CULPA, CONSCIÊNCIA E HUMANIDADE

O que é exatamente culpa? Culpa é a responsabilidade dada à pessoa por um ato que provocou prejuízo material, moral ou espiritual a sim mesma ou a outrem. No sentido subjetivo, que pertence ao sujeito pensante e a seu íntimo, a culpa é um sentimento que se apresenta à consciência quando o sujeito avalia seus atos de forma negativa, sentindo-se responsável por falhas, erros e imperfeições. O processo pelo qual se atribui a culpa a um individuo é discutido pela ética, pela sociologia e pelo direito.

Culpa em poucas palavras é o sentimento que fere o indivíduo quando este tem consciência de que cometeu um erro. A culpa é responsável por inúmeras doenças a curto e a longo prazo na vida de uma pessoa.

A culpa nos vem quando tomamos consciência do ato que praticamos e reconhecemos que ele é errado no contexto moral, material ou espiritual. A consciência que nada mais é do que o sentido ou percepção que o ser humano possui do que é moralmente certo ou errado em atos e motivos individuais.

Poderíamos dizer que a culpa só aparece quando a pessoa tem consciência do que é certo ou errado.

A humanidade determinada regras baseadas na ética, regras estas que não devemos transgredir sob pena de sermos penalizados por nossos erros. Estas regras são baseadas no que a sociedade determina como sendo certo ou errado ou do ponto de vista espiritual aquilo que vai contra uma determinada religião.

É preciso deixar claro que, na antiguidade as regras eram estabelecidas pelo dominante maior, exemplificando, quando uma nação dominava outra, esta passava a aplicar a parte dominada as regras por ela estabelecidas e que deveriam ser seguidas sob pena de castigos.

Em toda a história da humanidade tribos ou países dominavam outros e infringia nestas, novas regras em detrimento do padrão já estabelecido há séculos.

Vemos isso claramente quando da dominação do império babilônico, Alexandre O grande, e mais recentemente após as duas últimas grandes guerras quando os dominados foram forçados a seguir regras estabelecidas pelos dominadores.

Na América Latina, por exemplo, revoluções sobre revoluções descaracterizavam totalmente muitos países. Mesmo nos dias de hoje, o que era ou foi errado durante anos passou a ser totalmente normal nos dias de hoje.

Vemos isso presente na moda, nas artes, na sexualidade, em suma em todos os setores da humanidade.

Quando do surgimento da automação, por exemplo, milhões perderam seus empregos por não terem se adaptado às novas regras do mercado de trabalho, mudanças ocorrem de maneira muito rápida em nossos dias. Hoje a automação está plenamente presenta na vida das pessoas, as comunicações levam os fatos de maneira vertiginosa para todo o mundo, o que acontecem em um pequeno lugarejo perdido em algum ponto do planeta torna-se conhecimento mundial em poucos segundos.

O que era considerado errado até alguns anos hoje é plenamente permitido, leis novas são feitas para adaptarem-se aos acontecimentos modernos de forma vertiginosa.

O que quero dizer com isso é que, o que era considerado errado há alguns anos, hoje é normal, tomemos, por exemplo, a condição sexual, há alguns anos seria impensável que pessoas do mesmo sexo demonstrassem intimidade em público.

Não está aqui a discussão sobre o que é ou não errado, mas considerações sobre mudanças na maneira de pensar.

Em contrapartida, determinadas coisas que eram consideradas normais hoje passou a ser errado, caçar pássaros e bater nos filhos, pode ser considerado um exemplo disso.

A humanidade caminha a passos largos para um modernismo que em certos momentos beira à barbárie. Me refiro às penas de morte impostas em alguns pais onde ainda se apedrejam as pessoas. E para aqueles que não se moldam a estas novas mudanças, são aplicadas pesadas penas.

Resumo dizendo que, o que levava as pessoas a terem sentimento de culpa em nossos dias é algo corriqueiro, o homem é levado todos os dias a pensar que o que seus pais consideravam errado hoje é normal.

Exclui-se o sentimento de culpa das pessoas, aliás, sentimento é algo plenamente em desuso em nossos dias. Vemos isso claramente na maneira como crianças, velhos, mães, pais, filhos são tratados por seus familiares.

Quantas crianças não são abusadas sexualmente em nossos dias. Quantos velhos não são roubados por seus próximos. Quantas mães não estão sendo obrigadas a sustentarem seus filhos vagabundos. Quantos pais não estão abusando de suas próprias filhas. Quantos filhos não estão desrespeitando, agredindo e roubando seus pais.

Não existe culpa! O ser humano, se é que podemos chamar de humano, deixou de entender o significado da palavra humanidade. E está palavra humanidade significa: sentimento de bondade, benevolência, em relação aos semelhantes, ou de compaixão, em relação aos desfavorecidos.

Como podemos perceber facilmente e nem precisamos assistir noticiários para ver isso, humanidade é uma palavra totalmente em desuso em nossos dias!

Quantos atos de bondade deixamos de vivenciar em nossos dias, quantos atos de bondade eu me pego deixando de fazer, sim, afinal de contas existem momentos que cada um de nós deixa de ser humano.

Poderíamos ficar horas falando sobre tantos fatos que são descarregados nos noticiários de falta de humanidade. Poderíamos ficar horas observando as pessoas nas ruas demonstrando esta falta. Sim, com certeza poderíamos, e ficaríamos perplexos com tantos atos cometidos entre nossos familiares, vizinhos, políticos, autoridades, sacerdotes.

Sem esta humanidade não existe consciência, sem esta consciência não existe sentimento de culpa, sem sentimento de culpa não existe arrependimento pelos erros cometidos.

Partimos da premissa de, que se outros fazem, por que eu não posso fazer?

Matamos a humanidade, apagamos a consciência, sem isso não

Existe culpa, sem culpa não existe castigo, sem castigo não existe mudança de rumo em direção ao que é certo, uma vez que, se o que era certo deixou de ser certo, como saber o que é certo?

O certo é ter humanidade, é aprender a amar seguindo a regra áurea, “nunca faça aos outros e que não gostaria que fizessem com você!”. Jesus falando em Mt. 7.12

Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.

Todo ser humano tem dentro de si consciência do que é certo ou errado para muitos, como disse Jean-Jacques Rousseau: o homem é produto do meio. O homem certamente irá absorver as ideias que lhe apresentarem e viverá de acordo com o que todos os outros vivem. Os regimes totalitários e ditatoriais provam isso, como os antigos conquistadores que obrigavam a população conquistada a seguirem suas regras. Mas devo dizer que ninguém é obrigado a viver como os outros vivem, Haja vista que sempre existirão os que irão resistir ao que ainda é errado, ao que ainda é imoral, ao que ainda é contra tudo o que podemos denominar humanidade.