ELUCUBRAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS

Quinta-feira, 16 de Janeiro de 2020

ELUCUBRAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS

Do jeito que tudo tem andado nessa nossa vida e nesse nosso mundo, uma pessoa, como eu, já caminhando para a faixa septuagenária de idade, tem muito que se sentir feliz, porque a violência urbana extrapolou todos os limites, a ponto de uma pessoa, mesmo em casa, ser surpreendida por um fato desagradável e/ou fatídico. Imagina, então, andando pelas ruas da cidade onde vive. Ainda mais na do Rio de Janeiro, onde nasci, moro e vivo.

Mas hoje ajustei as contas com o Detran e as multas e IPVA de 2020, porque logo, logo, solicitarei a emissão do DUT, para andar sempre e rigorosamente dentro da lei, coisa que muitos nesse país não seguem.

Poderia usar o aplicativo do banco onde mantenho conta e costumo efetuar vários e diversos pagamentos de boletos através desse meio. Mas no caso de multa e da tal GRT, têm que apresentar cópia na hora da emissão daquele documento. Então tentei através do terminal bancário numa determinada agência, mas não logrei êxito nessa manobra e tive que encarar o balcão do caixa.

E ali sentado à cadeira disponível ao cliente, principalmente aos idosos e outros privilegiados, fiquei ali olhando ao redor, aquela gentileza toda, bem como uma metodologia para enganar trouxa, haja vista que nos dias atuais, mesmo com tanta tecnologia, você perde muito mais tempo do que em décadas passadas, quando essas não existiam.

Lembrei-me também, salvo erro, de que os bancos, lá pelo início da década de setenta, trabalhava aos sábados, até o meio dia. Tenho uma vaga lembrança disso, mas de repente nem seja autêntica tal história. Por isso usei o "salvo erro". Mas se pesquisar no Google, por certo terei tal confirmação. Mas não me dei a esse trabalho.

E muita coisa hoje é feita só de fachada. Lembra até uma historinha da "laranja", onde na feira o barraqueiro colocava as mais bonitas na frente da barraca, mas no meio ou atrás disso, estavam as de baixa qualidade ou até estragadas. E nisso, passava a perna nos distraídos.

Já escrevi numa outra matéria há tempos atrás a respeito do serviço de lixeiro e servente, onde, antigamente, essas duas atividades sofriam discriminações maiores do que sofrem hoje. E essas empresas tipo Bob, McDonald e os shoppings, costumam caprichar nos uniformes e nos títulos das funções de seus empregados.

É engraçado porque ninguém quer ser chamado ou classificado como servente. No mínimo aceitam o título de auxiliar de serviços gerais, o que não muda em nada o serviço que executam porque é o mesmo de décadas atrás.

E ainda foram mais adiante na ilusão das nomenclaturas profissionais dos dias atuais. Muitas dessas grandes lojas, tipo Walmart e Carrefour, dentre mais outras, costumam tratar os empregados como colaboradores. E eles adoram isso.

Mas um fato tem que ser observado. Existe, na verdade, é muita enganação nessa relação. E posso falar muito disso por ser de Área de Recursos Humanos, RH, mesmo estando afastado dela já há bastante tempo.

O despautério na relação entre empresa (empregador) e empregado, sofreu mudanças profundas entre aqueles tempos em que atuei nesse mister e os dias atuais. Observo, por exemplo, que ambos enganam um ao outro. Há muita distorção nessas relações. Mas até mesmo as leis já não são quase mais respeitadas por ninguém. Infelizmente.

Lembro-me, por exemplo, que o horário comercial em décadas passadas se inciava as oito horas da manhã. Mas hoje em dia são raras as firmas que começam a funcionar nesse horário.

Também é muito comum você entrar num determinado estabelecimento e ter dificuldades em ser atendido. E quando indaga a respeito, lhes explicam que o funcionário(s) não chegou. Mas aí vem uma pretensa justificativa: ele no dia anterior ficou até tantas horas trabalhando, após o horário normal. Mas pior: não recebe hora extra de jeito nenhum.

Em resumo: este país é uma tremenda de uma bagunça. Não se respeita mais nada. Principalmente leis, normas, regulamentos e também o próximo.

E com a ajuda do tal de telefone celular, então, aí mesmo foi que o prato ficou cheio. Estou cansado de entrar em muitos lugares buscando um atendimento qualquer e o empregado está ali. Mas sequer me olha. Às vezes faço reparo. Mas quase sempre dou meia volta e busco outro local para ser atendido.

Não tenho nenhum temor de dizer que o povo brasileiro atual é muito mais atrasado do que o povo de quatro, cinco ou mais décadas atrás. Mas só quem viveu naqueles tempos tem a condição de tecer tais comparações.

Mas o negócio é continuar vivendo. Mas sabe de que modo? Aos trancos e barrancos, como se dizia naqueles bons tempos.

Terceiro Milenio
Enviado por Terceiro Milenio em 16/01/2020
Reeditado em 16/01/2020
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