NOSSAS INCERTEZAS

Prólogo

Quero dedicar este texto a todas as pessoas que, iguais a mim (não sou exceção), às vezes, têm dúvidas e incertezas até nas necessárias trivialidades da vida tais como:

Falar ou calar? Chorar ou sorrir? Fazer ou desfazer? Tolerar ou não tolerar? Estudar ou não estudar? Ouvir boas músicas ou rangeres de dentes exteriorizados em forma de lamentos dos que se vitimizam? Apreciar um belo pôr de sol ou permanecer sob a escuridão cruel e danosa?

Ah! Quero registrar outras incertezas: Convém ver bons filmes, fazer excelentes leituras ou assistir noticiosos televisivos perturbadores do espírito como vilipêndios e agressões às mulheres, crianças, idosos e animais? É evidente que eu não tenho nenhuma dúvida de como deva proceder diante de algumas dessas questões.

O LIVRE-ARBÍTRIO DEVERÁ PREVALECER

Deve-se trabalhar para obter o próprio sustento ou viver sob as expensas de algum familiar ou amigo (a)? Convém se ressentir por bobagens ou relevar deslizes bobos inerentes ao ser humano e nem sempre próprios dos inconsequentes? É bom honrar os compromissos socioafetivos e econômicos ou ser desidioso em demasia? Quantas dúvidas!

Alguém poderá até nos aconselhar, aclarando nossas ideias, mas a decisão ou escolha será sempre individual porque o livre-arbítrio deverá sempre prevalecer! Ah! São tantas as nossas incertezas.

AS CONSEQUÊNCIAS DAS DECISÕES IMPENSADAS

Quase sempre agimos como autômatos! Sem perceber, a todo instante, temos que fazer diferentes escolhas de acordo com as necessidades que surgem. Por exemplo, quando nos levantamos decidimos a roupa que iremos usar, quando vamos nos alimentar escolhemos o que iremos comer, quando vamos ao trabalho ou estudar escolhemos qual caminho iremos percorrer, dentre outras inúmeras situações.

Essas ações são tão normais e corriqueiras no dia a dia que não nos damos conta de algumas delas. Essas decisões são automáticas. Simplesmente “apertamos o play” e seguimos em frente. Entretanto, muitas de nossas escolhas podem afetar diferentes áreas da nossa vida, além do comportamento daqueles entes queridos que estão ao nosso redor.

“Uma rápida pulada de cerca”, uma infidelidade mais séria quando se tem uma relação afetiva firmada; um namoro apressado, abraços demorados, beijos furtivos, bolinações outras incentivadoras de um colóquio mais íntimo podem ensejar resultados desastrosos.

É assim que as famílias, outrora bem estruturadas, se esfacelam e os desequilíbrios emocionais e socioeconômicos ocorrem transtornando as vidas dos filhos, filhas, amigos, amigas e afins. São essas, quase sempre, as consequências das decisões impensadas, mas potencializadas por nossas incertezas.

O CAMINHO A SER SEGUIDO

Diante disso, quais têm sido as suas escolhas? E as consequências? Você pensou nisso? Os que têm menos de quarenta anos ou um pouco mais gritarão em coro: “Não! Nessa idade não se pensa nas consequências das escolhas.”. Concordo: Com essa idade eu também pensava assim. Mas, agora qual caminho devemos seguir?

Eu poderia de uma forma simplória orientar a todos os que se desviaram da retidão a tentarem seguir os ensinamentos e a misericórdia divinos preestabelecidos em Mateus 24,6:

“Vocês ouvirão falar de guerras e rumores de guerras, mas não tenham medo. É necessário que tais coisas aconteçam, mas ainda não é o fim.”. (SIC), mas sem querer ser o dono da verdade ou o único peixinho colorido no aquário vistoso ousarei escrever e admoestar: Vamos cultuar as virtudes teologais (Caridade, Fé e Esperança) tendo por base a boa razão e a temperança.

Nossas escolhas muitas vezes não são tão complicadas, sérias e difíceis como a do apóstolo Judas (trair ou não trair), porém há ocasiões em que somos capazes de magoar nosso semelhante com aquilo que falamos ou fazemos, ao deixarmos de ter caridade e tolerância com aqueles que estão ao nosso redor (esposa (o), filhos, pais, avós, outros parentes ou amigos.).

A VANTAGEM DA TEMPERANÇA

É certo que uma escolha errada poderá causar desavenças e até mesmo rancor, ira, ódio, indiferença e ressentimentos. Isso é péssimo porque poderemos nos tornar como o mal fruto: “toda árvore boa dá bons frutos, mas a árvore má dá frutos ruins” (Vide Mateus 7,18).

Assim como é impossível contar as estrelas existentes no cosmos, não sabemos aquilatar nossas dúvidas acerca do mínimo a ser perpetrado para obtermos uma evolução espiritual e socioeconômica satisfatória.

Escrevo isso porque sei que há quem se contenta morando mal, com pão e água, mas cruzando os braços e dizendo faminto e sedento: "Deus proverá"! É claro que existem os que preferem lagosta, caviar, outros pratos e iguarias finas; bons queijos e vinhos estribados na crença e cultura dos pecados capitais danosos (Todos os sete pecados capitais tem por objetivo a satisfação de um desejo. Nota do Autor).

Eu sugiro o bom siso lastrado na temperança. O progresso pelo trabalho honesto. A sabedoria pelo estudo sistemático. Enfim, Nem tanto ou tão pouco. Sejamos equilibrados em nossos pensamentos, palavras e obras (ações).

A ira, a inveja, a preguiça, a avareza, a gula, a luxúria e o orgulho, todos esses pecados capitais, sem exceção, são danosos em demasia quando causamos sofrimento a um ser vivo (nosso semelhante ou não), com ou sem justa causa, pelo uso do tudo vale, quando se deseja “ser superior”.

CONCLUSÃO

Às vezes somos cruéis e vingativos; intolerantes, ambiciosos, acomodados em demasia. Noutras ocasiões poderemos ser benevolentes ou nos deixamos contaminar pela autocomiseração ou vitimização destrutiva e doentia.

Não devemos ter dúvidas sobre essa certeza que já se tornou um excelente axioma: Os lobos e coiotes uivam anunciando a tempestade, mas depois os mesmos coiotes, lobos e outros animais silenciam. Agora na floresta existe silêncio, paz e harmonia. Silenciam todos... Até os sons desconhecidos e apenas imaginados porque a tempestade passou.

E assim como todos os sofrimentos, medos, anseios, ressentimentos e mágoas... Tudo passa. Passa como a noite escura dando passagem ao brilho do sol esplêndido nos despertando para apreciar e viver com alegria e esperanças renovadas pelo novo e proficiente alvorecer.

Nossas ações, escolhas e decisões, por mais conflitantes que sejam, devem estar e ser sempre estribadas nas conveniências sociais, familiares e profissionais; no estudo, trabalho, determinação, fé e banimento das incertezas.