele, apesar de tudo, tem nos dado chances reais de ver consideráveis equívocos que cometemos no processo de condução da vida e, ao mesmo tempo, tem nos mostrado que a reinvenção de nós mesmos, uma reformulação de nossos conceitos é possível e, em muitos casos, necessária.