Efeitos da Covid 19 em alguns líderes evangélicos
No texto introdutório a este tema (Introdução a reflexões sobre alguns impactos do Coronavírus), propus-me a compartilhar, em uma série de textos, observações que fiz, de comportamentos adotados em algumas esferas sociais, resultantes dos impactos da pandemia e, aqui, inicio a exposição desse conjunto de pequenos escritos contendo aquilo que pude enxergar em meio a todo este caos.
Nesse texto, exporei comportamentos que percebi em alguns líderes evangélicos brasileiros. Espero não ser entendido como lançador de ataques gratuitos à classe mencionada, mas como quem observa, percebe fatos e, como qualquer pessoa, pode levantar hipóteses (que podem se mostrar verdadeiras, ou não), chegar a conclusões (neste caso, totalmente pessoais) e expô-las.
Minhas primeiras observações foram em relação ao modo como alguns notáveis líderes reagiram, quando as autoridades políticas começaram a ventilar a ideia de um distanciamento social e que, obviamente, isso implicaria na suspensão de cultos, já que a medida visava não se ter aglomerações, a fim de se combater a proliferação do vírus.
Confesso não ter me surpreendido, ao ver o pastor Silas Malafaia esbravejando contra a proposta, mostrar-se diametralmente contrário à ideia de manter suas igrejas fechadas durante o período de isolamento. Em uma reunião (antes da medida ser adotada), fez questão de que o cinegrafista mostrasse o templo lotado de fiéis (talvez para mostrar sua falta de receio em relação à pandemia) e, entre tantas coisas, disse que não fecharia sua igreja, afirmou também, que aquela era uma boa oportunidade de se provar a fé que tinham em Deus. Para encorajar os fiéis, citou o seguinte trecho do Salmo 91: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.”
Ao vê-lo dizer isso, não precisei fazer o menor esforço para lembrar que, num passado não muito remoto, ele teve oportunidades reais de provar sua fé e mostrar o quanto ele confia na palavra bíblica que acabara de mencionar, entretanto, preferiu, decididamente, cercar-se de seguranças armados, os quais, segundo o próprio pastor, não estavam para brincadeira e, que se alguém viesse ...
O mesmo pastor, em resposta a uma fala da cantora Ana Paula Valadão, em que ela orientava fiéis a não darem ouvidos a qualquer líder que os tentasse dissuadir da ideia de distanciamento social, pois, provavelmente, o tal líder não estaria interessado no bem do povo, senão na arrecadação de dinheiro, afirmou que sua igreja era pioneira em arrecadação via meios eletrônicos, e que portanto, a insistência em manter suas igrejas abertas, não seria qualquer interesse na “grana” dos membros.
Outros que tenho observado são os líderes da Igreja Mundial do Poder de Deus. É constrangedora a maneira como aqueles homens agem em busca de arrancar o máximo que puderem do dinheiro sofrido de tantos pais de famílias. Apresentam todo tipo de “votos como Deus”, vendem de tudo o que é de mais ridículo, “toalhinhas, chavezinhas, arcazinhas” e a extensa lista segue.
Observei, ainda, os líderes da Renascer em Cristo. É de impressionar a agressividade da ênfase dada na urgência de os fiéis enviarem seus dízimos e doações. As justificativas apresentadas para todas essas atitudes vão, desde a afirmação de que se enviarem o dinheiro Deus os abençoará, até à aterrorização, alegando que caso não enviem o dinheiro, Deus mandará o “gafanhoto” para devorar tudo o que possuem.
Além desses, vi pastores que não estão na mídia, mas aos quais tenho acesso, visto que sou membro de uma denominação evangélica, mandarem mensagens via “WhatsApp” para os fiéis dizendo que se alguém tivesse dificuldades de enviar o dinheiro pelos meios disponibilizados pela igreja, que avisasse, e eles enviariam alguém até a residência da pessoa, inclusive com maquininha de cartão, caso necessário.
Diante de tudo isso, para mim (e somente para mim!), concluo que, a maioria dos líderes evangélicos do país, é movida, não por um chamado de Deus, como alegam, para cuidar das pessoas, mas, sem dúvida, por uma incontrolável vontade de enriquecimento, o que evidentemente, é diametralmente contrário à proposta feita por Jesus a seus seguidores.
