O que será de nós?
"Então Pilatos, vendo que nada aproveitava, antes o tumulto crescia, tomando água, lavou as mãos diante da multidão [...]” (Mt 27: 24)
E você, vai lavar as suas?
Hoje tivemos o desprazer de escutar um dos piores pronunciamentos da história brasileira. O irresponsável Presidente Jair Bolsonaro diante do caos que estamos vivendo, com a chegada da pandemia do coronavírus no país, em seu discurso medíocre, criticou as medidas de isolamento social, pedindo a reabertura das escolas e do comércio, alegando que “nossa vida tem que continuar” e que “devemos, sim, voltar à normalidade”. Ficou claro que o maior desafio que teremos para enfrentar o coronavírus será a insensibilidade de um Presidente que em seu pronunciamento cometeu um crime contra a humanidade. Infelizmente, é perceptível que existe uma estratégia de extermínio de uma população específica e precisamos nos articular a fim de estarmos preparados para enfrentá-lo.
Escrevemos esse texto, porque somos muitas vozes e decidimos não nos calar. Carregamos muitas dores e não queremos carregar mais essa nas costas: a morte de inúmeros brasileiros, principalmente, a morte de idosos e daqueles que estão em situação de vulnerabilidade social.
Enquanto diversos países estão impondo aos cidadãos o confinamento, Bolsonaro pede que o Brasil retorne à normalidade. O que é a normalidade, senhor Presidente? Dizer que não será afetado pelo coronavírus devido ao seu “histórico de atleta” é desconsiderar que a vida de outro ser humano importa. Parece que desde a sua candidatura, Bolsonaro jamais se importou com o outro. Despreza, desde o início, os grupos, que são constantemente invisibilizados, mulheres, negros, índio, LGBTQI+.
Às pessoas que elegeram Bolsonaro como presidente, nosso desprezo. Assim como os alemães nazistas, que legitimaram a chegada de Adolf Hitler ao poder para exterminar seres humanos, diversos brasileiros, nas últimas eleições, legitimaram que hoje, 24 de março de 2020, Bolsonaro convocasse um genocídio.
Não podemos aceitar a falta de responsabilidade que o presidente teve ao pedir que os brasileiros retornem às atividades. Se ele possui um “histórico de atleta”, nem todos aqui possuem esse privilégio.
De acordo com a Folha (2018), o Brasil encontra-se entre os 51 países suscetíveis à desnutrição, estudo aponta que 15 pessoas morrem de fome, diariamente, no Brasil. Não, não estamos preparados, nem mesmo os nossos jovens.
Exigimos respeito com nossas vidas. E reiteramos: #AVIDADOSBRASILEIROSIMPORTA.
Não, não nos calaremos diante da barbárie. Abrimos nossas bocas, exigindo respeito, gritamos porque nosso grito continuará sendo nossa defesa.
Autoras: Crislaine Ribeiro e Fernanda dos Santos.