Decisão

A ação humana não pode ser um movimento cego.

Essa qualidade da ação já começa pela raiz do verbo agir, que contém a ideia de compromisso com o outro.

Um exemplo? E disse-lhes: Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura - Marcos 16:15.

Vê-se, pelo exemplo, que agir é uma ação comprometida com um objetivo e isso envolve uma finalidade e deve sustentar-se em firme fundamento teórico.

E porque viver é preciso, e como nada está dado como pronto na caminhada do homem, precisamos agir, na lembrança de que somos construtores históricos de nós mesmos.

Nessa responsabilidade de construção de nós mesmos, e nessa obrigação de agir, mas não de agir de qualquer modo, pensar é preciso.

Pensar na melhor forma de realizar a ação que resulte em benefícios alegradores. Para isso, há fundamentos lógico-categoriais nos quais nós podemos nos apoiar para iluminar e enriquecer nossa decisão. Aí, nós flutuamos ou mergulhamos em teses mais diversas ou vezes nos deixamos seguir pelo reino do senso comum.

Numa e noutra escolha, teremos sempre largas margens para discordâncias, num instante vislumbrando horizontes claros, noutros momentos enxergamos miragens desnorteadoras.

E quantos acertos e erros temos cometidos? E em quantas alegrias e tristezas temos nos envolvidos?

Mas, porque é preciso viver, decidir é preciso, assumindo deveres postos no mundo social, atentos para contingências da realidade.

E, enquanto isso, o tempo passa sem consultar sentimentos, ele transcorre e nós passamos. Cabe a cada um aproveitar as oportunidades que se apresentarem ou deixá-las de lado.

É preciso decidir.

O pensador Friedrich Nietzsche (1844-1900) foi muito firme nesse particular e bem rigoroso, e nos ofertou uma lição primorosa para o cuidado de cada um de nós na decisão de viver:

Demore o tempo que for para decidir o que você quer da vida, e depois que decidir não recue ante nenhum pretexto, porque o mundo tentará te dissuadir.