Aqueles empurrõezinhos milagrosos!
Lembrei daqueles começos do meio para o fim da década de 60 (1960), eu comerciário no ramo de Auto Peças, estudante a noite e aquela energia dos 20 e poucos anos e vontade de ter negócios próprios. Aventava contabilidade, curso que fazia, me via até comprando maquinas, me vi montando, barzinho e ora outras ideias e eis que surge uma oportunidade no ramo que trabalhava, ou seja Auto Peças, através de um fundão de estoque de carros antigos, que naquela região estava já quase superados. Fui trocar umas ideias com um amigo, funcionário chefe de peças da Chevrolet, já velho e conhecedor profundo do ramo o Manoel de Almeida Rolo, que me incentivou. “Compra isso rápido e vai para Frutal”. La ainda tem muitos destes carros rodando. Não demore!!! Conversei com o patrão da época o Sr. David Pereira e ele disse “ pode comprar e vai e se precisar eu abano”. Convencionou-me arranjar um sócio, o qual o Sr. Atílio Zamarioly, residencia do qual eu já morava de inquilino, ou melhor uma espécie de pensionato desde 1962, já que ele era amigo de minha família e além de paraninfo de casamento de meus pais.
Ao fechar a negociação o negociante que era de outro ramo, antigo secos e molhados, exigiu mais um abandonar, e então o futuro sócio Sr. Atílio já proporá assinar. Eu juntei Fundo de Garantia e mais alguns trocados o Sr. Atílio, injetou mais um pouco de verbas, eis que a tangerina foi começada a tirar as cascas...
Muita água passou debaixo da ponte por esses 52 anos. O meu trabalho foi intenso, dia noite, viagens para buscar mercadorias, casamento, filhos. Nos primeiros 5 anos a sociedade foi desfeita, foi pago o que cabia ao sócio, e o barco continuou, com esforços extraordinários. Continuei solo, meus irmãos em número de 5, vieram, trabalharam junto até terem seus próprios negócios, tivemos 5 empresas na mesma área veicular. Hoje enxugamos um pouco e vamos Caminhando, Caminhando, Caminhando.
A seguir destaco um trecho de texto correlato, extraído do LIVRO. Oba Problemas de Roberto Shinyashiki , como segue:
“Quando eu era criança e pegava uma tangerina para descascar, corria para meu pai e pedia: “Pai, começa o começo! ”. O que eu queria era que ele fizesse o primeiro rasgo na casca, o mais difícil e resistente para as minhas pequenas mãos. Depois, eu mesmo tirava o restante da casca a partir daquele primeiro rasgo providencial que ele havia feito.
Meu pai faleceu há muito tempo, mas, mesmo assim, ainda sinto como é importante ter alguém ao meu lado para, pelo menos, “começar o começo” de tantas cascas duras que encontro pelo caminho.
Hoje, minhas “tangerinas” são outras. Preciso “descascar” as dificuldades do trabalho, os obstáculos dos relacionamentos com amigos, os problemas no núcleo familiar, o esforço diário que é a construção do casamento, os retoques e as pinceladas de sabedoria na imensa arte de viabilizar filhos realizados e felizes ou, então, o enfrentamento sempre tão difícil de doenças, perdas, traumas, separações, mortes, dificuldades financeiras e, até mesmo, as dúvidas e os conflitos que nos afligem diante de decisões e desafios.
Lembro-me, então, que a segurança de ser atendido pelo papai quando lhe pedia para “começar o começo” era o que me dava a certeza de que conseguiria chegar até o último pedacinho da casca e saborear a fruta.
Hoje, depois de tantas frutas que também já descasquei, inclusive muitos abacaxis, já posso “começar o começo” para muitas outras pessoas que estão aprendendo a resolver problemas.
E sei que você tem o coração grande para “começar o começo” para muita gente que ainda vai cruzar sua vida.”