Vamos lá

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Vamos lá...

A psicologia das massas é muito importante para casos onde agimos coletivamente. Freud já tratara acerca do funcionamento do inconsciente coletivo em "Psicologia das massas e a Análise do Eu". Não nos esqueçamos, verbi gratia, que nos estádios, normalmente pessoas tímidas nos surpreendem quando xingam os juízes efusivamente. Em grupo, nossos sentimentos e pensamentos individuais se transformam - saímos da nossa consciência individual para o comportamento de manada, onde somos guiados a partir de impulsos com pulsões primitivas, animalescas.

Apesar de isolados em nossos lares, estamos agindo coletivamente, perdendo nossos reflexos individuais - estamos nos comportando de modo histérico, sem um mínimo de racionalidade. Ademais, existem valores escondidos e adredemente planejados que, infelizmente, não somos capazes de compreender agora, nem enquanto estivermos no epicentro da tragédia, no olho do furacão. Talvez o tempo possa revelar a essência dos fatos atuais mais claramente e a história se explique a si mesma.

A situação é muito difícil, qualquer que seja a decisão política tomada, pois existem oportunistas atuando; demagogos surgem, com inflamados discursos vazios que não nos convencem mais; há os defensores do caos, adeptos da teoria da conspiração; e nos deparamos com uma horda de alienados que se passam por especialistas, todos de plantão, dentro de casa, protegidos pelas telinhas frias de seus computadores.

A verdade é que todos temos pronta, na ponta da língua, uma explicação, racional ou não, que atende aos nossos imediatos e particulares anseios. Além disso, especialistas, pressionados por interesses escusos, mudam o discurso, às claras, confundindo ainda mais a massa amorfa que perdeu a identidade mais uma vez.

Portanto, entre o caos e a aparente serenidade, prefiro abraçar-me ao pensamento, que reputo mais oportuno a cada dia, de Bertolt Brecht:

Sempre pergunte a uma ideia

- A quem tu serves?