TRUMP E A NOSSA "BANDEIRA"
Que cena deprimente e constrangedora essa de Trump olhando para uma camiseta com as cores da bandeira brasileira. Pra começo de conversa, sou contrária ao uso de qualquer simbologia pátria pelo futebol, não pelo esporte em si. Mas, a gente sabe que times esportivos têm suas bandeiras e hinos, assim, não deveriam se utilizar de apelos emocionais a uma nação no sentido de se fazerem representar por um povo inteiro.
A cara do Trump olhando para a camisa é um misto de pena, ironia, desprezo, pouco caso e enfado. Uma coisa como se a si mesmo perguntasse a que ponto ele teria chegado para cumprir as suas atividades de presidente dos EUA. A fronte pendida revela o dó, a falsa comiseração e até uma preocupação só em pensar que um dia o país e o povo dele tivessem alguma semelhança com os nossos. As sobrancelhas levemente incomodadas tentam minimizar o sentimento de ojeriza por tudo aqui, enquanto os olhos fitos nas cores da camiseta sugerem que ele pense no amarelo que representa o nosso ouro e no verde da Amazônia. Nesse caso, descemos para o nariz e dá até para sentir uma expiração que expulsa o cheiro do Brasil e desse povo que tanto ele quanto muitos da terra dele dizem sentir perto de nós. A boca fechada e o lábio superior cheio de desdém mostram ao mundo como ele se sente olhando aquele trapo de vestir atletas. Por sua vez, o lábio inferior traduz o desprezo, o pouco caso, a profunda ironia por aquilo que tantos brasileiros, infelizmente, consideram um objeto sagrado. O queixo repuxado pelos gestos da boca e de toda a parte superior da face completam o significado de um profundo opróbio na nossa direção. E, toda a face larga desse milionário frio e calculista tripudia sobre qualquer um de nós em cujo coração e alma ainda reste um tanto de dignidade e vergonha.
Ainda posso fazer uma alusão a esse todo físico dele que faz lembrar a arrogância com que abria portões de bares o falecido John Wayne em filmes de Far West. Os ombros, o peito, os braços e as mãos alvas quase como as de um cadáver traduzem o pensamento que vejo sobre suas pálpebras manhosas: “Tomara que esse suplício finde e eu possa lavar minhas mãos e usar meu álcool gel”.
Trump ostenta no peito um broche da bandeira do seu país enquanto olha para uma camiseta que boa parte do nosso povo confunde com um símbolo pátrio. Que merda tudo isto!
Tânia Conceição Meneses