Novos Paradigmas
Quando digo novos paradigmas, penso especialmente na linguagem; o modernismo, que agrupava as vanguardas europeias, tentou isso com veemência nos primeiros anos, especialmente no Brasil, em que de um jato, em uma semana em 22 tentou-se abalar as estruturas, porém já em 30 voltou-se ao romance regional.
Na música e no cinema e teatro, principalmente, a vanguarda é mais bem aceita. Tentei incorporar isso em músicas experimentais que criei, como "Break, Break, Wall Street", que foi vista nos Eua, onde usei um sintetizador de voz e tentei fazer música "eletrônica"; já em "Eu gosto de gato", misturei instrumentos, até músicas de países diferentes; uma parte foi composta no computador, ainda incluí distorções e inversões, além de ecos e outros efeitos. Foi vista por uma russa que achou estranha a música, mas interessante.
Nos filmes que criei, usei muitas teorias e ideias que copiei dos vários diretores vanguardistas, como Bunuel, Godard, Glauber; nesse campo não consegui inovar muito; tudo isso, como ângulos inusitados, closes, repetição de cenas, já havia sido tentado. A inovação é que você pode fazer seu próprio filme em casa, sem depender dos grandes estúdios, postá-lo e concorrer em festivais, como já fiz.
Agora penso na linguagem escrita; não se trata apenas de qualidade de impressão; hoje se pode postar on-line um livro digital; e não vejo problema nenhum no suporte do livro, mas apenas qual será seu conteúdo. Se há a comunicação, ótimo.
Quanto ao conteúdo; para mim não há problema nenhum na inserção de imagens, quiçá sons, dados os meios eletrônicos de que dispomos.
Continuará havendo o papel, sem dúvida, mesmo que o livro seja feito em impressora. Ainda haverá aqueles metódicos apreciadores de um livro como um bloco de papel, no caso como A Crítica da Razão Pura; porém, lembro da alegria e sensação dos livros infantis, cheios de cores e figuras; hoje se pode inserir chips eletrônicos que emitem sons. As letras grandes, a comunicação essencial e sintética; frases curtas. Penso em criar um livro assim, claro, o conteúdo não seria infantil, mas teria poucas páginas, mas o conteúdo concentrado em máximas e pensamentos altamente significativos. Causaria estranheza, embora hoje quase tudo seja permitido, ou não? A polêmica é a mãe da inovação; os novos paradigmas só com o tempo serão aceitos.