É importante destacar ainda, o caráter sórdido de todas essas ações. Olhar tudo isso em tempos normais é angustiante, mas com dificuldade se tolera. Agora, ver essas coisas acontecerem em meio a toda essa situação caótica por que estamos passando, é intragável. E para acrescentar um agravante (que não é apenas um agravante, mas é o que mais pesa nesse processo), toda essa tirania perversa é realizada em nome de Jesus Cristo.
As imagens acústicas que se formam em minha mente ao ver as atitudes desses homens, é a de inúmeras pessoas desesperadas na iminência da morte, rodeadas por uma turba de malfeitores, sem qualquer tipo de sensibilidade ou respeito pela miséria humana, querendo lhes arrancar um último bem, o qual possa ser convertido em dinheiro. Uma outra imagem que me vem é a de um bando de abutres alvoroçados disputando a carniça de algum animal.
Assim, expresso minha repulsa a atitudes que, a meu ver, não obstante se distanciarem tanto da proposta de Jesus, têm sua “validação” atribuída a ele por homens entorpecidos, cheios de ganância.
Sugiro a todos, não que, simplesmente, se deixem influenciar por minhas palavras, ou que as rejeitem irrefletidamente, mas que sintam, se não o dever, ao menos a vontade, de se aproximarem, observarem cuidadosamente e tirarem suas próprias conclusões, de fatos como os que aqui menciono.
Se me é permitido, ouso dizer que é muito válido termos fé (aqueles que quiserem) em Deus, entendo ser de fundamental importância. Porém, daí a prestar uma obediência cega a homens que tomam para si prerrogativas de enviados de Deus, há um enorme abismo. O primeiro caso, para mim, é fonte de vida, o último, sem dúvida é suicídio.
Finalizo esse texto com as palavras de Etienne de La Boétie em seu “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”: “De minha parte, penso, e não me engano, que nada há de mais contrário a um Deus liberal e bondoso, do que a tirania e que ele reserva aos tiranos e seus cúmplices um castigo especial.”, na esperança de que homens como esses, se não têm amor por Deus, ao menos o temam, já que professam crer nele.
No texto introdutório a este tema (Introdução a reflexões sobre alguns impactos do Coronavírus), propus-me a compartilhar, em uma série de textos, observações que fiz, de comportamentos adotados em algumas esferas sociais, resultantes dos impactos da pandemia e, aqui, inicio a exposição desse conjunto de pequenos escritos contendo aquilo que pude enxergar em meio a todo este caos.
Nesse texto, exporei comportamentos que percebi em alguns líderes evangélicos brasileiros. Espero não ser entendido como lançador de ataques gratuitos à classe mencionada, mas como quem observa, percebe fatos e, como qualquer pessoa, pode levantar hipóteses (que podem se mostrar verdadeiras, ou não), chegar a conclusões (neste caso, totalmente pessoais) e expô-las.
Minhas primeiras observações foram em relação ao modo como alguns notáveis líderes reagiram, quando as autoridades políticas começaram a ventilar a ideia de um distanciamento social e que, obviamente, isso implicaria na suspensão de cultos, já que a medida visava não se ter aglomerações, a fim de se combater a proliferação do vírus.
Confesso não ter me surpreendido, ao ver o pastor Silas Malafaia esbravejando contra a proposta, mostrar-se diametralmente contrário à ideia de manter suas igrejas fechadas durante o período de isolamento. Em uma reunião (antes da medida ser adotada), fez questão de que o cinegrafista mostrasse o templo lotado de fiéis (talvez para mostrar sua falta de receio em relação à pandemia) e, entre tantas coisas, disse que não fecharia sua igreja, afirmou também, que aquela era uma boa oportunidade de se provar a fé que tinham em Deus. Para encorajar os fiéis, citou o seguinte trecho do Salmo 91: “Nenhum mal te sucederá, nem praga alguma chegará à tua tenda.”
Ao vê-lo dizer isso, não precisei fazer o menor esforço para lembrar que, num passado não muito remoto, ele teve oportunidades reais de provar sua fé e mostrar o quanto ele confia na palavra bíblica que acabara de mencionar, entretanto, preferiu, decididamente, cercar-se de seguranças armados, os quais, segundo o próprio pastor, não estavam para brincadeira e, que se alguém viesse ...
