ENGANAM-SE PORQUE QUEREM E GOSTAM DE SER ENGANADOS!

Prólogo

Sei que este texto não será lido com bons olhos pelos comerciantes, banqueiros, agiotas, clientes compradores compulsivos e afins. Mesmo assim arrisco-me a escrever: Salvo outro juízo, a “Black Friday” é um engodo da mídia corporativa, baseia-se no dia de compras feliz porque há uma propaganda muito forte afirmando que “tudo está barato”. Será?

“Black Friday” (em português, sexta-feira negra) é o dia que inaugura a temporada de compras natalícias com significativas promoções em muitas lojas retalhistas e grandes armazéns. É um dia depois do Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, ou seja, celebra-se no dia seguinte à quarta quinta-feira do mês de novembro. Esta festividade começou nos Estados Unidos e com a ajuda das novas tecnologias e a promoção deste dia por parte das diversas empresas vem-se estendendo pelo resto dos países do mundo.

OBSERVAÇÃO OPORTUNA E PERTINENTE

O notável leitor Miguel Carqueija escreveu um comentário oportuno e pertinente, sobre este texto, (Vide abaixo) na forma que se segue:

"Wilson, tem um agravante. O nome refere-se ao tempo da escravidão nos EUA, era o dia em que faziam leilões de escravos, por isso sexta-feira negra! Por que a mídia evita falar nisso? (...)". – (SIC). Excelente! Obrigado nobre e desconhecido leitor amigo.

O SUCESSO GARANTIDO PELOS MAIS POBRES

Passada a euforia, na ânsia de manter a fraude ou engodo por mais tempo, alguns comerciantes menos inescrupulosos escrevem em seus “blogs” ou páginas eletrônicas algo semelhante a um agradecimento:

“Essa “Black Friday” foi um grande sucesso, foram dias incríveis com as melhores ofertas. Agradecemos a todos que participaram deste grande momento conosco. E continuamos trazendo ofertas para você.”. – É claro que se fossem menos velhacos e hipócritas deveriam arrematar esse pseudo-agradecimento enfatizando: "E ao longo do ano continuaremos a enganar você". Não. Eles não podem ser sinceros a esse ponto porque isso não faz parte da campanha comercial.

Infelizmente, como dizem os falantes do idioma inglês: “That’s bullshit!”. Até procurei, mas não vi o ASUS ROG Phone II 12GB / 512GB – nem tampouco o ASUS ZenFone 6 12GB / 512GB – edição especial 30 anos serem anunciados na “Black Friday” com preços reduzidos (promocionais).

Não poderiam! O povão (trabalhadores e respeitosas pessoas mais simples) está mais interessado em celulares e laptops com preços mais em conta, mesmo que estejam defasados em suas configurações (software e hardware) e, por essa razão, estavam encalhados! TV, som, geladeiras, ventiladores, colchões, fogões, outros utensílios de cozinha e assemelhados... Quase tudo de qualidade duvidosa!

NATAL E ANO NOVO DOS GOLPISTAS

"Black Friday" é o Natal e Ano Novo dos golpistas. Esse engodo é incentivado pelo 13° salário, liberação do FGTS, penúltimo lote da devolução do imposto de renda e mais ainda pelo uso insano e compulsivo dos cartões de crédito e limite do cheque especial.

ATENÇÃO! As regras ou normas para uso do cheque especial estão mudando por determinação do Banco Central do Brasil – BACEN e breve farei um texto sobre isso.

Dados de empresas brasileiras de segurança cibernética apontam que a supracitada data é a campeã em fraudes. Claro que nós advogados também ganhamos um trocado para a compra do panetone e outras guloseimas (acepipes, petiscos, doces e salgados da época), cobrando preços justos e de acordo com a tabela de honorários da OAB, representando clientes insatisfeitos e/ou lesados.

Vendem-se bugigangas e quinquilharias, eletroeletrônicos e eletrodomésticos, principalmente, encalhados para todos os gostos e desgostos. Em nenhum outro dia do ano há tantas ocorrências de consumidores enganados. As pessoas que acreditam em Papai Noel economizam seus minguados salários, frutos de seus trabalhos, às vezes, insalubres, compram tudo que podem e não poderiam pela metade do dobro do preço.

CONCLUSÃO

O nome “Black Friday” (em português, sexta-feira negra) é deveras apropriado! É nessa fatídica data que os mais simples compradores compulsivos enfiam o “pé na jaca” para permanecerem o resto do ano na nigérrima escuridão. Nos meses de janeiro e fevereiro do ano seguinte esses consumidores lesados, à boa-fé, caem nas garras dos agiotas para saldarem parte dos compromissos salgados ou insossos assumidos.

A duras penas alguns conseguirão, mas infelizmente outros se afundarão mais ainda no lamaçal das dívidas esmagados pela “bola de neve” dos juros escorchantes. Nas garras dos agiotas (banqueiros) legais pela conivência das leis ou ilegais, todos praticantes da reprovável usura, mais uma vez serão enganados, mas desta vez talvez valha a pena porque os festejos momescos têm data certa para iniciar um novo ciclo de espúrias alegrias e felicidades comprovadamente danosas ao longo do tempo.

Assim caminha a maior parte dos brasileiros, com salários menores do que R$ 5.000,00 (cinco mil reais) por mês que se deixa manipular pela força da cupidez. Eles SE ENGANAM PORQUE QUEREM E GOSTAM DE SER ENGANADOS!