Tu deves x Eu quero
Uma das questões da vida é: fazer o que se tem vontade ou fazer aquilo que se deve fazer? Mas: como saber o que se DEVE fazer? O assunto é por demais extenso, sendo que, à priori, vamos apenas começar a falar sobre esse assunto. Uma pequena introdução é o que se segue.
"Era uma vez um ser humano.
Era uma vez a dualidade.
"Tu deves" sempre o alfineta.
"Eu quero" sempre o tortura.
A quem deve dar ouvidos?
A quem deve atender?"
A questão não é, nem de longe, simples de se resolver. "Tu deves" é um incômodo sempre presente na vida de qualquer pessoa - ou quase isso. E o que faz com que se estabeleça tal incômodo? As razões podem ser variadas (e sempre são). O principal motivo atribuído a tal infortúnio na alma (como espinho em esplêndida rosa que sempre nos surpreende) é o religioso, mas não é o único, obviamente. O homem ocidental ainda se preocupa muito com o que "deus" (futuramente eu explico a razão de escrever "deus" e não Deus, como era de se supor) pensa sobre as decisões que ele está perto de tomar. Mas será que um conjunto de regras deveria ter tal influência sobre o homem? Ou, até que ponto um conjunto de regras deveria exercer tal domínio? E apenas para não deixar a religião como a única vilã dessa história, pensemos também nas regras que a sociedade tem por certas, mesmo que Deus ou "deus" não esteja envolvido na equação.
Por outro lado, o "eu quero" é um problema muito sério em meio a uma sociedade extremamente consumista e hedonista. A busca desenfreada pelo prazer, por vezes, leva o indivíduo a romper com qualquer "tu deves" que cruze seu caminho e, por mais sensata que possa ser a voz do "tu deves", ele apenas quer ouvir o que diz o "eu quero". E uma geração que prega o consumo desenfreado como forma legítima de obter felicidade, como se felicidade fosse uma pílula a ser tomada constantemente, o "eu quero" torna os homens ávidos de cada vez mais e mais coisas.
O texto que escrevo é um pouco desconexo de ideias e sentido, confesso. Não tenho um roteiro a seguir e me recuso a organizar as ideias na minha mente antes de colocá-las no papel. Não que eu não queira. É que eu realmente não sei como fazer isso. É o meu "tu deves" brigando com o meu "eu quero". Eu quero escrever. Mas eu deveria organizar as ideias antes de colocá-las no papel (nesse caso um "papel" que fica na tela do meu computador).
No meu caso, o "eu quero" ganhou. Com folga. Aliás, nem se quer houve uma briga. E, se houve, foi aquele negócio de 1 round apenas onde o nocaute foi obtido com 15 segundos de luta. Uma surra vergonhosa.
A grande questão para as pessoinhas do século XXI pensarem é: o que o "eu quero" me diz vai me conduzir "onde quero chegar"? Precisamos colocar mais pessoas nesse debate. Pensar apenas na luta entre o "tu deves" e o "eu quero" é baixaria. Vamos colocar nesse debate outros personagens, tais quais: "onde quero chegar", "que tipo de noite quero ter", "o que eu valorizo mais: estar certo ou ter paz"? Dentre tantas outras personagens que nos ajudariam a pensar melhor em cada situação que nos acomete nessa existência.
À grosso modo, o "eu quero" quase sempre vai ganhar no século XXI. Também, foram séculos perdendo para a tradição religiosa e moral. O desejo de vingança se acumulou tanto que agora está desenfreado. E pra você: quem vence?