O mesmo pastor, em resposta a uma fala da cantora Ana Paula Valadão, em que ela orientava fiéis a não darem ouvidos a qualquer líder que os tentasse dissuadir da ideia de distanciamento social, pois, provavelmente, o tal líder não estaria interessado no bem do povo, senão na arrecadação de dinheiro, afirmou que sua igreja era pioneira em arrecadação via meios eletrônicos, e que portanto, a insistência em manter suas igrejas abertas, não seria qualquer interesse na “grana” dos membros.
Outros que tenho observado são os líderes da Igreja Mundial do Poder de Deus. É constrangedora a maneira como aqueles homens agem em busca de arrancar o máximo que puderem do dinheiro sofrido de tantos pais de famílias. Apresentam todo tipo de “votos como Deus”, vendem de tudo o que é de mais ridículo, “toalhinhas, chavezinhas, arcazinhas” e a extensa lista segue.
Observei, ainda, os líderes da Renascer em Cristo. É de impressionar a agressividade da ênfase dada na urgência de os fiéis enviarem seus dízimos e doações. As justificativas apresentadas para todas essas atitudes vão, desde a afirmação de que se enviarem o dinheiro Deus os abençoará, até à aterrorização, alegando que caso não enviem o dinheiro, Deus mandará o “gafanhoto” para devorar tudo o que possuem.
Além desses, vi pastores que não estão na mídia, mas aos quais tenho acesso, visto que sou membro de uma denominação evangélica, mandarem mensagens via “WhatsApp” para os fiéis dizendo que se alguém tivesse dificuldades de enviar o dinheiro pelos meios disponibilizados pela igreja, que avisasse, e eles enviariam alguém até a residência da pessoa, inclusive com maquininha de cartão, caso necessário.
Diante de tudo isso, para mim (e somente para mim!), concluo que, a maioria dos líderes evangélicos do país, é movida, não por um chamado de Deus, como alegam, para cuidar das pessoas, mas, sem dúvida, por uma incontrolável vontade de enriquecimento, o que evidentemente, é diametralmente contrário à proposta feita por Jesus a seus seguidores.
É importante destacar ainda, o caráter sórdido de todas essas ações. Olhar tudo isso em tempos normais é angustiante, mas com dificuldade se tolera. Agora, ver essas coisas acontecerem em meio a toda essa situação caótica por que estamos passando, é intragável. E para acrescentar um agravante (que não é apenas um agravante, mas é o que mais pesa nesse processo), toda essa tirania perversa é realizada em nome de Jesus Cristo.
As imagens acústicas que se formam em minha mente ao ver as atitudes desses homens, é a de inúmeras pessoas desesperadas na iminência da morte, rodeadas por uma turba de malfeitores, sem qualquer tipo de sensibilidade ou respeito pela miséria humana, querendo lhes arrancar um último bem, o qual possa ser convertido em dinheiro. Uma outra imagem que me vem é a de um bando de abutres alvoroçados disputando a carniça de algum animal.
Assim, expresso minha repulsa a atitudes que, a meu ver, não obstante se distanciarem tanto da proposta de Jesus, têm sua “validação” atribuída a ele por homens entorpecidos, cheios de ganância.
Sugiro a todos, não que, simplesmente, se deixem influenciar por minhas palavras, ou que as rejeitem irrefletidamente, mas que sintam, se não o dever, ao menos a vontade, de se aproximarem, observarem cuidadosamente e tirarem suas próprias conclusões, de fatos como os que aqui menciono.
Se me é permitido, ouso dizer que é muito válido termos fé (aqueles que quiserem) em Deus, entendo ser de fundamental importância. Porém, daí a prestar uma obediência cega a homens que tomam para si prerrogativas de enviados de Deus, há um enorme abismo. O primeiro caso, para mim, é fonte de vida, o último, sem dúvida é suicídio.
Finalizo esse texto com as palavras de Etienne de La Boétie em seu “Discurso Sobre a Servidão Voluntária”: “De minha parte, penso, e não me engano, que nada há de mais contrário a um Deus liberal e bondoso, do que a tirania e que ele reserva aos tiranos e seus cúmplices um castigo especial.”, na esperança de que homens como esses, se não têm amor por Deus, ao menos o temam, já que professam crer nele.